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Recomendações sobre vacinação para médicos-veterinários de pequenos animais da América Latina

Um resumo do relatório do Grupo de Diretrizes de Vacinação da WSAVA


Introdução

O Grupo de Diretrizes de Vacinação (Vaccination Guidelines Group – VGG) da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (World Small Animal Veterinary Association – WSAVA) foi estabelecido em 2004 com o objetivo de fornecer diretrizes baseadas em evidências científicas que pudessem ser aplicadas globalmente por médicos-veterinários de pequenos animais sobre a melhor conduta para vacinação de cães e gatos. O VGG estabeleceu diretrizes de vacinação globais para veterinários pela primeira vez em 2007, que foram atualizadas em 2010 e 2016 1 e traduzidas para vários idiomas. O documento completo, traduzido para o português, pode ser obtido na página do VGG pelo link https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/01/WSAVA-vaccination-guidelines-2015-Portuguese.pdf . O foco principal das diretrizes de vacinação da WSAVA são cães e gatos que vivem predominantemente dentro ou nos arredores dos domicílios de seus tutores (e não os que vivem 100% do tempo livres ou em grandes grupos). De 2012 a 2014, o VGG trabalhou em um projeto regional enfocando os requisitos de vacinação de pequenos animais na Ásia 2. A partir do sucesso daquele, realizou um segundo projeto regional na América Latina entre 2016 e 2019.

O presente artigo representa um resumo do resultado final desse projeto para a América Latina, com maior enfoque nos dados epidemiológicos do Brasil. O documento na íntegra, em português, pode ser obtido no endereço https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/08/Recommendations-on-vaccination-for-Latin-American-small-animal-practitioners-Portuguese.pdf. Ele resume os principais desafios enfrentados pelos médicos-veterinários de pequenos animais na América Latina e faz uma série de recomendações para ações futuras que podem beneficiar a profissão, os tutores de animais de estimação e os cães e gatos nesses países. Esse documento é um complemento às diretrizes globais de vacinação de cães e gatos. Sugerimos a leitura destas, em que vários conceitos – tais como imunidade derivada de anticorpos maternos, janela de suscetibilidade, duração de imunidade e de proteção, imunidade de rebanho e tipos de vacinas – são apresentados e discutidos detalhadamente.

O VGG reconhece que a América Latina é uma região vasta e diversa, composta por numerosos países com condições geográficas, climáticas, culturais e socioeconômicas distintas que podem ter impacto nos cuidados dos animais de estimação, na prevalência e na distribuição das suas principais doenças infecciosas e na acessibilidade aos cuidados de saúde preventiva para essas populações de animais. Não foi possível visitar cada país da região, mas, conforme descrito abaixo, reunimos dados extensos nos quais baseamos nossos comentários e recomendações. Acreditamos que a maioria dessas recomendações terão aplicabilidade em toda a América Latina.

 

Metodologia

O objetivo principal do projeto foi reunir o máximo possível de informações e evidências científicas referentes à clínica de pequenos animais, a doenças infecciosas que podem ser prevenidas por vacinas e à vacinação de cães e gatos, para servir de base sólida às recomendações a serem feitas subsequentemente. Para isso, o VGG realizou visitas para levantar informações na Argentina (Buenos Aires e Rosário, em 2016), no Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro, em 2017) e no México (Cidade do México, Guadalajara e Monterrey, em 2018). Cada uma dessas visitas foi estruturada da mesma forma e envolveu discussões formais em pequenos grupos com os principais líderes de opinião, incluindo: 
I. clínicos veterinários particulares; 
II. representantes de associações veterinárias de pequenos animais; 
III. docentes de medicina veterinária envolvidos em pesquisa de doenças infecciosas em pequenos animais e no ensino de microbiologia, imunologia, clínica médica e vacinologia; 
IV. funcionários do governo responsáveis pela avaliação e pelo licenciamento de vacinas para pequenos animais; e 
V. representantes de fabricantes e distribuidores nacionais e internacionais de vacinas.

As reuniões formais foram complementadas com visitas a clínicas veterinárias em cada uma das sete cidades, selecionadas de forma a que se visitassem clínicas de diferentes tamanhos e padrões. A literatura científica relevante para a missão do VGG foi coletada por meio de pesquisa em bancos de dados online e diretamente através dos professores universitários participantes das reuniões com os principais líderes de opinião. Durante 2019, o VGG se reuniu para discutir as informações e redigir o relatório final.

