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Créditos: Fernando Gonsales, médico-veterinário e cartunista, criador do personagem Níquel Náusea – http://goo.gl/aI5aqg Créditos: Fernando Gonsales, médico-veterinário e cartunista, criador do personagem Níquel Náusea – http://goo.gl/aI5aqg

Os cães têm sido considerados os melhores e mais fiéis amigos do homem. Esses nossos melhores amigos, além da companhia e amizade, têm historicamente oferecido diversos outros préstimos, sendo inclusive chamados de “cães de serviço” e categorizados em suas especialidades, tais como cães de caça, de pastoreio, de guarda, cães farejadores e cães de assistência, como cães-guias (deficientes visuais) e cães-ouvintes (deficientes auditivos). Existem ainda os cães treinados para auxiliar os autistas, os diabéticos, os alérgicos e epilépticos (de alerta) e os portadores de deficiência na mobilidade.

Os cães para autistas são treinados principalmente para protegê-los no passeio em ambientes abertos com os pais ou responsáveis, aprendendo a se deitar no chão e impedir que uma criança saia correndo e fuja. Os cães para diabéticos são treinados para, por meio do cheiro que a pessoa exala, avisar quando há grandes variações do índice glicêmico. Os cães de alerta, por sua vez, aprendem a dar alar me e avisar quando a pessoa especial está tendo uma crise de alergia ou epilepsia.

Finalmente, há os cães especializados em mobilidade, que auxiliam pessoas com deficiência motora, como é o caso dos cadeirantes. Esses cães aprendem a ajudar a abrir e fechar portas, chamar o elevador, buscar o telefone, o cobertor ou outros objetos, e ainda chamar uma pessoa próxima em caso de emergência. Todo o treinamento é planejado e personalizado de acordo com as necessidades e a rotina do deficiente, fundamental em tarefas que seriam difíceis ou quase impossíveis de realizar sem a ajuda do cão especializado em mobilidade, que demora em média dois anos para ser treinado e permanece de seis a oito anos exercendo essa função.

Embora os cães especializados em mobilidade tenham atividade conhecida e disseminada nos Estados Unidos e na Europa, são ainda pouco conhecidos no Brasil. Em projeto pioneiro, um grupo de profissionais uniu o conhecimento em adestramento de cães com o espírito de colaboração e a imensa vontade de ajudar o próximo, criando o Cão Inclusão – http://caoinclusao.com.br/caes-de-servico/.

Voltando ao assunto dos cães-guias, “o melhor amigo do homem” se tornou realidade numa das mais importantes colaborações entre o homem e o cão, inseridos no ambiente que ocupam. A confiança depositada no animal tem se mostrado essencial para a conquista da autonomia de pessoas com deficiências visuais graves ou completamente cegas 1, numa abordagem contemporânea e aplicada de saúde única.

 

A história milenar do cão-guia

Apesar de parecer recente, a presença do cão-guia na sociedade pode ser considerada milenar, com registros de escavações na Itália datados de 79 d.C. Um mural encontrado na cidade de Herculano, soterrada com Pompeia pelo vulcão Vesúvio, retrata nessa data um cego com uma bengala, conduzido por um pequeno cão (Figura 1).

As representações artísticas mais explícitas datam do século XIII, na China, e dos séculos XIV e XV, na Europa (Figura 1). Em 1819, instruções sistemáticas para escolas de cães-guias foram propostas pela primeira vez, por iniciativa do padre vienense Johann Wilhelm Klein. Em 1916, a German Shepherd Dog Society propôs o fornecimento de cães-guias para os veteranos de guerra, chegando a atender o incrível número de 4 mil alemães usuários em 1927 2,3.

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Figura 1 – Representações artísticas de cegos e seus cães. À esquerda, afresco encontrado em um mural na cidade de Herculano, na Itália, de um mendigo cego com seu cão, datado de 79 d.C., aproximadamente. À direita, xilografia de 1465 que mostra um cego sendo conduzido por seu cão na Europa. Acesso em http://www.deficienciavisual.pt/arte-e-cegueira.htm

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Inicialmente, o pastor-alemão foi a primeira e mais popular raça utilizada como cão-guia pela Seeing Eye nos Estados Unidos, fundada em 1929, que já forneceu 16 mil cães para pessoas cegas. Atualmente, o pastor-alemão é apenas a segunda raça mais utilizada de cães formados nessa escola, com 24%, sendo mais comum o labrador retriever, com 35%, e em terceiro lugar o golden retriever, com 23%, seguido da mistura dessas duas raças 2,4.

