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Indivíduos com comportamento de acumulação e a saúde única

Um desafio multissetorial e uma abordagem multidisciplinar

A situação de acumulação pode criar ambientes favoráveis à multiplicação de vetores de doenças e animais sinantrópicos. Créditos: Fernando Gonsales A situação de acumulação pode criar ambientes favoráveis à multiplicação de vetores de doenças e animais sinantrópicos. Créditos: Fernando Gonsales

Introdução

Desde 2013, o transtorno de acumulação de objetos e/ou animais está classificado no DSM-5 – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 5. ed. (Porto Alegre: Artmed, 2014), apresentando uma prevalência de aproximadamente 2% da população mundial 1,2. Conforme a definição do DSM-5, esse transtorno se caracteriza por dificuldade e sofrimento em descartar itens prescindíveis ou para os quais não há espaço e condições domésticas disponíveis – que podem inclusive consistir em animais –, afetando o funcionamento global da vida dos indivíduos 1,3.

Acredita-se que fatores individuais, como genéticos, neurocognitivos, de personalidade e eventos traumáticos, podem estar associados ao desenvolvimento do transtorno de acumulação, bem como fatores demográficos como sexo, idade e condições socioeconômicas 4. Nesse contexto, os indivíduos com transtorno de acumulação podem perder o apoio e o vínculo dos familiares 1, intensificando o comportamento antissocial e, consequentemente, o isolamento, o que aumenta o apego aos objetos e animais envolvidos. Portanto, qualquer ação referente à retirada desses objetos e/ou animais da tutela desse indivíduo pode causar grande desconforto emocional 5.

Assim, a correta identificação de indivíduos com comportamento de acumulação, com ou sem o diagnóstico clínico definitivo de transtorno de acumulação, deve propiciar o conhecimento e o atendimento às necessidades imediatas daqueles indivíduos, dos possíveis animais envolvidos e do ambiente em que vivem, buscando estabelecer o vínculo para acompanhamento e tratamento a longo prazo 6. Devido ao prejuízo social, sanitário e ambiental, a acumulação compulsiva de objetos e/ou animais representa um desafio multissetorial, pois é necessário que a abordagem compreenda todos os aspectos da Saúde Única. Este artigo visa chamar novamente a atenção para essa questão que há muito vem sendo abordada na medicina veterinária do coletivo 7,8.

 

Indivíduos com comportamento de acumulação e a abordagem em saúde única

Casos de acumulação compulsiva podem colocar em risco os três pilares indissociáveis da Saúde Única: humana (saúde do indivíduo com comportamento de acumulação), animal (dos animais envolvidos direta ou indiretamente) e ambiental (do ambiente doméstico e da comunidade) 6 (Figura 1).

 

Saúde humana (do indivíduo com comportamento de acumulação) – Doenças crônicas, como hipertensão e obesidade 9; – transtornos mentais, como depressão e ansiedade 10; – transtornos de uso de álcool e tabaco 10; – zoonoses: status imunológico versus condições higiênico-sanitárias 11 – queimaduras, traumas e morte devido ao risco de incêndios e desabamento 12; – abandono familiar e isolamento social 1,5.
Saúde dos animais – Situação favorável à circulação de patógenos e ectoparasitas 11,12,15; – bem-estar dos animais comprometidos 11,12,15.
Saúde ambiental – Acúmulo de matéria orgânica e proliferação de fauna sinantrópica 2,15; – poluição sonora e visual 15.
Figura 1 – Casos de acumulação compulsiva podem colocar em risco os três pilares indissociáveis da saúde única

 

Quanto à saúde humana, indivíduos com comportamento de acumulação podem apresentar com maior frequência doenças crônicas como artrite, hipertensão, obesidade e moléstias autoimunes, quando comparados aos familiares 9. Ainda segundo esse estudo, os idosos com comportamento de acumulação parecem ser menos assistidos, pois procuraram com menor frequência os serviços de saúde 9. Os indivíduos com comportamento de acumulação podem estar mais predispostos a outros transtornos mentais como depressão e ansiedade 1, além do uso de álcool e tabaco 10. Além disso, há o risco de zoonoses, devido ao seu status imunológico e a condições higiênico-sanitárias 11. Podem ocorrer incêndios e desabamento pelo acúmulo de objetos e a obstrução de saídas, com risco de queimaduras, traumas e morte 12. Além disso, o abandono familiar e o isolamento social são frequentes entre esses indivíduos 6.

Quanto à saúde animal, os animais de indivíduos com comportamento de acumulação não recebem cuidados nutricionais, sanitários e veterinários mínimos, situação favorável à circulação e proliferação de patógenos e ectoparasitas e ao comprometimento de seu bem-estar geral 11. Podem apresentar inúmeras doenças e condições clínicas como infecções do trato respiratório, doenças gastrintestinais, infectocontagiosas e crônicas, diarreia, verminoses, ectoparasitas e desnutrição, entre outras 3, além de não desfrutarem de espaço suficiente para desempenhar o comportamento natural da espécie 13, o que pode levar ao estresse crônico e prejudicar consideravelmente sua qualidade de vida. Tendo tudo isso em vista, atualmente se classificam essas situações como maus-tratos aos animais 14.

