O material genético extraído de chifres de rinocerontes apreendidos com caçadores ou traficantes está ajudando a levar os criminosos para trás das grades em alguns países da África. O DNA obtido do chifre ou pó de chifre do animal e de manchas de sangue encontradas em roupas e facas tem servido como evidência do crime e permitido estabelecer penas mais severas nos países em que a caça foi banida – para extrair os chifres, vendidos a peso de ouro no mercado internacional, é preciso matar o animal.
A comparação do perfil genético do material confiscado com as informações disponíveis na base de dados Rhinoceros DNA Index System (RhODIS) já permitiu em alguns casos identificar de qual animal ele havia sido retirado. Desen vol vi da por uma equipe coordenada pela médica veterinária Cindy Harper, da Universidade de Pretória, na África do Sul, a RhODIS reúne informações genéticas de 3.085 rinocerontes-brancos (Ceratotherium simum) e 883 rinocerontes-negros (Diceros bicornis) de diferentes populações – am bas as espécies correm risco de extinção. Ao confrontar trechos do DNA extraídos de material biológico apreendido com as informações da base de dados, muitas provenientes de carcaças encontradas em parques nacionais, os pesquisadores conseguem saber a espécie do animal abatido e a que população pertencia. Desde 2010, a base já foi usada para produzir evidências em 120 processos criminais. Em janeiro, Cindy Harper e colaboradores dos Estados Unidos, da Rússia e de entidades africanas de proteção da vida selvagem relataram nove processos criminais em que a análise genética permitiu condenar caçadores ou traficantes de diferentes nacionalidades na África do Sul, no Quênia e na Namíbia (Current Biology, 8 de janeiro). Estima-se que na última década 7 mil desses animais tenham sido mortos na África para a retirada dos chifres. Formados por queratina, a proteína das unhas, os chifres são comercializados por até US$ 60 mil o quilo por seus supostos poderes medicinais (curaria de impotência a câncer).
Fonte: Pesquisa Fapesp
http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/03/20/dna-de-rinoceronte-leva-cacadores-a-prisao