No Brasil, a raça mais prevalente é o labrador retriever, seguida pelo golden retriever e pelo flat-coated retriever.

 

Cão-guia e seus direitos no Brasil

O cão-guia proporciona ao deficiente visual mobilidade e independência, e, além de fazer companhia, transforma-se num instrumento de inclusão social (Figura 2). Ao mesmo tempo em que o número de cães-guias tem aumentado significativamente no Brasil, a conscientização da população ainda é quase ou totalmente inexistente. Isso porque, infelizmente, são rotineiras as situações em que o usuário e seu cão-guia são impedidos de entrar em locais públicos e privados, assim como as inúmeras tentativas dos transeuntes em distrair ou agradar os animais durante o período de trabalho.

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Figura 2 – O cão Dexter, da raça flat-coated retriever, e o seu responsável Roberto Leite (deficiente visual) são
atendidos gratuitamente pelo Hospital Veterinário da UFPR. O cão-guia claramente proporciona liberdade e
mobilidade com segurança para que Roberto possa passear tranquilamente pelas calçadas da cidade de Curitiba, PR

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A Lei nº 11.126 de 2005 5 regulamentada pelo decreto nº 5.904 de 21 de setembro de 2006 6, garante a acessibilidade do usuário e de seu cão-guia. O artigo 1° da Lei nº 11.126 diz: “É assegurado à pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público, de uso público e privados de uso coletivo”.

Nessa mesma lei, no artigo nº 3, e no artigo nº 6 do decreto, considera-se ato discriminatório a coibição do desfrute desse direito pela pessoa cega, sob pena de multa que pode variar de R$ 1.000 até R$ 30.000 5,6. Apesar de a sociedade, em sua maioria, ver com bons olhos os cães-guias, não são raras as notícias relacionadas ao descumprimento ou desconhecimento dessa lei.

No Brasil, estima-se que atualmente há 6 milhões de deficientes visuais, dentre os quais 500 mil declarados com perda total da visão, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 7. No entanto, há um número aproximado de 100 cães-guias formados, ou seja, um cão para 5 mil pessoas, fazendo com que as filas de espera por um cão-guia atinjam a inimagináveis 3 mil pessoas nas instituições oficiais credenciadas.

 

O longo processo de seleção e treinamento do cão-guia e do seu usuário com deficiência visual

O treinamento de um cão-guia até a sua formação dura entre 16 a 21 meses, e é composto por três fases. Após ser selecionado, aos três meses de idade, começa a fase de socialização, que dura até quando o animal completa um ano de idade. Nessa fase, o cão permanece com uma família voluntária, que irá garantir o seu convívio em ambiente social e ensinar-lhe comandos básicos. A segunda fase é o treinamento específico, em que se ensina a conduta diante de obstáculos diários, como o trânsito e o transporte público, além do comportamento perante distrações. Tal fase dura até o animal completar um ano e meio de idade. No último mês, na terceira e última fase, o futuro usuário finalmente se une ao seu cão-guia, para realizarem o treinamento conjunto e consolidarem a dupla 1.

Assim como nem todos os filhotes são selecionados para essa função, nem toda pessoa com deficiência visual pode ser responsável por um cão-guia. Para ser selecionada como usuário de um cão-guia, a pessoa cega precisa preencher alguns pré-requisitos, como ser capaz de manter o cão em local adequado, ter boa mobilidade e precisar do animal para tal objetivo, possuir boa orientação espacial, apresentar boa saúde geral e estar cursando uma escola secundária.

Os cães-guias devolvem a independência aos deficientes visuais, não só por desviá-los de buracos, degraus e postes situados no caminho, mas também por serem treinados com muita maestria para desviá-los de eventuais obstáculos aéreos, como telefones públicos, lixeiras suspensas, placas e caixas de correio irregulares, dos quais não há como se desviar com a bengala.

