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Ambiente hospitalar veterinário

Unidades ou centros de diagnóstico por imagem no ambiente veterinário

Parte 1 – ultrassonografia, ecocardiografia, endoscopia e eletrocardiograma

Matéria escrita por:

Renato Couto Moraes

13 de abr de 2022


Os exames de imagem constituem importante ferramenta de auxílio diagnóstico, sendo determinantes para fechar um caso. As instalações para sua realização podem estar dentro ou fora da estrutura de uma clínica ou de um hospital veterinários; assim, convecionamos chamar de unidade de diagnóstico por imagem ao local interno a uma clínica ou hospital veterinários, e de centro de diagnóstico por imagem a uma unidade totalmente segregada, um negócio separado.

Como já apresentado na matéria anterior, é comum a existência de locais concebidos apenas para a realização de exames de imagem ou de exames de laboratório. Não existe resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) ou dos conselhos regionais (estaduais) especificamente para centro de diagnóstico por imagem. Assim, mediante o conselho de classe e a vigilância sanitária, classifica-se a atividade como clínica veterinária. Isso traz uma certa dificuldade, pois não se tem nomenclatura padronizada nem rol de exigências para cada um dos vários tipos possíveis de serviços a serem oferecidos.

A Resolução CFMV n.º 1.275 de 2019 exige a presença de equipamentos de radiologia, ultrassonografia e eletrocardiografia em hospitais veterinários. A referida norma não cita maiores detalhes dos equipamentos; assim, o atendimento normativo é amplo e permite uma obsolescência tecnológica. Vale salientar que atender à norma é critério mínimo.

Seja no atendimento normativo (em hospitais veterinários) ou na opção de oferecimento desses serviços (em clínicas e centros de diagnóstico por imagem), a escolha dos equipamentos e a configuração dos ambientes para abrigá-los é motivo de atenção e cuidado para um atendimento de qualidade.

 

Sala de ultrassonografia de um centro de especialidades veterinárias. Em A, notar banqueta alta ajustável (seta azul), mesa de apoio para equipamento móvel com espaço para materiais (seta verde), televisão com compartilhamento de tela (seta vermelha), evaporadora de ar condicionado (seta cinza) e arandela em posição estratégica (seta laranja). Em B, sala com iluminação difusa apagada, notar a arandela dimerizável (seta laranja) e seu interruptor próximo do imaginologista (seta amarela). Créditos: Renato Couto Moraes

 

Ter uma estrutura física apropriada a cada equipamento especializado é garantia de segurança da sua operação e de credibilidade e confiança pelo tutor e pelos médicos-veterinários solicitantes.

Uma posição estratégica do setor de imagem na maioria dos imóveis é entre o bloco cirúrgico e o setor clínico, isso numa clínica ou em um hospital veterinário. Já em um centro de diagnóstico por imagem, costuma-se posicioná-lo logo após as salas de espera. Em ambas as situações, uma comunicação visual eficiente que leve o tutor até o local é fundamental, além de apresentar os cuidados mínimos dentro do ambiente.

 

Sala de ultrassonografia de um hospital veterinário. Em A, notar ponto de oxigênio (seta verde), evaporadora de ar condicionado (seta cinza), arandela dimerizável (seta amarela) e interruptores em posições estratégicas (seta laranja). Em B, sala com iluminação difusa apagada, notar a arandela dimerizável (seta amarela) e seu interruptor próximo do imaginologista (seta laranja), e cortina do tipo blackout (seta preta). Créditos: Renato Couto Moraes

 

Devemos lembrar que o cenário de uma sala de imagem é algo já observado pela maioria dos tutores em alguma intervenção médica em si ou de algum familiar; assim, o tutor já tem alguma expectativa em relação ao ambiente em que ocorrerá o procedimento no seu animal.

Nesta primeira matéria sobre ambientes de diagnóstico por imagem, abordaremos especificamente: ultrassonografia, ecocardiografia, eletrocardiograma e endoscopia.

Os ambientes de ultrassonografia e ecocardiografia são de mesma configuração de layout e requisitos técnicos. A diferença está em se o tipo de aparelho de ultrassonografia  tem ou não ecodoppler e o conjunto de sondas adequadas a cada tipo de exame, como kit cardio para ecocardiografia.

Os requisitos mínimos para uma sala de ultrassonografia e/ou ecocardiografia incluem:

a) sala de exame com mesa impermeável, pia de higienização de mãos e gabinete para guarda de material;

b) prateleiras ou armário para guarda de insumos; e

c) mesa de apoio para equipamentos móveis (não estacionários).

 

Sala de ecocardiografia de um centro de especialidades veterinárias. Sala com iluminação difusa apagada, notar banqueta alta ajustável (seta azul), mesa de apoio com calha específica para exame cardiológico (seta verde), caixa para almotolias e papel (seta amarela), televisão com compartilhamento de tela (seta vermelha) e objeto de iluminação em posição estratégica (seta preta). Créditos: Renato Couto Moraes

 

Uma questão muito negligenciada por empresas iniciantes no oferecimento desse tipo de serviço é a ergonomia; atentar para a aquisição de uma poltrona alta, com altura ajustável, assento e encosto de bom desenho, é um cuidado para com o profissional imaginologista que fará muita diferença no bem-estar e na produtividade.