Para ampliar as informações obtidas por meio dessas reuniões presenciais, o VGG desenvolveu um questionário que foi encaminhado para clínicos particulares de vários países. O questionário foi projetado usando o Google Forms e foi acessado e respondido online. Foi disponibilizado em português e espanhol, com a instrução de que somente um veterinário de cada clínica respondesse à pesquisa e o fizesse anonimamente. As respostas foram analisadas (usando as ferramentas do programa de pesquisa do Google) e resumidas. Por meio da pesquisa, o VGG reuniu informações sobre: 
I. os dados demográficos dos veterinários que responderam ao questionário; 
II. clínicas veterinárias e seu acesso a laboratórios de diagnóstico; 
III. doenças infecciosas caninas e felinas observadas nas clínicas; e 
IV. vacinas caninas e felinas, e protocolos de vacinação usados nas clínicas. 

Um dos objetivos do projeto era fornecer educação contínua (EC) em vacinologia de pequenos animais aos veterinários da América Latina. Portanto, em cada uma das sete cidades visitadas, os membros do VGG realizaram EC com meio dia de duração, que consistia em uma série de palestras. Ao final delas surgiram inúmeras perguntas. Algumas delas, com as respectivas respostas, encontram-se no fim deste documento. A lista completa de perguntas e respostas pode ser obtida no documento original publicado no site da WSAVA em português.

 

Diretrizes de vacinação baseadas em evidência

As diretrizes globais de vacinação de 2016 da WSAVA foram formuladas de acordo com os princípios da medicina veterinária baseada em evidência. O VGG reconheceu que a qualidade de tal evidência é variável e desenvolveu um novo esquema de classificação para categorizar a qualidade da evidência relacionada à vacinologia. Nós aplicamos o mesmo esquema às afirmações e recomendações realizadas neste documento. A classificação do VGG é a seguinte:

Categoria 1: uma recomendação respaldada por publicação científica em revista avaliada por pares, contendo dados experimentais ou de campo. A evidência dentro desta categoria pode ainda ser de qualidade científica variável, apesar da revisão por pares, que não obedece a um padrão universal.

Categoria 2: uma recomendação respaldada por estudos comercialmente confidenciais não publicados, submetidos como parte de um pacote regulatório para o licenciamento de vacinas veterinárias. O pressuposto para este nível de evidência é de que as informações que aparecem nas bulas dos produtos tenham sido submetidas à revisão por pares pelas autoridades reguladoras competentes.

Categoria 3: uma recomendação respaldada por dados experimentais ou do campo, comerciais ou independentes, que não tenham sido publicados na literatura científica revisada por pares ou não tenham sido incluídos em um pacote regulatório formal e submetidos à avaliação de autoridades reguladoras.

Categoria 4: uma recomendação não respaldada por dados experimentais ou do campo, mas assumida pelo conhecimento dos “princípios básicos” da microbiologia e da imunologia ou respaldada por opinião de especialistas amplamente reconhecidos.

Ao longo deste documento, as afirmações serão acompanhadas por um qualificador [EC1], [EC2], [EC3] ou [EC4] refletindo uma “base de evidência” das categorias 1, 2, 3 ou 4, respectivamente. Para cada ocasião em que foram citadas, foi utilizado somente o nível de evidência mais rigoroso disponível.

 

Situação da América Latina 

A profissão veterinária e a educação veterinária

O VGG discutiu dados demográficos com colegas vinculados a universidades e a associações de classe na Argentina, no Brasil e no México. O número de faculdades de medicina veterinária foi estimado em 21 na Argentina e 45 no México, incluindo universidades públicas e privadas. O crescimento mais extraordinário foi observado no Brasil, onde ocorreu um aumento marcante no número de instituições privadas que oferecem cursos de medicina veterinária – existem atualmente mais de 400 escolas no país (Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV, comunicação pessoal). Não existem currículos nacionais centralizados, e o conteúdo e o padrão do ensino parecem ser bastante variáveis. Observaram-se grandes diferenças nos currículos no tocante ao ensino de doenças infecciosas, imunologia e vacinologia de animais de estimação. De forma similar, verificamos que as abordagens para ensinar a aplicação clínica da vacinação em consultórios veterinários são inconsistentes.

A educação continuada não é obrigatória para os médicos-veterinários, e não há nenhuma ferramenta para registrar ou reconhecer a participação deles em desenvolvimento profissional. As oportunidades de educação continuada são fornecidas por meio de congressos promovidos por entidades de classe, congressos comerciais privados e palestras (físicas e online) fornecidos pela indústria ou por órgãos privados. No Brasil, em particular, a indústria tem um programa ativo para fornecer educação continuada em vacinologia por meio de apoio a palestras sobre o assunto. Na América Latina, muitas clínicas veterinárias são pequenas e administradas apenas por um veterinário. Isso cria um desafio para que esses veterinários consigam deixar o consultório para participar de eventos de educação continuada.

