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Bem-estar animal

Efeitos da extrapolação do manejo de cães e gatos no bem-estar dos coelhos domésticos

A importância de conhecer as particularidades da espécie e suas enfermidades

Matéria escrita por:

Isabelle Tancioni

11 de jun de 2022

Coelhos europeus selvagens. Créditos: Paul Maguire Coelhos europeus selvagens. Créditos: Paul Maguire

A popularidade dos coelhos domésticos como animais de companhia está aumentando gradativamente; eles são o terceiro mamífero mais comum nos Estados Unidos e no Reino Unido – aproximadamente 6,2 milhões e 1 milhão de coelhos, respectivamente 1,2. Já no Brasil, estima-se que quase meio milhão de coelhos convivam com seres humanos com o status de animais de companhia 3.

Em todos esses países, os coelhos são categorizados incorretamente como animais fáceis de cuidar e manter, descartáveis, ideais para crianças e principiantes. De modo geral, os tutores se surpreendem ao ter conhecimento das necessidades dos coelhos, associadas aos pilares do bem-estar desses animais 4-7. Parte desse equívoco tem por base a utilização dos parâmetros do bem-estar provenientes da produção comercial de coelhos. Nesse contexto, os coelhos adultos criados como matrizes são alojados isolados, mantidos em gaiolas suspensas de dimensões pequenas e com pisos engradados. Além disso, recebem dietas ricas em proteínas e carboidratos para exibirem rápido ganho de peso 8,9. Esses manejos são extremamente simplificados e, como mencionado anteriormente em outros artigos publicados nesta revista, não devem ser extrapolados quando o objetivo é a qualidade de vida e a longevidade dos coelhos 5. Consequentemente, os manejos de um coelho de estimação demandam mais recursos do que inicialmente se preconiza 8.

O fato de os coelhos serem considerados animais de produção faz com que esses animais sejam colocados em um patamar bem mais baixo que o de cães e gatos 1,10. Muitas pessoas tendem a transferir alguns manejos usados em cães e gatos para os coelhos. Com isso, muitos coelhos são criados com base nos cuidados desses animais de companhia, que são bem mais conhecidos. Não é surpresa que esse tipo de extrapolação também seja empregado por médicos-veterinários. Porém, coelhos não são “cães que marcham saltando” ou “gatos herbívoros”. Os coelhos necessitam de cuidados específicos e de uma medicina especializada, que atendam a todas as peculiaridades desses animais.

O intuito deste artigo é destacar os efeitos danosos de aplicar aos coelhos os manejos associados a cães e gatos e, tendo isso em mente, promover um manejo amigável e coerente com os pilares do bem-estar dos coelhos domésticos.

 

Peculiaridades do bem-estar dos coelhos domésticos

Os cinco pilares essenciais para o bem-estar dos coelhos estão relacionados às necessidades de: 1- prover um ambiente apropriado; 2- oferecer uma dieta adequada; 3- poder exibir padrões de comportamentos normais; 4- estar alojados com animais da mesma espécie e protegidos de outras espécies de animais; e 5- estar protegidos de dor, sofrimento, injúrias e doenças 11,12. Esta autora propõe que os médicos-veterinários sigam as recomendações da Rabbit Welfare Association & Fund (Rwaf – Associação e Fundo do Bem-Estar do Coelho, em tradução livre), uma vez que muitos dos avanços associados à promoção do bem-estar dos coelhos domésticos são resultados da atuação dessa associação 13.

 

Ambiente

A área destinada ao coelho deve conter todos os itens necessários para que ele possa exibir todos os seus comportamentos normais, além de também ser segura para o animal. O coelho necessita de áreas para se exercitar, como saltar e correr, pastar, cavar, esconderse, investigar o ambiente através de plataformas, descansar e esticar-se, e também de um local destinado às fezes e urina. O ambiente deve prover proteção contra chuva, inundação, sol e predadores como cães, gatos, aves de rapina e outros animais. Nesse espaço, é ainda importante revestir cabos elétricos, reconhecer plantas tóxicas e tirá-las do alcance do animal 9,14.

De acordo com as recomendações da Rwaf, as dimensões mínimas do recinto destinado aos coelhos são 3m de comprimento, 2m de largura e 1m de altura 15. Os coelhos devem habitar áreas bem ventiladas, e seus recintos podem conter divisórias feitas de engradados. Os espaços entre grades devem ser pequenos para impedir que os coelhos fiquem presos entre essas estruturas 16. Já os materiais que promovem uma barreira sólida, como vidro, não são recomendados 17.