O ambiente de endoscopia merece especial atenção, pois trata-se de um procedimento invasivo, que não deve ser feito num consultório. Em medicina veterinária não existe norma exclusiva. Assim, temos visto exigências diferentes entre as vigilâncias sanitárias municipais, sendo que algumas exigem realização dentro da sala de cirurgia, e outras permitem que isso se faça em outro ambiente que não seja o consultório. Podemos classificar o procedimento de endoscopia em três tipos:

• tipo I – procedimentos endoscópicos sem sedação, com ou sem anestesia tópica;

• tipo II – além do descrito no tipo I, realiza ainda procedimentos sob sedação consciente, com reversão medicamentosa (antagonistas); e

• tipo III – além do descrito no tipos I e II, realiza ainda procedimentos sob qualquer tipo de sedação ou anestesia.

É razoável supor que a imensa maioria dos casos em medicina veterinária serão do tipo III.

Os requisitos mínimos para uma sala de endoscopia incluem:

a) sala de procedimento com equipamentos de monitorização;

b) sala de indução e recuperação anestésicas; e

c) sala de processamento de equipamentos.

 

Sala de endoscopia de um centro de diagnóstico. Em A, sala de procedimentos, notar bancada para equipamento (seta verde), porta de acesso da sala de indução e recuperação anestésicas (seta roxa) e evaporadora de ar condicionado (seta cinza). Em B, sala de processamento de equipamentos, notar lavatório de mãos (seta laranja), tanque de inox para lavagem do endoscópio (seta azul), carrinho de apoio com saneantes (seta verde), lixeira com pedal (seta rosa) e acesso à sala de procedimentos (seta roxa). Créditos: Renato Couto Moraes

 

Havendo esse serviço dentro de uma estrutura física que tenha bloco cirúrgico (unidade), recomenda-se a realização do procedimento dentro da sala de cirurgia, com todos os cuidados pré e pós-procedimentos e processamento do material podendo ocorrer na CME – central de material e esterilização. Caso seja um centro de diagnóstico por imagem, deve-se dar especial atenção à sala de processamento. Essa deve conter: cuba de inox ou porcelana com dimensões compatíveis (evitar respingos), bancada lisa e impermeável, ponto de água potável com filtro e sistema de exaustão (manter pressão negativa). O método de limpeza mais comum é a desinfecção de alto nível; assim, deve-se ter duas áreas dentro do mesmo ambiente, área “suja” e área “limpa”, com a maior distância possível entre elas e com recipientes e utensílios distintos, para evitar contaminação química.

O ambiente de eletrocardiograma é o mais simplificado dentre os exames de imagem. Pode-se realizar o exame no consultório ou em uma sala dinâmica, sendo necessária uma mesa de apoio ou uma bancada para o equipamento. Um cuidado especial consiste na colocação de uma manta de borracha sobre a mesa de inox, para evitar interferências e comprometer a qualidade do exame.

 

Sala de eletrocardiograma de um centro de diagnóstico. Notar banqueta alta ajustável (seta azul), bancada para equipamentos e computador (seta verde), equipamento de eletrocardiograma (seta vermelha) e mesa de procedimento com manta de borracha higienizável (seta laranja). Créditos: Renato Couto Moraes

 

Um grande diferencial de ambiente numa unidade ou centro de diagnóstico por imagem, mas que não é obrigatório, é a disponibilidade de uma sala de laudos. Convém ter um ambiente somente para laudos quando da existência de mais de um profissional imaginologista, de modo a possibilitar uma maior concentração, consulta a livros e sites especializados, bem como uma boa comunicação com os médicos-veterinários solicitantes dos exames. Nesse ambiente é importante ter bancadas próprias para computadores para digitação dos parâmetros, dos resultados ou mesmo do laudo.

De maneira indistinta, é aconselhável:

a) ter uma rede elétrica estabilizada (funcionamento dos equipamentos com exatidão e sem artefatos de imagem);

b) iluminação difusa compatibilizada com o mobiliário e os equipamentos, sendo de temperatura branco-neutro ou frio;

c) uso de ar-condicionado para manutenção de temperatura controlada, de forma a ter a menor oscilação possível para a operação técnica dos equipamentos;

d) uso de exaustor para renovação do ar dentro de cada sala; e

e) tela milimétrica nas janelas.

Para as salas de ultrassonografia e/ou de ecocardiografia recomenda-se arandela (objeto de iluminação de parede) com controle de intensidade luminosa (dímer), e também a instalação de uma televisão acoplada ao equipamento, de modo a mostrar imagens significativas ao tutor durante a realização do exame.

Vale salientar que o oferecimento dos serviços de exames por imagem deve ser coerente com o espaço, os equipamentos existentes e os profissionais envolvidos. Não se pode ter os melhores equipamentos sem um médico-veterinário competente para realizar as tarefas. Não se pode acreditar em certas simplicidades e achar que se consiga um exame confiável.

 

Sala de laudos do setor de imagens de um centro de diagnóstico. Notar persianas para escurecimento do ambiente (seta preta), estante para pertences pessoais e livros (seta azul), computador para pesquisa (seta verde) e evaporadora de ar condicionado (seta laranja). Créditos: Renato Couto Moraes

 

O setor de operação de uma unidade ou centro de diagnóstico por imagem é classificado como área semicrítica, independentemente do tipo; assim, a restrição de decoração é superior à dos ambientes não críticos já abordados nesta coluna. Pode-se trazer as cores da logomarca, mantendo a identidade visual do estabelecimento dentro da sala de exames com aplicação de faixas de cerâmica, azulejos ou pastilhas de vidro sem sobressalto e móveis com parte das cores da logomarca, mas nunca fazer aplicação de papel de parede, nichos com enfeites e outras opções decorativas como as da recepção.

Em resumo, as unidades ou centros de diagnóstico por imagem, quando tecnicamente projetados, trazem diferenciais marcantes para a confiabilidade dos resultados, além de praticidade operacional aos médicos-veterinários e técnicos.

 

 



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