Benefícios dos alimentos úmidos para felinos com sensibilidade digestiva
Os gatos, frequentemente, podem apresentar algum grau de sensibilidade ligada ao sistema digestivo. Os sinais mais comuns nesses casos são a baixa qualidade das fezes, com grande volume e, ocasionalmente, leve desconforto digestivo e regurgitação.
Esse quadro, muitas vezes, não é grave à ponto de caracterizar uma condição patológica 1.
Esses sinais indicam que os animais têm sensibilidade a um alimento. A tolerância digestiva está relacionada com a qualidade e a composição dos alimentos e com a capacidade de digestão e absorção do animal.
A tolerância digestiva do animal a um determinado alimento é avaliada examinando as características de suas fezes. Os parâmetros utilizados para avaliar as fezes são: o teor de umidade, consistência, volume, odor e coloração. Como regra geral, a baixa tolerância é demonstrada por fezes úmidas, amolecidas, volumosas, com odor e cor anormais.
Estes diferentes parâmetros são diretamente afetados pela quantidade e, principalmente, pela composição dos resíduos não digeridos que atingem o intestino grosso. No caso de alimentos com baixa digestibilidade que possuem, por exemplo, alto teor de fibras não fermentáveis, baixa qualidade da proteína ou no caso de problemas digestivos, a quantidade de resíduos não digeridos e pouco fermentáveis que atingem o cólon aumenta o volume fecal e são eliminados parcial ou totalmente nas fezes 1.
Outro fator que desempenha um papel importante na motilidade intestinal e na consistência das fezes é o estresse. Verificou-se que o estresse diminui o esvaziamento gástrico 2, mas acelera o trânsito no cólon 3, o que parece ser a principal causa de fezes líquidas observadas na maioria dos animais estressados. A consistência das fezes é avaliada por meio de um escore fecal, sendo que as fezes consideradas com ótimo escore são firmes e bem formadas, porém não ressecadas.
É possível melhorarmos a qualidade das fezes nos animais que apresentam sensibilidade com alimentos de alta qualidade e formulados com nutrientes capazes de otimizar a digestão. Animais com sensibilidade digestiva se beneficiam de alimentos de altíssima digestibilidade, que limitam a quantidade de proteínas não digeríveis no cólon, reduzem o volume de fezes, limitam a fermentação das proteínas, reduzem maus odores e melhoram a eficiência do sistema digestivo 4,5. Uma tecnologia que ajuda a melhorar a digestibilidade do amido é a gelatinização. Nesse processo, o amido passa pela decomposição das ligações intermoleculares sob água e calor. O grau de gelatinização do amido pode influenciar a qualidade fecal 6. O balanço ideal de fibras fermentáveis e não fermentáveis ajuda a regular o trânsito intestinal e a garantir uma boa consistência das fezes. Os prebióticos estimulam a microbiota e limitam o crescimento de potenciais bactérias patogênicas 7.
É comum animais com sensibilidade digestiva apresentarem apetite seletivo. Nestes casos, alimentos úmidos formulados para animais com sensibilidade digestiva são fundamentais para estimular o apetite. Eles são extremamente palatáveis e podem ser consumidos como fonte única de alimentação ou combinados com o alimento seco que compartilha dos mesmos benefícios para a saúde digestiva.
Incluir os alimentos úmidos na rotina de alimentação traz benefícios associados à alta umidade do alimento como aumento da ingestão de água e maior diluição urinária. O alimento úmido específico para animais com sensibilidade digestiva possui alta digestibilidade, balanço ideal de fibras e prebióticos para a saúde intestinal, ajuda a promover uma ótima qualidade das fezes, torna a refeição muito mais atrativa.
Referências
1-Royal Canin dog & cat segmentation study (total country: USA, France, Russia, Japan, UK, Japan), 2012.
2-Burrows et al. Effects of fiber on digestibility and transit time in dogs. Journal of nutrition. 1982 Sep;112(9):1726-32.
3-Weber, M, L Martin, V Biourge, P Nguyen, and H Dumon. 2003. “Influence of Age and Body Size on the Digestibility of a Dry Expanded Diet in Dogs.” Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition 87 (1-2) (February): 21–31. doi:14511146.
4-Xu et al. 2005. Effects of enhanced viscosity on canine gastric and intestinal motility. Journal of Gastroenterology and Hepatology; Volume 20, Issue 3:387–394.Bliss 2001
5-Nery, J, R Goudez, V Biourge, C Tournier, V Leray, L Martin, C Thorin, P Nguyen, and H Dumon. 2012. “Influence of Dietary Protein Content and Source on Colonic Fermentative Activity in Dogs Differing in Body Size and Digestive Tolerance.” Journal of Animal Science (February 10). doi:10.2527/jas.2011-4112. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22328724.
6-Nery et al. 2012 Nery, J, V Biourge, C Tournier, V Leray, L Martin, H Dumon, and P Nguyen. 2010. “Influence of Dietary Protein Content and Source on Fecal Quality, Electrolyte Concentrations, and Osmolarity, and Digestibility in Dogs Differing in Body Size.” Journal of Animal Science 88 (1) (January): 159–169. doi:10.2527/jas.2008-1666.
7-Swanson, Kelly S, Christine M Grieshop, Elizabeth A Flickinger, Laura L Bauer, Hans-Peter Healy, Karl A Dawson, Neal R Merchen, and George C Fahey Jr. 2002. “Supplemental Fructooligosaccharides and Mannanoligosaccharides Influence Immune Function, Ileal and Total Tract Nutrient Digestibilities, Microbial Populations and Concentrations of Protein Catabolites in the Large Bowel of Dogs.” The Journal of Nutrition 132 (5) (May): 980–989.