Muitos dos colegas professores com os quais o VGG se reuniu estavam envolvidos e publicando pesquisa científica sobre doenças infecciosas em animais de estimação. Esses estudos formam a literatura baseada em evidência da América Latina e, onde apropriado, encontram-se citados neste documento. Da mesma forma como acontece em outras partes do mundo, na América Latina a obtenção de recursos para o desenvolvimento de pesquisas científicas direcionadas a animais de estimação constitui um desafio, mas, devido à significância zoonótica da leishmaniose visceral canina, esta é uma doença particularmente bem investigada no Brasil. Nas clínicas veterinárias existem muitos problemas com o diagnóstico de doenças infecciosas em pequenos animais. A maioria delas tem acesso a kits rápidos para o diagnóstico sorológico dessas doenças, mas não a laboratórios de diagnóstico que ofereçam metodologias alternativas. Há geralmente uma falta de entendimento no que diz a respeito às limitações dos testes utilizados e aos métodos mais apropriados para confirmar um diagnóstico de doença infecciosa.

 

Doenças infecciosas que podem ser prevenidas por vacinas em pequenos animais

O VGG obteve informações sobre a natureza e a prevalência das doenças infecciosas caninas e felinas que podem ser prevenidas por vacinas na América Latina utilizando três métodos: 
I, revisão da literatura científica revisada por pares; 
II. discussão com os principais líderes de opinião em reuniões de pequenos grupos; e 
III.questionário encaminhado aos veterinários, conforme descrito acima.

Os resultados do questionário demonstraram claramente que, nos cinco países pesquisados, as principais doenças infecciosas caninas e felinas que podem ser prevenidas por vacinação ainda são observadas por médicos-veterinários.

Nas seções abaixo, fornecemos um resumo da literatura científica relevante publicada no Brasil sobre essas doenças infecciosas caninas e felinas. São escassos os estudos epidemiológicos de alta qualidade avaliando a distribuição das doenças infecciosas na América Latina, e, embora existam alguns relatos, apenas alguns estudos publicados definiram as doenças com base na apresentação clínica com diagnóstico laboratorial confirmatório. Os testes confirmatórios nem sempre estão disponíveis em muitas partes da América Latina, especialmente nos locais onde não existe nenhum laboratório de diagnóstico veterinário, o que obriga os veterinários a utilizarem laboratórios de diagnóstico humano. Além do mais, os testes diagnósticos, especialmente as análises moleculares (isto é, reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa – RT-PCR), são às vezes muito caros, fazendo com que muitas vezes o médico-veterinário conte somente com o exame físico e o exame hematológico simples.

 

Doenças infecciosas caninas no Brasil

Embora as doenças como as causadas por infecção pelos vírus da cinomose (CDV) e da parvovirose (CPV-2) possam ser prevenidas por vacinação, em muitos países da América Latina elas ainda são um problema, devido ao fato de as taxas de vacinação (isto é, a imunidade de rebanho) serem muito baixas e de haver um elevado número de cães de rua que nunca foram vacinados 3 [EC1]. Um outro problema é que em alguns países da América Latina não se exige que a vacinação seja realizada somente por veterinários. Portanto, a vacinação sem o exame clínico ou sem considerar a qualidade e a viabilidade do produto vacinal é uma prática comum. Também é possível o tutor de um animal de estimação comprar uma vacina de um comerciante agrícola, sem armazenamento e manuseio apropriados, e administrá-la em sua própria casa, sem exame clínico por um veterinário e sem o transporte ou a manutenção adequados do produto. O exame clínico regular por um veterinário, incluindo a imunização adequada dos cães com as vacinas essenciais, é ainda um procedimento incomum entre os tutores de cães em muitas partes da América Latina. Embora não existam estudos formais da prevalência na maioria desses países, existem teses e resumos de estudos em repositórios de bibliotecas universitárias, e algumas publicações demonstrando que as doenças infecciosas que podem ser prevenidas por vacinação ainda estão presentes na maioria deles.

 

Cinomose canina

Uma meta-análise de estudos transversais abordando a prevalência global do CDV mostrou que a maioria dos artigos da América Latina era proveniente do Brasil, da Argentina e do Chile4[EC1]. A prevalência da cinomose canina no Brasil variou de < 10% a 41-50% quando o diagnóstico se baseou em estudos moleculares. Nos estudos baseados em sorologia, a soroprevalência variou de 10-20% a > 70% no Brasil4,5[EC1]. Outros estudos confirmam que o CDV está presente no Brasil6-8[EC1].

