A gestão de negócios cada vez mais precisa considerar não apenas a gestão de processos, mas também a de pessoas. Como vimos na edição passada, os seres humanos é que têm a força da mudança, e suas forças vibracionais emocionais têm impacto decisivo no sucesso ou no insucesso de qualquer empreendimento.

Recentemente tivemos a oportunidade de realizar uma discussão muito interessante no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP). Com 15 professores doutores do Departamento de Engenharia desse instituto, fizemos uma comparação entre o tipo de formação que seus alunos recebem e os desejos e expectativas atuais dos gestores e empreendedores que buscam profissionais para as suas empresas.

Uma primeira constatação é que os professores-educadores promovem a formação de profissionais colocando ênfase na formação técnica dos seus alunos, ou seja, buscando formar engenheiros tecnicamente brilhantes.

Já no contexto dos gestores e empreendedores, a busca de profissionais parte também do foco no requisito técnico, mas leva em alta conta qualificações nos aspectos comportamental e espiritual. No aspecto comportamental, são valorizadas qualidades como liderança, comunicação, relacionamento, humildade, disciplina, determinação, perseverança, organização, etc. No aspecto espiritual, têm cada vez maior peso virtudes como força interior, propósito de vida, postura ética, inspirações, criatividade, otimismo e interesse por atividades ambientais, sociais e humanitárias.

Assim, não admira que o mais habitual é vermos gestores e empreendedores contratando profissionais com base na excelência técnica, mas depois de algum tempo demitindo-os quase sempre por insuficiências nos aspectos comportamentais e espirituais, principalmente quando essas insuficiências geram rupturas na harmonia e abrem campo para práticas baseadas em posturas éticas questionáveis.

Gestão e educação

Numa primeira reflexão, vemos a necessidade de promover uma formação que equilibre melhor a excelência técnica com os aspectos comportamentais e espirituais. Nesse sentido, a contribuição mais urgente para uma boa formação dos profissionais – tanto por parte das instituições de ensino quanto dos gestores e empreendedores – é o compromisso de cuidar também da formação comportamental e espiritual, nos mesmos moldes de importância atribuídos à formação técnica.

Em termos práticos, gestores e empreendedores, no dia a dia de suas inúmeras atividades profissionais, devem estar sempre atentos ao compromisso de ampliar o foco e levar em conta esses aspectos comportamentais e espirituais na realização das tarefas, visando aprimorar a formação de seus profissionais. Gerir e educar: com isso, certamente teremos profissionais mais bem preparados e que entreguem seus trabalhos com resultados de nível mais elevado.

Essa é também uma oportunidade de abrir caminho para a inovação. Sabemos como a mudança de nossos padrões estabelecidos exige esforço e persistência, e que, para agir de forma diferente e começar a disseminar esses valores e requisitos comportamentais e espirituais, é fundamental que o próprio gestor e empreendedor seja de fato uma referência de conduta. A mudança começa internamente, ou seja, o primeiro passo é dispor-se a abandonar o apego ao que já sabemos e correr o risco de inovar em nossa maneira de fazer e interpretar as coisas.

Paralelamente a isso, as instituições educacionais podem fomentar os requisitos técnicos, comportamentais e espirituais dos seus alunos por meio de uma estratégia em que todos esses aspectos se articulem e mostrar que essa interconexão corresponde às atuais necessidades e exigências do mercado de trabalho.

Com olhos em um ano de 2023 de muitas realizações, quero expressar aqui minha gratidão a todos os leitores pelo ano de 2022.

A todos um excelente 2023.

Muito obrigado.