É crucial o uso de materiais antiderrapantes no ambiente, que possam permitir que o coelho se mova com confiança e não deslize 18. Outro fator importante é manter a temperatura entre 18 a 24 °C, uma vez que sinais de estresse térmico são observados em ambientes com temperaturas acima de 27°C 12,19.

 

Dieta rica em gramíneas

Os coelhos são mais precisamente classificados como graminívoros, pois dependem da ingestão de plantas da família das gramíneas, que fornecem alto teor de fibras e pouca energia 20,21. Além de conter fibras, são muito palatáveis e têm uma grande quantidade de sílica, que é importante na manutenção do desgaste dos dentes 8,9,22. Essas plantas forrageiras podem ser fornecidas na sua forma desidratada, conhecida como feno, que é mais conveniente para a maioria dos tutores 8.

A Rwaf aconselha que a composição da dieta adequada a um coelho consiste em 85% de grama ou feno, 10% de verduras verdes, 5% de ração e água à vontade 23,24.

 

Comportamentos normais

Tanto o espaço quanto os itens contidos no ambiente que o coelho habita devem permitir que o animal exiba seus comportamentos normais, que incluem: saltar, correr, cavar, alongar o corpo tanto ao chão quanto na orientação vertical sob as patas traseiras, esconder-se, explorar, brincar e pastar 4,25,26. Pelo fato de os coelhos serem presas, é importante oferecer lugares onde eles possam fugir e se esconder, caso contrário eles se estressam 8. Além disso, os coelhos necessitam de companhia da mesma espécie para exibirem todos os seus comportamentos normais 22,27.

 

Companhia da mesma espécie

Os coelhos são animais gregários e sociais 5,25,26. Há vários benefícios em manter um coelho na companhia de outro. Os que convivem com outros coelhos conseguem manter a temperatura corporal mais elevada, apresentam uma redução de comportamentos estereotipados e recuperam-se mais rapidamente de doenças e de eventos estressantes 28,29. Os coelhos necessitam da companhia de seus semelhantes pois estimulam-se mutuamente em diversas atividades e situações 22.

Explorar o ambiente e comer em companhia de outro coelho resulta em constante estímulo visual relacionado à comunicação, que se dá pela postura corporal, pelo estímulo de odores e por estímulos associados ao enriquecimento social (Figura 1) 22. As organizações do Reino Unido, como a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA – Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade contra Animais, em tradução livre), a Rwaf e a British Small Animal Veterinary Association (BSAVA – Associação Britânica de Pequenos animais, em tradução livre), recomendam que um coelho deve ser alojado na companhia de outro animal da mesma espécie, para garantir que todos as suas necessidades de bem-estar sejam supridas 27,30.

 

Figura 1 – Coelhos com vínculo estreito comendo folhas de verduras. Créditos: Isabelle Tancioni

 

Avaliação da saúde e a identificação da dor em coelhos

Por serem presas, os coelhos mascaram os sinais de dor 31. Muitos médicos-veterinários reconhecem que dispõem de pouca informação sobre o reconhecimento e o tratamento da dor em coelhos 32. Sabe-se que poucos pacientes são medicados com analgésicos após procedimentos cirúrgicos 33. Os médicos-veterinários que fornecem assistência aos coelhos devem estar familiarizados com as enfermidades e também ser capazes de identificar a dor e aliviá-la 5,22.

 

A intersecção dos pilares do bem-estar com os níveis de estresse para os coelhos

A redução da qualidade do bem-estar está associada a diversos fatores que contribuem para a diminuição da expectativa de vida dos coelhos, como habitação e dieta inadequadas, e também ao espectro de problemas relativos ao manejo e à socialização dos coelhos 34.

Além disso, quando as necessidades associadas ao bem-estar dos coelhos não são propriamente supridas, podem ter como consequência animais estressados. Sabe-se que o estresse em coelhos pode afetar vários sistemas e causar problemas gastrintestinais (estase intestinal, disbiose cecal e úlcera gástrica), alteração do fluxo sanguíneo renal, imunossupressão, quadros de hiperglicemia, lipidose hepática, cardiomiopatias e, em casos extremos, a morte do animal 19. Uma escala adaptada a partir de modelos das escalas produzidas pela iniciativa Fear Free® para cães, gatos e cavalos foi publicada na edição 155 desta revista 18.

Dessa forma, é crucial que os médicos-veterinários conheçam os cinco pilares do bem-estar dos coelhos e as circunstâncias que causam estresse e identifiquem seus sinais. Com isso, os profissionais podem avaliar cada situação e orientar os tutores a respeito do manejo apropriado para os coelhos domésticos. De modo geral, as causas de estresse em coelhos podem estar associadas à presença de dor e/ou de doença, além de ambiente não familiar, transporte, superlotação, manuseio inapropriado, proximidade de predadores, presença de coelhos incompatíveis ou ausência da companhia de outro coelho. Todos os fatores que afetam um ou mais pilares do bem-estar podem desencadear estresse nos coelhos 4,5,18,22,35.

