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Março amarelo

A conscientização sobre a doença renal crônica em gatos e cães

Matéria escrita por:

Clínica Veterinária

5 de mar de 2023


A doença renal crônica é uma doença degenerativa e progride para estágios avançados sem que os animais apresentem sinais claros ou visíveis inicialmente. A prevalência da doença renal crônica aumenta drasticamente com a idade, sendo a causa número um de morte em gatos com mais de cinco anos e afetando 30 a 40% dos gatos com idade superior a 10 anos. A prevalência é menor em cães, mas a progressão é geralmente mais rápida, e ainda, se estima que 1 em cada 10 cães terá DRC durante sua vida. É uma condição progressiva e altamente complexa que historicamente tem sido difícil de diagnosticar, uma vez que o início dos sintomas geralmente é tardio. Durante o mês de março ocorrem diversas ativações sobre o “Março amarelo”, uma campanha de conscientização sobre as doenças renais em gatos e cães, com foco na comunicação com tutores.

A doença renal crônica (DRC) refere-se a uma alteração renal persistente (= 3 meses). A perda da função renal geralmente é progressiva e irreversível, o que resulta na perda da capacidade de filtração dos rins, e das capacidades metabólicas e endócrinas.

O importante no manejo da DRC é rastrear os pacientes para diagnosticar a doença o mais rápido possível. Neste ponto, é fundamental destacarmos a importância da campanha de conscientização sobre as doenças renais em gatos e cães, o Março Amarelo. Esta campanha, que acontece anualmente durante o mês de março, tem um papel relevante e representa uma grande oportunidade em educar os tutores sobre as doenças renais, sobre seus sinais clínicos mais frequentes e sobre o disgnóstico precoce. O diagnóstico adequado da DRC geralmente envolve mais de uma etapa e deve ser feito em duas visitas consecutivas para identificar tendências (aumento da concentração de creatinina, dimetilarginina simétrica – SDMA ou ambos desses biomarcadores dentro da faixa de referência) indicando DRC precoce, ou confirmar se esses biomarcadores estão persistentemente acima da faixa de referência.

Uma vez identificada a DRC, o objetivo será manter o paciente estável o maior tempo possível. Nesse contexto, a nutrição tem um papel-chave no manejo da DRC, com dois objetivos: retardar a progressão da doença e, portanto, aumentar o tempo de sobrevida; e controlar os sinais clínicos e, portanto, melhorar a qualidade de vida do animal. Uma dieta com restrição de fósforo beneficia o paciente, e já está bem estabelecido que a restrição dietética de fósforo retarda a progressão da doença renal. Além disso, a ingestão proteica acima das exigências mínimas leva à geração de resíduos nitrogenados e exacerbam a azotemia. As dietas renais fornecem um teor moderado de proteína de alta qualidade, ou seja, com um bom perfil de aminoácidos essenciais para permitir que o animal tenha suas necessidades de aminoácidos atendidas. Uma alta digestibilidade também é fundamental, pois todas as proteínas não digeridas são fermentadas no cólon e geram toxinas nitrogenadas desnecessárias. Estimular a ingestão de alimentos é sempre um desafio para os pacientes com DRC, que podem ter seu apetite diminuído por diversos fatores. Por isso, é importante evitar a introdução de dietas renais em ambientes estressantes, pois isso aumenta o risco de aversão alimentar. Para estimular a ingestão das dietas renais, pode-se lançar mão de diferentes perfis aromáticos, diferentes texturas e tamanhos de croquete.

Sabendo-se que os sinais clínicos aparecem tardiamente na DRC, os médicos-veterinários desempenham um papel fundamental em diagnosticar e retardar a progressão da DRC. Além disso, a educação dos tutores sobre a saúde renal dos gatos e cães representa uma oportunidade para que a detecção dos sinais e, consequentemente o diagnóstico da DRC, seja cada vez mais precoce.

 

Referências sugeridas

BOYD, L. M. ; LANGSTON, C. ; THOMPSON, K. ; ZIVIN, K. ; IMANISHI M. Survival in cats with naturally occurring chronic kidney disease (2000 -2002). Journal of Veterinary Internal Medicine, n. 22, p.1111-1117, 2008.

CANEY S. Management and treatment of chronic kidney disease in cats. In Practice FOCUS, p. 10-13, 2016. 10.1136/inp. i4901

CIANCIOLO, R. E. ; BENALI, S. L. ; ARESU, L. Aging in the canine kidney. Veterinary Pathology, v. 53, n. 2, p. 299-308, 2016.

ELLIOTT, J. et al. Survival of cats with naturally occurring chronic renal failure: effect of dietary management. Journal of Small Animal Practice, v. 41, n. 6, p. 235-242, 2000.

ELLIOTT et al. Assessment of acid-base status of cats with naturally occurring chronic renal failure. Journal of Small Animal Practice, 2003; 44: 65-70.

International Renal Interest Society. http://www.iris-kidney.com

 

Priscila Rizelo

Coordenadora de Comunicação Científica

Royal Canin Brasil

 

 

 

 

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