No Rio de Janeiro, o mês de janeiro de 2018 foi marcado por uma grande quantidade de primatas não humanos mortos levados ao Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, o órgão municipal responsável pela necrópsia dos animais. Foram mais de uma centena, mais da metade mortos por agressões ou envenenamentos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Primatologia, devido à febre amarela silvestre no país, o Brasil vivencia um dos períodos de maior mortandade de primatas não humanos da Mata Atlântica da história, e alerta:
• os macacos são altamente sensíveis ao vírus da febre amarela, especialmente os bugios ou guaribas (Alouatta) e os saguis ou micos (Callithrix). Além disso, eles não têm acesso à vacina! A morte de macacos devido à doença serve como alerta aos órgãos de saúde sobre a necessidade de vacinação imediata da população humana. Ou seja, os macacos são vítimas do mesmo agente etiológico e ainda ajudam a sociedade se proteger, já que sua morte indica o risco da doença na região. Por isso, atuam como sentinelas da circulação do vírus da febre amarela;
• os macacos NÃO SÃO reservatórios da doença! Nos macacos, o vírus se mantém por um curtíssimo espaço de tempo. Assim como os seres humanos, são considerados hospedeiros do vírus, pois adoecem e morrem por conta dessa infecção. Os reservatórios do vírus e responsáveis por sua manutenção na natureza são os mosquitos silvestres, que podem transmiti-lo para novos hospedeiros durante toda a sua vida (cerca de 30 dias);
• ainda não é completamente conhecido o mecanismo pelo qual a doença pode percorrer extensões geográficas tão vastas como estamos presenciando neste momento.
Entretanto, há um consenso entre os especialistas de que os macacos NÃO SÃO responsáveis pela chegada do vírus a suas matas e NEM responsáveis pela disseminação da doença! Todo o conhecimento disponível sobre os hábitos dos macacos indica que eles permanecem em áreas restritas nas matas e raramente usam o solo e áreas desmatadas para se deslocar de um local para outro. Assim, é altamente improvável que os macacos levem a doença adiante por grandes distâncias.
Os mosquitos são vetores-reservatórios (transmissores do vírus), e, embora isso não seja cientificamente comprovado, as pessoas não vacinadas e infectadas pelo vírus poderiam, em tese, transportá-lo por grandes distâncias e contribuir para essa disseminação.