Cinco pilares do bem-estar felino adaptados para gatos em cuidados paliativos
A aplicação dos “Cinco Pilares das Necessidades Essenciais Felinas”, apresentados nas Diretrizes de Necessidades Ambientais Felinas da AAFP e ISFM de 2013, oferece uma orientação valiosa para cuidadores, médicos-veterinários e equipes sobre as particularidades da espécie. Um enfoque nas necessidades essenciais para o bem-estar de gatos que recebem cuidados paliativos ou cuidados intensivos no final da vida é abordado pelas Diretrizes para Cuidados Paliativos e Cuidados Intensivos na Terminalidade da Vida em Felinos, recentemente publicadas pela American Association of Feline Practitioners (AAFP) em 2023, já traduzidas para o português. O enfoque nos pilares, adaptado à atenção especial exigida por esses pacientes, visa promover o bem-estar e a qualidade de vida, abrangendo:
Pilar 1: um local seguro
Um ambiente seguro é fundamental para gatos, especialmente aqueles em cuidados paliativos. É essencial que eles tenham acesso a áreas de repouso que proporcionem uma sensação de controle e previsibilidade. Esses espaços devem ser confortáveis, com temperatura ajustada às necessidades do gato e, preferencialmente, localizados em áreas onde o gato já está acostumado a passar o tempo. Cuidadores devem oferecer múltiplas opções de repouso em diferentes locais, garantindo que o gato possa se esconder e se sentir protegido, o que é particularmente importante quando o animal se sente fisicamente ou emocionalmente vulnerável.
Pilar 2: recursos ambientais múltiplos e separados
A disposição dos recursos ambientais, como caixas de areia, alimentos e água, deve ser adaptada para garantir fácil acesso e evitar a competição entre os gatos da casa. Em pacientes paliativos, esses recursos devem ser colocados em áreas de fácil acesso, respeitando a limitação de mobilidade do gato. Além disso, é importante que as caixas de areia sejam grandes e acessíveis, com entradas baixas para facilitar o uso por gatos com mobilidade reduzida.
Pilar 3: brincadeiras e comportamento predatório
Mesmo em cuidados paliativos, a estimulação mental e física por meio de brincadeiras adequadas pode ser benéfica. Brincadeiras interativas, ajustadas ao nível de energia do gato, podem promover o bem-estar e fortalecer os laços entre o gato e o cuidador. Ainda que o gato não persiga ativamente brinquedos, observar movimentos e interações pode ser uma forma de entretenimento.
Pilar 4: interação humano-gato positiva, consistente e previsível
A interação humana deve ser adaptada às preferências do gato, priorizando o conforto e evitando situações que possam causar medo ou ansiedade. Acariciar o gato e fazer escovação dos pelos pode ser benéfico, desde que realizadas de forma suave e respeitosa. Além disso, a administração de medicamentos deve ser feita de maneira que minimize o estresse do gato, sempre buscando técnicas menos invasivas.
Pilar 5: ambiente que respeite os sentidos do gato
Os gatos têm sentidos altamente desenvolvidos, e um ambiente que respeite e adapte-se a esses sentidos é crucial. O olfato, por exemplo, é fortemente ligado ao sistema límbico, responsável pelas emoções. Portanto, odores agradáveis devem ser promovidos, enquanto cheiros fortes e desagradáveis, como produtos de limpeza e perfumes, devem ser evitados. Da mesma forma, é importante criar um ambiente auditivo tranquilo, minimizando ruídos altos que possam assustar ou estressar o gato.
Garantir o bem-estar de gatos em cuidados paliativos requer uma abordagem centrada nas necessidades individuais do animal, com adaptações específicas para a sua condição de saúde. A aplicação dos cinco pilares das necessidades essenciais felinas, com ajustes adequados, pode ajudar a melhorar significativamente a qualidade de vida desses pacientes, proporcionando conforto e segurança nos momentos mais críticos de suas vidas.
Referências
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EIGNER, D. R. ; BREITREITER, K. ; CARMACK, T. ; COX, S. ; DOWNING, R. ; ROBERTSON, S. ; RODAN, I. 2023 AAFP/IAAHPC feline hospice and palliative care guidelines. Journal of Feline Medicine and Surgery, V. 25, n. 9, 2023. doi: 10.1177/1098612X231201683.
Priscila Rizelo
Coordenadora de comunicação científica – Royal Canin do Brasil