À primeira vista, propósito de vida, sentimentos e comunicação parecem palavras desconectadas entre si – e, no entanto, são realidades intimamente interligadas.
Para facilitar nossa compreensão e percepção disso, basta lembrar que quando estamos irritados, nervosos, preocupados, ansiosos ou depressivos, nossa comunicação fica mais ríspida, agressiva, violenta e triste. Já quando estamos imersos em alegria, satisfação, sorrisos e felicidade, as palavras que fluem são amorosas, carinhosas, doces e leves.
Isso mostra bem que as palavras usadas na comunicação estão muito ligadas ao nosso estado emocional. Por isso, quando nossa relação com as pessoas abre espaço para a compaixão e o amor altruísta, a comunicação se torna mais harmoniosa e não violenta.
A compaixão e o amor altruísta são mecanismos que nos fazem abrir mão dos julgamentos que produzimos quase sem pensar, seja de modo consciente ou inconsciente, e que expressamos geralmente por meio de críticas, comparações, atribuindo culpas, insultando, rotulando e formulando racionalizações.
Sabemos que é praticamente impossível ter sentimentos elevados e positivos de compaixão e amor altruísta em todas as situações da vida, mas será que é possível pelo menos fazer que tais sentimentos predominem? Será possível dar-lhes um lugar privilegiado?
É aqui que intervém a conexão com o “propósito de vida”, ou seja, com um propósito que dê sentido à nossa vida e esteja presente em tudo o que fazemos, principalmente com relação ao trabalho – uma das atividades às quais dedicamos mais tempo na vida. Portanto, é fundamental refletir e tomar consciência das razões que nos levam a fazer nosso trabalho, e esclarecer para nós mesmos o que estamos procurando por meio dessa nossa atividade. A resposta a essas reflexões nos fará refletir também sobre a nossa existência aqui neste mundo físico.
É essencial encontrar maneiras de atuar que estejam vinculadas a um propósito de vida e sejam determinadas por ele. Assim, tendo clareza a respeito de nosso propósito de vida e firmeza para seguir pelos caminhos que ele propõe, poderemos, por meio do nosso trabalho, promover uma transformação positiva nas pessoas, na natureza, nos animais, enfim, em toda a vida.
É possível fazer com que a nossa ambição (profunda, em nosso íntimo) se transforme em algo muito nobre. Essa nobreza então se traduzirá em sentimentos de compaixão e amor altruísta, em desejar fazer o bem às pessoas e à natureza – enfim, em respeitar todas as formas de vida. Isso se manifestará também numa comunicação harmoniosa, amável, alegre e carinhosa, em todas as ações do nosso dia a dia.
É muito importante refletir profundamente a respeito dessa possibilidade que temos todos nós de nutrir ambições nobres no nosso íntimo. As ambições menos nobres, aquelas que nos conectam a propósitos egoístas e materialistas, acabam sempre gerando sentimentos negativos, como a tendência a fazer julgamentos precipitados, às vezes tendenciosos ou preconceituosos, ou críticas impensadas, e com isso a comunicação vai ficando mais agressiva e violenta, principalmente porque se afasta dos preceitos de um propósito de vida conectado com nossa verdade profunda.
Precisamos sempre prestar atenção à nossa comunicação e lembrar que ela é a materialização do nosso sentimento, por sua vez intimamente conectado ao nosso propósito de vida e à nossa ambição. Definindo melhor esse propósito e cultivando-o em todas as nossas ações, nossos sentimentos e nossa comunicação ganharão uma qualidade muito mais positiva e luminosa.