Nos tópicos abaixo, relata-se a interferência dos manejos de cães e gatos e seus impactos negativos no bem-estar dos coelhos. As informações com mais detalhes sobre os pilares do bem-estar desses animais e como identificar e minimizar seu estresse estão disponíveis nas edições 154 e 155 desta revista 5,18.

 

Manejos de cães e gatos que são inadequados para os coelhos

Espaço vertical

Os gatos gostam de espaços verticais e se sentem seguros neles; já a anatomia dos coelhos não provê que eles subam com a mesma destreza em mobílias altas comercializadas para os gatos. As rampas com grades ainda podem fazer com que os coelhos fiquem presos, e por isso devem ser revestidas 16.

O sistema musculoesquelético se adaptou para que os coelhos sejam leves e ágeis. O esqueleto compõe de 7 a 8% do total do peso corporal, enquanto o esqueleto dos outros mamíferos corresponde de 12 a 14% 36. O corpo dos coelhos está adaptado para permanecer em lugares próximos ao nível do solo; então, um salto de uma mobília alta pode levar facilmente a fraturas de ossos. Os coelhos precisam de espaço horizontal para exibir seus comportamentos normais associados a correr, saltar, descansar e explorar, entre outros; por isso recomendam-se alojamentos com dimensões mínimas de 3m por 2m e 1m de altura 15,16.

 

Pisos lisos, fenestrados ou carpetes

Por não apresentarem coxins, os coelhos deslizam mais facilmente em pisos lisos, como laminados, madeira, cerâmica e porcelanatos, e assim esses materiais limitam o uso da área em que eles consigam exibir seus comportamentos normais 22,37,38. Os coelhos devem ser mantidos em superfícies que tenham função antiderrapante e também sejam macias 38. Recomendam-se materiais como toalhas, mantas, fleece, palha, feno, tapetes e tapetes emborrachados, uma vez que esses tipos de apoio evitam escorregões 9,18. Os materiais mais seguros são aqueles que contêm fibras naturais (Figura 2) 38. Alguns coelhos podem ingerir o material existente no piso, portanto, materiais que possam causar obstrução, como carpetes, entre outros, devem ser removidos do alcance deles. Ainda em relação aos carpetes, alguns coelhos podem apresentar pododermatite devido ao atrito e à consistência do material 38.

 

Figura 2 – Piso coberto com fleece à esquerda e com tapete entrelaçado de feno à direita (fibras naturais). Créditos: Isabelle Tancioni

 

Em relação aos pisos, é também importante salientar que os aramados ou fenestrados são desaconselhados, pois não permitem que o animal se locomova normalmente, predispõem ao desenvolvimento de pododermatites e aumentam também o risco de quebra das unhas 8,16,18,38.

Os coelhos que apresentam uma camada reduzida de pelo como proteção das regiões palmares e plantares, como coelhos do fenótipo rex, têm mais predisposição às pododermatites, tanto nas patas anteriores quanto nas posteriores 39.

 

Caixa sanitária dos gatos e tapetes higiênicos dos cães

Diferentemente dos gatos, que normalmente pulam da caixa sanitária logo após enterrar suas fezes e urina, os coelhos podem passar longos períodos de tempo na caixa para se alimentar e podem até se deitar em seu interior 40.

O conceito de caixa sanitária para gatos não deve ser transferido para os coelhos, uma vez que estes preferem comer o feno que está sobre o assoalho, já que é um comportamento normal e está associado ao ato de pastar 21,22. Para promover os comportamentos associados ao pastejo, o feno é colocado no interior da caixa, e esta autora denomina esse item como caixa de feno, em vez de caixa sanitária.

As caixas de feno – caixas de plástico similares às que são usadas como caixas de areia para gatos – podem também ser usadas para treinar o coelho a urinar e defecar nelas 9. Recomenda-se usar material absorvível, como papel picado ou granulado de pó de madeira como camada inferior e o feno na camada superior, para que o coelho possa comer 8,9.

Os coelhos são animais de pastejo baixo. A anatomia do coelho faz com que seu corpo fique mais próximo ao chão. É importante considerar que qualquer material pode ser ingerido pelo coelho, e, portanto, materiais tóxicos e não digeríveis não devem ficar ao seu alcance.