 

Quanto custa preparar um cão-guia?

A formação de um cão-guia custa, literalmente, sem tro cadilhos, “os olhos da cara”, chegando a um valor aproximado de R$ 35.000,00 por animal. Um dos fatores que mais oneram esse valor é a baixa taxa de conclusão de treinamento, pois normalmente apenas 30% dos cães sairão formados. As entidades envolvidas no fornecimento de cães-guias aos deficientes visuais são geralmente organizações sem fins lucrativos que dependem do trabalho voluntário e de doações para manter as suas atividades.

 

Os olhos do cão-guia também podem falhar 

Mesmo tendo a importante missão de se tornarem os olhos de seus donos, os cães-guias não estão isentos de anormalidades oftálmicas. As raças atualmente utilizadas têm predisposições raciais para o desenvolvimento de determinadas doenças que podem comprometer a acuidade visual ou até levar a uma perda visual completa. Dentre elas, as mais importantes são a catarata 8,9 e a atrofia progressiva de retina 9,10, ambas amplamente estudadas nessas raças, além de servirem como modelos animais espontâneos para as doenças similares em seres humanos, como a retinite pigmentosa 10.

Aqui, o papel do oftalmologista veterinário se torna ainda mais importante, inserido dentro da medicina translacional e da saúde única. Além das doenças oftálmicas já citadas, os erros refrativos, embora sejam rotineiramente ainda pouco investigados nos animais, podem ser comumente encontrados nessas raças. Contudo, devido à forte pressão de seleção por desempenho, os cães-guias apresentam maior prevalência de emetropia (visão normal, sem erros de refração), apurando consequentemente a acuidade visual. Da mesma forma, cães da mesma raça que não são selecionados para esse fim tendem a apresentar maior número de ametropias (miopia, hipermetropia e astigmatismo) 11. Há, todavia, uma predisposição nos cães da raça labrador retriever para apresentar miopia, enquanto a hipermetropia é mais comum no golden retriever 12,13. Sabe-se que erros refrativos maiores do que duas dioptrias podem prejudicar o desempenho visual desses animais 14.

Geralmente os cães-guias se aposentam aos 10 anos de idade, e a preferência da adoção é dada ao próprio usuário, seguido de seu treinador e de outras pessoas interessadas. Caso essas doenças comprometam o desempenho, a saúde e o bem-estar do cão-guia, ele pode vir a se aposentar mais cedo, e então o processo se inicia mais uma vez na formação das duplas.

 

O papel da oftalmologia veterinária no cão-guia

Devido ao fato de as anormalidades oculares serem potencialmente prejudiciais ao desempenho do cão-guia e afetarem diretamente na segurança de seu usuário, recomendam-se avaliações oftálmicas minuciosas e periódicas.

As instituições de ensino podem garantir um atendimento de qualidade para esses cães, uma vez que os programas de residência multiprofissionais visam à manutenção da saúde única e permitem a participação de docentes e discentes, além de serem uma forma de agradecimento ao serviço demonstrado pelos cães-guias.

Nos Estados Unidos, o Colégio Americano de Oftalmologistas Veterinários promove anualmente o dia nacional do exame oftálmico de cães de serviço, trazendo cães-guias e outros cães de trabalho ao oftalmologista veterinário com o objetivo de avaliar e assegurar a saúde oftálmica de forma gratuita.

No Brasil, o Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, campus Curitiba, vem prestando atendimento e acompanhamento gratuito para cães-guias desde 2016 (Figuras 3 e 4), uma iniciativa pioneira no país, que objetiva primordialmente a manutenção da saúde geral desses animais e, em consequência, a melhora da qualidade de vida e do bem-estar dos usuários e de seus cães.

