Proteção Animal Mundial – mobilizando o mundo há 50 anos para proteger os animais
Organização não governamental trabalha há mais de 50 anos em prol do bem-estar animal
Introdução
Criada em Londres, em 1981, a Proteção Animal Mundial nasceu como World Society for the Protection of Animals (WSPA), a partir da fusão de duas organizações internacionais de proteção animal: a Federação Mundial de Proteção Animal (World Federation for the Protection of Animals – WFPA), criada em Scheveningen (Haia, Holanda), em 1950, durante o Congresso Mundial de Proteção Animal (International Animal Protection Congress), e a Sociedade Internacional de Proteção Animal (International Society for the Protection of Animals – Ispa), fundada em 1959, em Washington, DC, Estados Unidos.
Apesar de ter tido vários nomes, a Proteção Animal Mundial sempre teve um só objetivo: acabar com a crueldade contra os animais e garantir seu bem-estar.
Presente em mais de 50 países, a atuação global da organização começou com a Operação Gwanba, em 1964, quando uma equipe ajudou a salvar mais de 10 mil animais atingidos por inundações no Suriname. Hoje, a organização possui escritórios em 14 países e projetos com diferentes espécies animais e em variadas situações.
No Brasil, a Proteção Animal Mundial começou a atuar em 1989 – ainda como WSPA –, apoiando organizações de Santa Catarina na luta contra a farra do boi. Com a crescente demanda de uma organização que olhasse com atenção para a causa animal, não demorou muito para o primeiro escritório brasileiro ser aberto. Em 1991, graças à colaboração de algumas ONGs brasileiras parceiras, a sede foi aberta em um pequeno espaço em São Paulo, mudando-se em seguida para o Rio de Janeiro, onde ficou até 2014.
Logo no início de sua atuação no país, a organização teve uma papel destacado em um emblemático resgate. Em 1993, a equipe da Proteção Animal Mundial, por meio de uma ação civil pública, conseguiu a soltura do golfinho Flipper, o último golfinho marinho que vivia em cativeiro no país. Graças aos esforços coletivos de vários setores, e em especial da Associação dos Amigos do Golfinho Flipper, o animal foi transferido de Santos – onde ficava exposto no Aquário Municipal – para a cidade de Laguna, em Santa Catarina, mesmo local em que ele havia sido capturado vários anos antes. O norte-americano Ric O’Barry (ex-treinador de golfinhos que mudou sua trajetória e passou a readaptar cetáceos cativos à liberdade) foi contratado pela organização para fazer a reabilitação do animal, que foi transportado em um tanque, e sua posterior reinserção na natureza. Toda a ação contou com o apoio logístico da Associação Catarinense de Proteção aos Animais – Acapra.
A organização também foi pioneira na preocupação com o manejo humanitário da população de cães e gatos nas cidades. Com esse objetivo, a entidade organizou a 1a Conferência Internacional Pet Respect, em 1995, trazendo pela primeira vez ao nosso país conceitos hoje já consagrados, como, por exemplo, castração em massa para controlar a população de cães e gatos de forma efetiva, educação em guarda responsável, registro e identificação de animais, vacinação maciça de animais contra a raiva e outras políticas. Anos antes, em 1990, a ONG também ajudou a produzir o “1º Guia internacional de manejo de populações caninas”, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) – guia esse que norteia até hoje as ações governamentais e as legislações acerca do tema, definindo os programas de esterilização e a educação em guarda responsável como únicas medidas efetivas para controlar as populações de forma humanitária e sustentável.
A organização trabalhou ainda em uma campanha contra as touradas, mobilizando cerca de 50 cidades da França e da Espanha em torno da proibição dessa prática cruel. A primeira vitória importante veio após muitos anos de luta, na região da Catalunha, em 2010, graças aos esforços de organizações que trabalharam em uma coalização composta por mais de 10 ONGs.
Já nos anos 1990, a campanha intitulada “Liberdade” ajudou a liberar ursos que eram explorados como dançarinos na Grécia, na Turquia e na maior parte da Índia. A organização continua, ainda hoje, exercendo grande pressão contra essas práticas por meio de incentivo a legislações que proíbem essa atividade.
Em 2010 foi lançada a campanha “Coleiras Vermelhas”, que mobilizava as pessoas para instruírem e pressionarem os governos locais, demonstrando que a forma mais efetiva e humanitária de controlar a raiva era por meio da vacinação em massa. Hoje, a organização continua trabalhando em países como China, Quênia e Serra Leoa, ajudando esses países a implementar programas gratuitos de vacinação e manejo de cães e a abdicar da prática de matar animais para o controle da doença.
Há décadas a organização promove campanhas em prol de mudanças efetivas e duradouras, sempre baseadas em evidências e dados científicos. “Movemos organizações internacionais em torno da proteção animal há muitos anos. Como WSPA, atuamos junto à Comunidade Europeia desde os anos 1980, tendo adquirido status consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1981 e também, já nos anos 1990, com representação na Comissão Europeia. Somos hoje a única organização dedicada ao bem-estar com interlocução junto à ONU”, frisa Rosangela Gebara, gerente de programas veterinários da Proteção Animal Mundial.
Atualmente, a organização age em diversas frentes:
• Animais em Comunidade – que trabalha levando soluções humanitárias aos municípios para lidarem com a crescente população de cães e gatos e a educação em guarda responsável aos tutores;
• Animais em Situação de Desastre – que trabalha com governos para que animais de estimação e de fazenda sejam incluídos nos planos de contingência de desastres e dá suporte e treinamento a brigadas de resgate para o melhor manejo de animais em situações de risco;
• Vida Silvestre – que trabalha pelo fim da indústria exploratória de turismo com animais silvestres e contra o seu tráfico e manutenção como animais de estimação; e
• Animais de Fazenda – que prega práticas que apresentem maiores índices de bem-estar para os animais de produção, como, por exemplo, frangos e porcos.
“Nosso trabalho em prol dos animais é constante e cada vez mais necessário. Apesar de sermos uma organização com atuação global há quase 50 anos, ainda há muito a fazer pelos animais. Governos, sociedade civil, grandes corporações, proprietários, fazendeiros e tutores ainda necessitam dar a atenção devida e colaborar de maneira efetiva e sustentável para que consigamos colocar os animais na agenda global, trazendo-lhes amparo, proteção e garantindo a saúde e o bem-estar de todos, para que assim possamos evoluir enquanto sociedade”. “Lembre-se, cada um pode fazer a sua parte na defesa dos animais, principalmente os médicos-veterinários que possuem o conhecimento sobre a ciência do bem-estar animal e estão em contato direto com os animais e seus tutores. Eduque, conscientize as pessoas para cuidarem melhor de seus animais, para denunciarem maus-tratos e para serem multiplicadores do seu conhecimento” finaliza Rosangela Gebara.
Quem quiser ajudar a Proteção Animal Mundial e trabalhar como voluntário em alguma das ações deve escrever um mail para [email protected]; além de ler os relatórios da ONG, ficar por dentro das campanhas, seguir as redes sociais: Instagram (@protecaoanimalmundial) e Facebook (Proteção Animal Mundial) e acessar o site www.worldanimalprotection.org.br.