A caixa de feno é usada para o enriquecimento ambiental, já que estimula o animal a exibir comportamentos normais associados ao pastejo, e também pode servir de esconderijo e área de descanso (Figura 3). Assim sendo, não se enquadra como um item somente usado como caixa sanitária, já que pode ter várias funções. Os cães e gatos necessitam de áreas funcionais de descanso separadas das áreas funcionais destinadas à alimentação e à eliminação 41. Já os coelhos eliminam enquanto pastam; sendo assim, é importante que os médicos-veterinários ensinem aos tutores que esses são comportamentos normais do animal.

 

Figura 3 – Coelho pastando na caixa de feno. Créditos: Isabelle Tancioni

 

Como os coelhos evoluíram para pastar a maior parte de seu tempo ativo, a incapacidade de expressar esse comportamento resulta em maior tempo de inatividade e no redirecionamento para outros tipos de comportamento, como morder tapetes e consumir elementos situados na cama do recinto, devido ao aumento dos níveis de tédio e frustração 42-44. Essas alterações comportamentais podem incluir automutilação, lambedura excessiva da pelagem, mordedura de barras da gaiola e de outros objetos, movimento da cabeça para a frente e para trás, patadas na gaiola e andar em círculos 22.

Os materiais comercializados como as areias à base de sílica e de natureza aglomerante para gatos devem ser evitados, pois podem causar obstrução intestinal e problemas respiratórios 8,9,45. As areias à base de mandioca ou milho também não são recomendadas, pois contêm amido, que pode fermentar e levar a disbiose, além de ter papel aglutinante.

Os tapetes higiênicos não devem ser utilizados para coelhos, pois há o risco de serem ingeridos e provocarem obstrução intestinal, além de aumentarem as chances de comportamentos associados à frustração.

A serragem não deve ser utilizada, uma vez que libera compostos fenólicos que, quando aspirados, podem causar danos hepáticos ao animal. Aconselha-se limpar o recinto e a caixa de feno diariamente ou assim que seja necessário, para evitar acúmulo de resíduos e também eliminar odores que podem afetar a saúde do animal 8.

 

Dieta exclusiva à base de ração

Uma dieta mal balanceada pode ocasionar problemas gastrintestinais, dentários, urinários, obesidade e comportamentais 12.

As gramíneas são forrageiras e são a base da dieta dos coelhos. Essas plantas contêm um alto teor de fibras, são muito palatáveis e têm uma quantidade maior de sílica, que é importante na manutenção do desgaste dos dentes 8,9,22. Sabe-se que cada tipo de alimento induz movimentos mastigatórios distintos. A ração está associada aos movimentos mais verticais, ao passo que as gramíneas, aos movimentos horizontais 36.

As gramíneas não só são essenciais para prover uma dieta adequada e o desgaste apropriado dos dentes, mas também funcionam como ferramentas de enriquecimento ambiental, já que os coelhos interagem por mais tempo, reduzindo a expressão de comportamentos anormais 22,46. Os coelhos que se alimentam exclusivamente de ração comem mais rapidamente, resultando em uma diminuição do tempo gasto com alimentação para 8% 43.

No mercado existe uma variedade de rações para coelhos, porém poucas são apropriadas 8,9,22, pois foram desenvolvidas para coelhos destinados à produção animal, com o objetivo de promover rápido ganho de peso. Rações conhecidas como muesli não são recomendadas, pois contêm uma mistura de milho, aveia, trigo e flocos de ervilha, com alto teor de carboidratos e gorduras, e resultam em rápido ganho de peso e obesidade 8,22,47. A ingestão de muesli também está associada ao desenvolvimento de problemas dentários 48.

Os coelhos domésticos se alimentam de forma seletiva e têm preferência por alimentos mais ricos em energia 22. Isso é uma herança evolutiva dos seus ancestrais selvagens que garante que eles obtenham energia de forma rápida para sobreviver na natureza.

Recomenda-se de 15 a 25g/kg/dia de ração e apenas oferecer uma próxima refeição quando a quantidade da refeição anterior tiver sido totalmente consumida 49. Os médicos-veterinários da Rwaf recomendam que a ração deve ser usada apenas ocasionalmente e como petisco, e também para incentivar comportamentos desejáveis 22,50.

 

Suspender o animal do chão

O ato de suspender os coelhos do chão é extremamente estressante e deve ser feito somente quando necessário 22. De modo geral, os coelhos não se sentem confortáveis quando são pegos do chão e colocados no colo. Infelizmente, os sinais de estresse são mal interpretados pelos tutores, o que pode levar ao enfraquecimento do vínculo entre ser humano e animal 22.