 

Parvovirose canina 

No sul do Brasil, há relatos da soroprevalência da exposição ao CPV-2 de 68,7% (561/817) em cães não vacinados 5 [EC1]. Um estudo conduzido com 104 cães com diarreia no Brasil identificou o CPV-2 por PCR em amostras fecais de 34,6% (36/104) dos cães 9 [EC1]. Outros estudos demonstram que o CPV-2 está presente no Brasil 6,10 [EC1].

 

Infecção pelo adenovírus canino

Embora muitos veterinários reportem que observam casos de hepatite infecciosa canina (causada pelo adenovírus canino tipo 1 – CAV-1) nos países da América Latina, os relatos de casos com confirmação do diagnóstico são raros. No Brasil foram revisados relatórios de necropsia de 5.361 cães durante um período de 43 anos (1964 a 2006), e 62 (1,2%) casos de hepatite infeciosa canina foram diagnosticados com base na história, na avaliação macroscópica e microscópica e na presença de corpúsculos de inclusão hepáticos 11 [EC1]. Outros estudos também confirmaram a presença de CAV-1 no Brasil 12-15 [EC1].

 

Complexo respiratório infeccioso canino (Cric)

Um estudo conduzido em três abrigos no sul do Brasil demonstrou, por PCR de swabs nasais, que o CAV-2 estava presente como única infecção em 5,4 e 7,8% dos cães em dois abrigos, enquanto o vírus da parainfluenza canina (CPiV – vírus da parainfluenza tipo 5) foi encontrado em 29,7 e 8,6% dos cães, respectivamente. O CAV-2 estava presente como coinfecção com CDV em 2,7%, CAV-2 com CPiV em 22,9%, CPiV e CDV em 4% e CAV-2, CDV e CPiV em 13,5% dos cães em um dos abrigos8[EC1].

 

Leptospirose

Embora existam muitos estudos demonstrando uma alta soroprevalência de leptospirose em cães nos países da América Latina, há poucas publicações em cujo relato o agente foi isolado para identificar o sorovar causador da doença. O teste de aglutinação microscópica (MAT) é o método de diagnóstico de escolha para a leptospirose canina; no entanto, ele não é eficaz para confirmar o sorovar infectante. Estudos envolvendo o isolamento de leptospiras de cães são recomendados para fins epidemiológicos, assim como para a seleção de antígenos para o desenvolvimento de ensaios diagnósticos e de vacinas 16 [EC1]. Durante as visitas do VGG aos países da América Latina, uma outra situação comumente relatada foi o diagnóstico da leptospirose baseado no teste de uma única amostra de sangue, às vezes considerando o sorovar com mais alto título como o causador da infecção. Embora, na presença de sinais clínicos, um único título > 800 possa sugerir uma infecção, ele não pode confirmar o diagnóstico. O MAT deve ser realizado com amostras de soro pareadas, coletadas com uma a duas semanas de intervalo. Uma elevação de quatro vezes no título de anticorpos confirma uma infecção recente 16 [EC1]. O sorogrupo com o título mais elevado muitas vezes é interpretado como sendo o infectante; contudo, o título mais elevado no MAT pode variar ao longo do tempo, indicando que este método não prediz confiavelmente o sorogrupo infectante em animais com infecção aguda 17 [EC1]. Outro problema verificado nos países da América Latina é a falta de padronização e controle de qualidade em laboratórios que realizam o MAT para o diagnóstico da leptospirose, o que determina a variação dos resultados.

A leptospirose em cães é causada principalmente pela Leptospira interrogans e pela Leptospira kirschneri 16 [EC1]. No entanto, a Leptospira noguchii 18 [EC1] e a Leptospira santarosai 19[EC1] também foram isoladas de cães no Brasil. Os sorovares de Leptospira interrogans mais frequentemente isolados tanto de cães doentes como de cães aparentemente sadios no Brasil foram Canicola e Copenhageni 20-23 [EC1]. A L. interrogans sorovar Pomona foi isolada de inúmeros cães em um estudo 20 [EC1]. A L. interrogans sorovar Pomona foi isolada de inúmeros cães em um estudo publicado em 1980.

 

Raiva canina

Os casos de raiva humana e canina foram reduzidos em aproximadamente 90% ao longo dos últimos 20 anos nos países da América Latina após os programas de vacinação em massa 24 [EC1]. Embora a Costa Rica, a Guiana Francesa, a Guiana, o Panamá, o Suriname e o Uruguai estejam livres da raiva canina, outros países ainda relatam casos dessa zoonose 25,26 [EC1].

