2025 será um ano de comemorações, mas os preparativos começam agora!

Menu

Clinica Veterinária

Início Notícias Especialidades Integrativa Moxabustão na clínica de pequenos animais
Integrativa

Moxabustão na clínica de pequenos animais

Matéria escrita por:

Arthur de Vasconcellos Paes Barretto

5 de mar de 2018


Segundo a Federação Mundial de Sociedades de Acupuntura e Moxabustão (WFAS), mais especificamente em seu manual de Manipulações padronizadas de moxabustão: “Moxabustão é uma terapia que trata e previne doenças utilizando principalmente lã de moxa. A combustão da lã de moxa permite a transmissão de calor para os pontos de acupuntura e outras partes do corpo com várias mudanças patológicas. É uma terapia externa para o tratamento e/ou a prevenção de doenças e para promover a saúde do corpo”.

A moxabustão baseia-se nos mesmos princípios e conhecimentos dos meridianos de energia utilizados na acupuntura. Trata-se de técnica milenar que faz parte da medicina chinesa. No Brasil, é comum que a prática da moxabustão seja vista de forma preconceituosa em função do odor característico proveniente da sua queima, que tem como base a Artemisia vulgaris.

­

Vídeo pelo produzido pela Unesco, com legenda em português: “…o corpo humano atua como um pequeno universo
conectado por canais, e, que ao estimular fisicamente esses canais, o praticante pode promover as funções
autorreguladoras do corpo humano e trazer saúde ao paciente…” – http://youtu.be/AqN-NT94gG8

­

Vídeo publicado no YouTube por Alejandro Lorente, que ilustra o trajeto dos meridianos regulares –
http://youtu.be/_ad9_BZ9_m4

­­

Vídeo mostrando a boa aceitação da queima de bastão de moxa pelos cães – http://youtu.be/jXEwYk06s0U

­­

Aplicativos para iOs para identificação dos pontos nos meridianos – http://goo.gl/sVtpfB

­

Sistema Jing Luo

Para entender como funciona a moxabustão, é importante conhecer o sistema Jing Luo. Por meio dele a medicina chinesa identifica alterações no organismo e também promove tratamentos. A expressão Jing Luo define toda a rede de circuitos dos meridianos e seus vasos secundários.

A função desses meridianos e colaterais é efetuar conexões entre os órgãos (Zang) e as vísceras (Fu), comunicando-os com as extremidades, os tecidos e os órgãos sensoriais, e regular a função de cada parte do corpo.

O sistema Jing Luo é divido em Jing Mai e Luo Mai. Fazem parte do Jing Mai os 12 meridianos regulares e mais 8 meridianos extraordinários. No Luo Mai estão os meridianos colaterais e as ramificações.

Para o entendimento dos princípios da moxabustão, estão detalhados no Quadro 1 os meridianos regulares – os mais comumente usados pelas técnicas chinesas que atuam neles: a acupuntura e a moxabustão. Eles se interligam energeticamente, formam pares e se acoplam num relacionamento Yin/Yang, garantindo a comunicação entre um órgão (Zang-Yin) e uma víscera (Fu-Yang).­

­

Quadro 1 – Os 12 Meridianos regulares

­­

História da medicina chinesa

O conhecimento e o estudo desses meridianos faz parte da história da medicina chinesa. Inclusive, antigos registros também mostram a aplicação da acupuntura e da moxabustão em animais – principalmente em cavalos, que eram essenciais nas guerras e na agricultura. Os primeiros registros de acupuntura e moxabustão datam do período da dinastia Xi Zhou (1111-771 a.C).

As dinastias Qin e Han (221 a.C a 220 d.C) foram marcadas por grande desenvolvimento da medicina chinesa. Destaca-se na dinastia Qin o general Sun Yang, que exercia a medicina veterinária e escreveu o primeiro livro de acupuntura veterinária.

No século XVII, por meio dos jesuítas, propagou-se o termo acupuntura, derivado dos radicais latinos acuspungere, que significam “agulha” e “puncionar”. Originalmente, o vocábulo chinês que a define – Zhenjiu – tem sentido mais abrangente: literalmente, significa “agulha-moxabustão”.

Desde 1974, a Associação Internacional de Acupuntura Veterinária (International Veterinary Acupuncture Society – IVAS), vem trabalhando para o desenvolvimento de um padrão internacional, que inclui a padronização dos mapas dos pontos de acupuntura veterinária, bem como a descrição anatômica de todos os pontos presentes em cada meridiano.

No Brasil, esse trabalho vem sendo multiplicado pela Associação Brasileira de Acupuntura Veterinária – (Abravet), que desde 2014 é responsável pela avaliação de candidatos ao título de especialista em acupuntura veterinária.

 

Moxa direta e indireta

Há diversas variações nas formas de moxabustão, mas, basicamente, é importante ter em mente dois tipos básicos: a direta e a indireta. A direta é feita queimando-se um cone de moxa diretamente sobre a pele. Na medicina veterinária, ela é pouco praticada, pois envolve a tricotomia do animal. A indireta é feita inserindo-se uma fatia de alho ou gengibre entre a pele e o cone de moxa ou por meio da queima suspensa de bastões de moxa, que pode ser feita manualmente, segurando-se o bastão ou por meio de diversos aparatos elaborados com a finalidade de transmitir o calor da queima da moxa sem que ela esteja em contato direto com a pele. Além disso, há diversos utensílios criados para a aplicação da moxa indireta: caixa para moxabustão, thermies e cachimbo de moxa, entre outros.

­

Utensílios para moxabustão indireta. 1) base para moxa palito, 2) moxa cachimbo, 3) thermies e 4) caixa de moxa

­

1) Detalhe do cone de moxa para moxabustão direta, 2) moxa botão, 3) bastões de moxa, 4) lã de moxa para produzir os cones

­

Pesquisa

Uma análise dos trabalhos publicados na China sobre moxabustão durante o período de 1954 a 2007 mostrou que a técnica pode tratar até 364 tipos de doenças.

O mecanismo de ação da acupuntura sob o enfoque da neurociência tem revelado uma clara relação entre o sistema nervoso e os conceitos dos antigos chineses. Um dos pioneiros no estudo do mecanismo neuro-humoral da acupuntura é Ji-Sheng Han, que em 1986 publicou um resumo das vias neurais implicadas na ação da acupuntura. Pesquisas posteriores vieram corroborar a asserção sobre o envolvimento de neurotransmissores no seu mecanismo de ação.

Os trabalhos modernos de pesquisa envolvendo os mecanismos de ação da moxabustão levam em conta a comparação dos efeitos térmicos produzidos pela moxabustão direta e indireta, os efeitos de radiação infravermelha e os farmacológicos, gerados por meio da combustão da moxa e seus produtos.