Caso o animal seja suspenso do chão, a coluna e a parte traseira devem ser devidamente apoiadas para evitar traumas na coluna e em outros ossos 18,51. Em nenhuma circunstância os coelhos devem ser elevados pelas orelhas ou pela pele ao redor da região cervical dorsal, método conhecido como scruffing, em inglês 52.

Quando um coelho é colocado em decúbito dorsal, instintivamente ele permanece imóvel, e há indução de imobilidade tônica, método controverso, conhecido como trancing, em inglês 51,52. Acredita-se que essa reação esteja associada a um último recurso do animal perante um predador 53,54. Nessa posição, o coelho fica extremamente estressado. Apesar de exibir um comportamento não responsivo, o animal é capaz de sentir dor e está consciente 54. Assim sendo, essa posição só deve ser considerada quando extremamente necessária, sendo aceitável apenas para a realização de alguns procedimentos clínicos por um período muito curto 52. Quando necessário, o profissional deve considerar a sedação do animal 54.

A forma mais amigável de interagir com um coelho é deixá-lo no chão. O treinamento feito com o método clicker pode ser usado para facilitar a interação dos seres humanos com os coelhos (Figura 4) 22.

 

Figura 4 – Clickers usados para o adestramento de animais, inclusive coelhos. Créditos: Isabelle Tancioni

 

Detecção de sinais clínicos associados a emergência

Os médicos-veterinários que atendem coelhos devem ter conhecimento atualizado sobre as enfermidades dos coelhos domésticos e seus tratamentos. Atualmente, há diversos livros sobre medicina de coelhos, indispensáveis para os médicos-veterinários que trabalham com esses animais 35.

Os profissionais devem reconhecer prontamente os sinais clínicos associados à consulta de rotina e à emergência 19,55. Além dos sinais clínicos como convulsão, trauma e hemorragia, entre outros, a ausência de apetite e fezes por mais de 12 horas, assim como a diarreia, são sinais de emergência 19. O médico-veterinário não pode seguir os parâmetros usados na clínica de pequenos animais.

 

Medicamentos comumente usados na clínica de pequenos animais

É importante que os médicos-veterinários conheçam os efeitos deletérios de antibióticos como penicilina, lincomicina, cefalosporina e eritromicina, que têm alta probabilidade de causar disbiose. Além disso, os profissionais também devem avaliar com cautela o uso de anti-inflamatórios esteroides 56.

 

Prevenção da obstrução do trato gastrintestinal causada por pelos

Pelo fato de os coelhos e os gatos praticarem a autolimpeza, processo denominado catação, não é incomum que as pessoas comparem esses animais. Assim, há uma tendência a incorporar alguns cuidados usados para os gatos ao tratamento dos coelhos. Nestes, a ingestão de excesso de pelo pode levar a obstrução gástrica, sendo que esse quadro também pode acometer coelhos que convivem com animais de pelo longo, uma vez que esses animais praticam a catação social. Os coelhos não vomitam, e o excesso de pelo pode bloquear o tubo digestivo 6,36. A prevenção deve ser realizada por meio da escovação frequente e do fornecimento de uma dieta rica em fibras.

A escovação é extremamente importante. Os coelhos de pelo longo precisam ser escovados todos os dias 57. Os de pelo curto devem ser escovados com menos frequência, porém, durante o período da muda de pelos, recomenda-se escovação diária.

As fibras da dieta são essenciais, pois estimulam o movimento do trato gastrintestinal 35. As gramíneas oferecem uma ótima quantidade de fibras, portanto a grama fresca e o feno de gramíneas têm um papel importante na prevenção. Incentivar o coelho a beber água também faz parte do manejo adequado, e para mimetizar o comportamento normal dos coelhos recomenda-se oferecer água à vontade, em potes 58 espalhados no recinto.

A pasta de malte é um produto rico em carboidrato e gordura, e é recomendada para gatos, para facilitar a eliminação de pelos do trato gastrintestinal. Porém, pastas de malte fabricadas para gatos e mesmo aquelas destinadas a coelhos são equivocadamente prescritas para estes animais. Esses produtos são compostos de carboidratos e gordura que podem ocasionar alteração da microbiota do ceco, acarretando disbiose. O seu uso prolongado pode ainda contribuir para a obesidade. Esse manejo não é mencionado como prevenção nos livros de medicina de coelhos 35,59.

 

Protocolos de vermifugação, vacinação e controle de ectoparasitas

Na rotina de pequenos animais, os protocolos de vermifugação são utilizados de forma agressiva, porém esses medicamentos só são recomendados para os coelhos quando há existência de sinais clínicos e confirmação da presença de parasitas 60. Essa diferença de protocolo está associada aos sinais clínicos, que são geralmente leves, e ao caráter não zoonótico dos vermes intestinais de coelhos. Contudo, os coelhos podem ser hospedeiros intermediários de vermes intestinais de outras espécies animais, como, por exemplo, Echinococcus granulosus de cães 60.