A saúde ambiental pode ser comprometida pelo acúmulo de objetos, matéria orgânica e superlotação de animais, condições favoráveis à proliferação de fauna sinantrópica, além da poluição sonora de latidos contínuos 15. No caso de um grande número de gatos, esses animais, mesmo quando domesticados, tendem a expressar seus comportamentos naturais, percorrendo a vizinhança e afastando-se até três quilômetros de sua residência em uma única noite 16; e, por serem exímios caçadores, devastam a fauna da região, como pássaros, lagartos, anfíbios e pequenos mamíferos que compõem a fauna nativa 17, além de serem hospedeiros de inúmeras zoonoses.

 

O contato íntimo e as zoonoses

O cenário atual da pandemia pelo vírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), a Covid-19, cujos estudos apontam ter-se iniciado como uma zoonose 18, e os dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) – que apontam que 60% das doenças infecciosas conhecidas atualmente têm um caráter zoonótico, e mais de 75% das doenças emergentes têm origem em animais – alertam que o contato próximo com animais pode gerar nos patógenos o conceito de spillover – quando um patógeno que somente acometia uma espécie se adapta por meio de mutações e passa a causar doença em outras espécies 19. Nesse contexto, o cenário de acumulação de animais se torna um ambiente totalmente propício para que aconteça o spillover de algum patógeno pelas seguintes razões: a condição de estresse prolongado a que estão sujeitos os animais e os indivíduos com comportamento de acumulação; o déficit alimentar que geralmente enfrentam por falta de recursos financeiros; e o contato íntimo que esses indivíduos têm com seus animais; a soma dessas três circunstâncias acaba por diminuir a capacidade do sistema imune de lidar com os possíveis patógenos 20, podendo levar à ocorrência de mutações que permitem que eles causem doenças e infectem várias espécies. Apesar dos riscos a que estão sujeitos os indivíduos e do grande número de animais envolvidos, alguns estudos realizados no município de Curitiba, PR, demonstraram que a frequência de anticorpos para leptospirose e toxoplasmose nos indivíduos com comportamento de acumulação e em seus animais é menor que a de anticorpos na população geral 21,22.

 

O médico-veterinário e os indivíduos com comportamento de acumulação

Muitas vezes o médico-veterinário assume a frente no trabalho com os indivíduos com comportamento de acumulação, pois sua grade de formação inclui disciplinas que abordam os conceitos de Saúde Única 23. O médico-veterinário pode conseguir estabelecer um vínculo de confiança com essas pessoas e reduzir os riscos da situação, visando o manejo da população de cães e gatos envolvida e o seu bem-estar. A esterilização dos animais é uma das principais estratégias no manejo dessa população, evitando que ela aumente e algumas vezes propiciando a adoção de alguns membros 24. Porém, ainda é necessária uma abordagem que contemple a condição psicossocial do indivíduo e as precárias condições ambientais, o que requer o auxílio de outros profissionais, como assistentes sociais, médicos e psicólogos. A abordagem de um caso de indivíduo com comportamento de acumulação é mais eficaz quando ocorre de forma multidisciplinar e a pessoa é assistida pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf) 25,26.

A acumulação tem caráter crônico, sendo necessários anos para a situação chegar ao ponto de causar desconforto à vizinhança que aciona o poder público (Figura 2); quando isso acontece, a população exige que o problema seja resolvido rapidamente. Porém, quando a retirada de objetos e animais é abrupta e isolada, na maioria ou mesmo na totalidade dos casos ocorre recidiva 27, e em pouco tempo o problema retorna ao mesmo cenário, quando não piora, necessitando de acompanhamento durante anos para resolver ou minimizar a situação.

 

Figura 2 – A poluição sonora e o odor desagradável podem causar desconforto à sociedade, a ponto de ela procurar o poder público. Créditos: Fernando Gonsales

 

Considerações finais

Cada indivíduo que sofre do transtorno de acumulação tem um perfil específico e requer uma estratégia especializada e individualizada, o que dificulta a padronização de ações por meio do poder público, visto que apenas a aplicação de multas muitas vezes não é suficiente para resolver a questão. Por isso, é necessária uma equipe multidisciplinar composta por vários setores do poder público, como, por exemplo, bombeiros, médicos-veterinários, assistentes sociais, enfermeiros, médicos, agentes comunitários de saúde, agentes de combate a endemias, fiscais sanitários e fiscais do meio ambiente; a soma dessas diversas áreas de conhecimento contribuirá para a formulação de um plano de ação que aborde a situação do indivíduo com comportamento de acumulação e dê continuidade à assistência, a fim de reduzir os riscos e evitar que ele volte a acumular. Com isso, será possível englobar toda a tríade da Saúde Única e fazer um trabalho que atenda tanto ao indivíduo como aos animais, ao meio ambiente e à comunidade.

 

Referências

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