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Figura 3 – Alguns exames oftálmicos selecionados realizados pelos residentes e pós-graduandos do Laboco-UFPR em cães-guias. À esquerda, flat-coated retriever Dexter ao ser submetido a exame de refração ocular por retinoscopia com luz em faixa para a investigação de possíveis ametropias. À direita, labrador retriever Atobá, pertencente à Helen Keller – Escola de Cães-guias, ao ser submetido a retroiluminação com um transiluminador de Finoff após a utilização de agentes midriáticos

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Figura 4 – Parte da equipe do Laboratório de Oftalmologia Comparada (Laboco) da UFPR, residentes e pós-graduandos, ao lado de Roberto Leite, com seu cão-guia Dexter, no dia de sua reavaliação oftálmica

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O trabalho de transformação da vida de pessoas deficientes visuais deve continuar. À medida que os cães vão se aposentando e que a lista de espera por um cão-guia continua muito extensa no Brasil, deve-se lembrar que mais cães devem ser formados, o que gera custo. No entanto, esses animais são sempre entregues de forma gratuita ao usuário.

Os médicos-veterinários e a sociedade devem colaborar e se voluntariar para ajudar a manter as entidades já existentes, ao mesmo tempo pressionando seus governantes e as autoridades locais para facilitar e intermediar a abertura de novos centros de formação e treinamento em todos os estados. Dessa forma, é possível continuar esse belo trabalho e beneficiar um maior número de pessoas cegas, pois as entidades envolvidas estão sempre abertas para doações, patrocínios e colaborações.

 

Considerações finais

Em resumo, precisamos conscientizar a sociedade de que há uma complexa, onerosa e rigorosa seleção realizada entre os filhotes de cães e entre os deficientes visuais para que sejam encontrados bons candidatos a cão-guia e usuário responsável, respectivamente. Entretanto, todo esse trabalho e esse investimento valem a pena, pois o cão-guia não somente devolve ao deficiente visual a sua mobilidade com segurança, como também se torna seu maior companheiro nas atividades diárias. Além de trabalhar para o usuário como “olhos terceirizados”, traz proteção e independência, por meio de comprometimento, devoção e fidelidade que só poderíamos esperar dos cães.

Garantir a saúde desses exímios cães de trabalho não é somente uma atribuição exclusiva do médico-veterinário, mas sim um privilégio que traz benefícios tanto para a classe como para o deficiente visual de forma mais direta, e para toda a sociedade de forma mais ampla.

Devemos lembrar que no Brasil, a exemplo de outros países, uma pessoa com deficiência visual pode por lei ser acompanhada de seu cão-guia e tem o direito de ingressar e permanecer com ele em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público. No mês de abril foi comemorado o dia internacional do cão-guia. A população deve especial agradecimento por tamanha dedicação, pois a integração social e a melhora de vida que esses animais proporcionam aos deficientes visuais são extraordinárias.

 

Mais informações

Instituto Federal Catarinensehttp://www.camboriu.ifc.edu.br

Instituto Federal do Espírito Santohttp://www.ifes.edu.br

Helen Keller Escola de Cães-Guias – http://www.caoguia.org.br/

Cão-guia Brasilhttp://www.caoguiabrasil.com.br/

Instituto Írishttp://iris.org.br

Instituto Magnushttp://institutomagnus.org

Laboratório de Oftalmologia Comparada (Laboco) – UFPR.

(41) 3350-5622 – http://www.fb.com/oftalmologiacomparada

 

Referências

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02-FISHMAN, G. A. When your eyes have a wet nose: the evolution of the use of guide dogs and establishing the seeing eye. Survey of Ophthalmology, v. 48, n. 4, p. 452-458, 2003.

03-OSTERMEIER, M. History of guide dog use by veterans. Military Medicine, v. 175, n. 8, p. 587-593, 2010. doi: 10.7205/MILMED-D-10-00082.

04-COLE, J. B. ; FRANKE, D. E. ; LEIGHTON, E. A. Population structure of a colony of dog guides. Journal of Animal Science, v. 82, n. 10, p. 2906-2912, 2004. doi: 10.2527/2004.82102906x.

05-BRASIL. Lei nº 11.126, de 27 de junho de 2005. Dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 2005. 1 p. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11126.htm>.

06-BRASIL. Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006. Regulamenta a Lei nº 11.126, de 27 de junho de 2005, que dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhada de cão-guia e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 2006. 1 p. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5904.htm>.

07-IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010: pessoas com deficiência – Amostra 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rj&tema=censodemog2010_defic.>. Acesso em 14 de março de 2017.

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