Na Europa há vacinas para mixomatose e para a doença hemorrágica viral do coelho tipo 1 e tipo 2, e nos Estados Unidos recomendase a vacina para a doença hemorrágica viral do coelho tipo 2 35,61. No Brasil, até o presente momento, a doença hemorrágica viral não foi identificada, e não há vacinas comercialmente disponíveis para a mixomatose 62.

Já a vacina da raiva não faz parte do protocolo vacinal, pois os casos de coelhos diagnosticados são muito raros, apesar de eles serem suscetíveis à infecção do vírus 63. Como não há vacinas de raiva para os coelhos, a prevenção é essencial 63. Sendo assim, recomenda-se vacinar cães e gatos que convivam com coelhos e assegurar-se de que os animais domésticos não tenham contato com animais silvestres. Apesar de a vacina da raiva não ser recomendada para os coelhos, a falta de conhecimento pode resultar na vacinação indevida desses animais. Como outro inóculo, a vacinação pode causar reações adversas, como anafilaxia e até a morte do animal. É imperativo ter conhecimento de que até o presente momento as vacinas usadas no protocolo vacinal na Europa e EUA não são comercializadas em território brasileiro.

Os coelhos podem infestar-se com ácaros, piolhos e pulgas. Geralmente, os coelhos que convivem com cães e gatos podem adquirir pulgas desses animais 19. As pulgas podem provocar leve prurido em coelhos e carrear doenças como a mixomatose; assim sendo, recomenda-se o seu controle 39,64. É importante saber que os produtos antipulgas com o princípio ativo fipronil não devem ser prescritos para os coelhos, pois podem provocar intoxicação 56.

 

Companhia da mesma espécie e de outras espécies

Diferentemente de cães e gatos, os coelhos necessitam de companhia da mesma espécie 5. O estabelecimento de vínculo estreito e estável entre os coelhos é conhecido como bonding, termo em inglês usado na abordagem associada à aproximação de um coelho com outro 7. Durante esse processo, é essencial encontrar um coelho compatível, uma vez que a companhia de coelhos incompatíveis proporciona altos níveis de estresse entre os animais e afeta negativamente o seu bem-estar 4. Uma vez estabelecido esse laço, os coelhos não devem ser separados 22.

Outro fator importante é ter espaço suficiente para alojar os coelhos e os animais predadores em ambientes diferentes. É importante minimizar os estímulos visuais, auditivos e olfativos provenientes de predadores para os coelhos 18.

A companhia de cães e gatos deve ser sempre supervisionada (Figura 5). Além disso, os coelhos exibem aversão a odores associados a furões, que podem desencadear neles altos níveis de estresse e medo 5.

 

Figura 5 – As companhias de gatos e cães devem ser sempre supervisionadas. Créditos: Isabelle Tancioni

 

Existe uma falsa ideia de que coelhos e porquinhos-da-índia podem ser companheiros ideais. Esse tipo de manejo foi muito utilizado quando a castração de coelhos era uma prática incomum. Dessa forma, os coelhos não castrados eram colocados com porquinhos-da-índia 22. Assim como os coelhos, os porquinhos-da-índia são extremamente sociais e necessitam da companhia da mesma espécie. Apesar de algumas similaridades em relação à dieta, os comportamentos associados à alimentação desses animais são bem diferentes; por exemplo, os porquinhosda-índia necessitam de fontes de vitamina C. Os coelhos e porquinhos-da-índia têm comportamentos sociais diferentes, que podem desencadear problemas de comunicação entre esses animais e assim resultar em situações de estresse e frustração. Os porquinhos-daíndia vocalizam; já os coelhos usam predominantemente outras maneiras para se comunicar, como a visão, os odores, a postura e a posição das orelhas 5,26.

Os coelhos geralmente praticam bullying contra os porquinhos-da-índia. Os porquinhos-da-índia também podem praticar bullying contra os coelhos. Além disso, ao saltar, as pernas traseiras do coelho podem machucar seriamente um porquinho-da-índia 8. Os porquinhos-da-índia podem adoecer severamente devido à infecção causada pelo patógeno Bordetella bronchiseptica, que acomete o sistema respiratório e pode ser transmitido por coelhos que geralmente não apresentam nenhum sintoma 39.

Dessa forma, o estresse da falta de companhia da mesma espécie e da presença de estímulos associados a outras espécies deve ser considerado em atividades e manejos que envolvam coelhos. Isso inclui atendimento veterinário, permanência em hotéis de animais de companhia e até em locais destinados ao corte de unhas e aparo do pelame. Os profissionais devem avaliar se esse pilar do bem-estar está sendo afetado.

 

Castração

Os avanços nos conhecimentos sobre anestesiologia e cirurgia de coelhos domésticos aumentaram a acessibilidade e a segurança para a realização desses procedimentos. É importante que os médicos-veterinários estudem as peculiaridades da anatomia e da fisiologia dos coelhos para melhor desenvolver protocolos associados ao procedimento cirúrgico, ao controle populacional e à promoção do bem-estar desses animais 65.

A castração provê uma variedade de benefícios para o animal e para os tutores, pois é essencial para promover o vínculo estreito entre os coelhos – bonding –, e ainda reduz a possibilidade de gravidez psicológica, de ninhadas indesejáveis, de transmissão de doenças venéreas e de comportamentos associados aos hormônios sexuais, como agressividade e demarcação com urina, entre outros 8,19,66. As neoplasias uterinas são as enfermidades mais comuns do trato reprodutivo das coelhas, e, para a sua prevenção, aconselha-se castrar as coelhas com idade inferior a 2 anos 8,67.

É importante enfatizar que antes de procedimentos cirúrgicos não se deve deixar o animal em jejum 19. Nas coelhas, o procedimento é semelhante ao realizado em gatas, porém, os pedículos das coelhas têm consistência mais friável 68. Assim como a orquiectomia em gatos, o procedimento de castração em coelhos é mais comumente realizado com a técnica escrotal 17. Após a cirurgia, não se recomenda o uso de colares elisabetanos, pois isso previne a cecotrofia, ao passo que as roupas impedem que o coelho faça a catação, ou seja, impedem que ele exiba seus comportamentos normais – um dos pilares do bem-estar. Esses itens só devem ser usados como último recurso, pois estressam os coelhos e afetam seu bem-estar. As roupas podem ser menos estressantes que os colares elisabetanos 22. Os cirurgiões devem ter cuidado com a tricotomia, fazer uma pequena incisão, manusear os tecidos com delicadeza, usar fios absorvíveis, fazer suturas intradérmicas e usar protocolos de analgesia multimodal para evitar que os coelhos traumatizem o local onde foi realizada a incisão após a cirurgia.

A castração de coelhos é um procedimento crucial para que todas as necessidades associadas aos cinco pilares do bem-estar desses animais sejam atendidas 69. Outro ponto importante é a castração antes da maturidade sexual. Isso evita ninhadas indesejadas e facilita o processo de bonding de coelhos jovens e também de coelhos da mesma ninhada 7.

 

Transporte e viagens

Os coelhos se estressam quando estão em cenários não familiares ou em contato com estímulos associados à presença de predadores 18. É importante salientar que eles são extremamente sensíveis ao estresse térmico e não devem ser deixados em veículos fechados em hipótese alguma 39. Como as viagens e o transporte são estressantes para os coelhos, é importante avaliar a sua necessidade e o tempo do percurso. Aconselha-se somente transportar os coelhos em casos de mudança de residência ou quando é preciso ir ao consultório veterinário, ao hotel de animais de estimação e a serviços especializados em tosa.

Os coelhos sempre devem ser transportados em uma caixa contendo feno, que provê alimento e esconderijo, além de objetos com odores familiares a eles 70. Caso o tempo de viagem seja longo, um bebedouro contendo água deve ser acoplado à caixa 18. As paradas durante a viagem também podem ser necessárias. Os coelhos com vínculo estreito devem ser transportados na mesma caixa.

Caso os tutores queiram viajar de férias com o seu animal, é importante que o médico-veterinário explique como os aspectos da viagem afetam os pilares do bem-estar do animal e as possíveis consequências da viagem. A indicação de babás e hotéis especializados em coelhos é fundamental para assegurar o bem-estar do animal.

 

Banho e tosa

Os coelhos praticam a catação com eficiência, e seu pelame se torna sujo somente em condições associadas à falta de espaço, como gaiolas pequenas, falta de companhia de outro coelho, pelagem longa e enfermidades associadas à presença de urina e fezes no pelame, como obesidade, problemas de mobilidade e poliúria. O banho em coelhos é uma atividade muito estressante e aumenta o risco de injúrias, principalmente de fratura da coluna e de ossos. O pelame é difícil de secar, o que aumenta consideravelmente as chances da ocorrência de hipotermia 71.

Os coelhos de pelo longo têm que receber cuidados especiais (Figura 6), pois a pelagem pode se tornar facilmente embolada, o que propicia o desenvolvimento de enfermidades cutâneas e ainda pode resultar em acúmulo de conteúdos fecais e urina (Figura 7) 6. Caso os tutores não se sintam confortáveis em proporcionar esses tipos de cuidados, é importante utilizar os serviços de pessoas e estabelecimentos especializados. O excesso de manuseio impõe sérios riscos ao bem-estar. Os tutores devem se comprometer a escovar esses animais diariamente e a fazer uma sessão completa três vezes por semana. Ainda se aconselha cortar o excesso de pelo ou tosá-lo a cada três meses 6.

 

Figura 6 – Coelho da raça angorá necessita receber cuidados especiais com o pelame. Créditos: Isabelle Tancioni

 

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Figura 7 – Acúmulo de conteúdos fecais no pelame de coelho de pelo longo. Créditos: Isabelle Tancioni

 

A conjunção do estresse provocado pelo transporte e pelo manuseio pode resultar em estresse térmico, estase gástrica e problemas respiratórios 6. Além disso, nesses locais os animais geralmente não recebem comida nem água. Como agravante, muitos profissionais treinados em banho e tosa de cães e gatos usam o método de trancing em coelhos, que induz uma resposta ao medo e é extremamente estressante 18,54. Aconselha-se que a pelagem do coelho seja tosada por uma equipe com a participação de um médico-veterinário, já que se recomenda a sedação do animal 57. O uso de sedativos e agentes anestésicos deve ser avaliado pelo médico-veterinário, e o protocolo deve ser individualizado, para diminuir os riscos ao paciente 6.

O banho em coelhos não é recomendado, além de ser desnecessário. Somente deve ser feito como último recurso, por recomendação de um médico-veterinário 71. A tosa pode ser realizada por pessoas experientes, com supervisão de médicos-veterinários e de preferência em locais especializados em coelhos e que sigam os protocolos amigáveis a esses animais.

 

Coleira e passeios

Passear com um coelho na coleira pode parecer uma solução ao espaço reduzido, mas isso está associado à baixa qualidade do bem-estar 22. Essa prática, que é usada para cães e até para gatos, coloca os coelhos em situações associadas a estresse, injúrias e doenças 72.

O uso de coleiras de cães e gatos está gradativamente sendo transferido para os coelhos. As coleiras planas tradicionais não trazem nenhum benefício para eles, e ainda previnem a exibição de seus comportamentos normais, como a catação. Em nenhuma circunstância se recomenda que os coelhos sejam criados em sistema semidomiciliado. O uso de plaquinhas de identificação atreladas a coleira não deve ser extrapolado para os coelhos, já que um coelho avistado fora da área domiciliar deve ser resgatado. É importante identificar os coelhos com microchip.

Em relação aos passeios com coleiras peitorais, é sempre importante lembrar que os coelhos são presas, e a pressão da coleira na região do pescoço e do tórax desencadeia resposta ao medo e ao estresse. Além disso, o ato de colocar a coleira resulta no enfraquecimento do vínculo ser humano/animal 22.

Para o coelho, o passeio de coleira inibe sua liberdade de escolha e previne seus comportamentos normais 72. Os coelhos são extremamente ágeis, saltam e correm; portanto, os seres humanos são incapazes de acompanhar um coelho que está se exercitando. Os coelhos podem ser predados por mais de 30 espécies de predadores, e, estando presos em uma coleira, podem ser facilmente atacados 72. Eles podem se acidentar tentando se exercitar ou fugir 72, e aqueles que não conseguem se esconder e fugir se estressam ainda mais 22.

Além disso, os coelhos que passeiam em coleiras estão predispostos a ingerir materiais infectantes provenientes de fezes de cães e gatos, que podem resultar em enfermidades, tornando-se mais propensos a adquirir mixomatose, para a qual não existe vacina no Brasil. Há também o risco de que se alimentem de plantas tóxicas e com inseticidas.

 

Considerações finais

O profissional deve conhecer as particularidades da espécie e suas enfermidades e ser devidamente treinado em medicina de coelhos. Além disso, é imprescindível que o médico-veterinário tenha conhecimento sobre cada pilar do bem-estar dos coelhos e sobre como atividades e manejos associados aos cães e gatos influenciam negativamente o bem-estar dos coelhos. O médico-veterinário é o profissional que tem autoridade para explicar ao tutor as consequências de cada atividade para o bem-estar do coelho e assim promover o bem-estar da família multiespécie.

 

Agradecimentos

A autora agradece à equipe da San Diego House Rabbit Society (SDHRS) pela oportunidade de treinamento que tem feito nesse abrigo especializado em coelhos, localizado na cidade de San Diego, Califórnia, Estados Unidos, desde 2018.

 

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