 

Leishmaniose visceral canina

A leishmaniose visceral canina (LVC) pode ser observada do México até a Argentina, com casos autóctones relatados em vários países. O número de cães infectados na América Latina é estimado em milhões, havendo altas taxas de infecção, especialmente no Brasil 27. A maioria dos estudos epidemiológicos é conduzida utilizando sorologia, no entanto, a utilização da PCR em áreas endêmicas tem confirmado que a prevalência da infecção nos cães é muito maior do que a soroprevalência 28. A soroprevalência da LVC nas áreas endêmicas do Brasil varia de 3,1 a 36,0% 27,29,30 [EC1].

 

Doenças infecciosas felinas no Brasil

Infecção pelo parvovírus felino (Panleucopenia felina)

Poucos estudos foram publicados em periódicos revisados por pares com um diagnóstico confirmado dessa doença. Em alguns o diagnóstico foi sorológico 31 [EC1], em outros a infecção por FPV foi confirmada por imuno-histoquimíca 32 [EC1] ou por PCR 33 [EC1].

 

Infecção do trato respiratório superior felino

Poucos estudos foram publicados em periódicos revisados por pares com diagnóstico confirmado de infecção por herpesvírus felino (FHV-1), calicivírus felino (FCV) ou Chlamydia felis. Um estudo com 302 gatos do sul do Brasil com e sem sinais clínicos de doença respiratória relatou isolamento de FHV-1 e FCV, com confirmação por PCR, em 11,2% (34/302) e 8,6% (26/302) dos animais, respectivamente 34 [EC1]. Em outro estudo feito no Brasil com 108 filhotes não vacinados com e sem conjuntivite, 57,4% (62/108) apresentavam infecção por FHV-1, 37,0% (40/108) por FCV e 24,1% (26/108) por C. felis, confirmadas por PCR 35 [EC1]. C. felis foi também identificada por PCR em 6,2% (9/145) 36 [EC1] e em 58% (18/31) 37 [EC1] dos gatos com sinais clínicos em dois estudos no Brasil.

 

Retroviroses felinas

A maioria dos estudos de prevalência de infecção pelos vírus da leucemia felina (FeLV) e da imunodeficiência felina (FIV) nos países da América Latina são provenientes do Brasil. Nos países desenvolvidos, a prevalência de infecção por FeLV é geralmente baixa; no entanto, em alguns países da América Latina ela parece ser elevada.

A prevalência de infecção por FeLV relatada no Brasil varia de acordo com a região estudada e da técnica utilizada, com valores variando de 0,33% a 47,5% 38-45 [EC1]. A ocorrência de leucemia foi associada à infecção pelo FeLV em 78,4% (29/37) dos casos em um estudo conduzido no Brasil 46,47 [EC1].

A prevalência do FIV no Brasil parece ser menor do que a do FeLV, com estudos demonstrando valores variando de 3,33% a 14,7% (67/454) por PCR 38-40,42,43,48-50 [EC1]. Em um estudo conduzido no sul do Brasil com 40 gatos que apresentavam sinais clínicos de infecção por FIV, 15 (37,5%) tiveram a infecção confirmada por PCR 51 [EC1].

 

Raiva felina

A raiva em gatos foi relatada em muitos países da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, República Dominicana, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Peru e Venezuela) de 2005 a 2015 25 [EC1].

 

Vacinas e prática de vacinação

As informações sobre a prática de vacinação derivam das reuniões com os principais líderes de opinião, do questionário e das visitas às clínicas. Sabe-se que há subvacinação das populações de animais de estimação nos países da América Latina, onde existem duas fontes principais de vacinas para cães e gatos. A maioria das vacinas é produzida pelas principais indústrias farmacêuticas mundiais, cujos produtos ou produtos relacionados são os mesmos comercializados em outras regiões e países do mundo. Tais produtos são respaldados por dossiês de licenciamento nos Estados Unidos e Europa que descrevem sua qualidade, segurança e eficácia, e geralmente por literatura científica independente revisada por pares. Neste documento, vamos denominá-los “vacinas internacionais” ou “vacinas de qualidade garantida”. A segunda fonte de vacinas são, menos comumente, os fabricantes nacionais. O VGG não conseguiu avaliar a qualidade, a segurança e a eficácia de tais produtos, que não são necessariamente respaldados por literatura científica independente revisada por pares. Por esse motivo, todas as recomendações deste documento (com a única exceção das vacinas contra Leishmania no Brasil, que serão discutidas especificamente abaixo) se referem somente às vacinas internacionais de qualidade garantida.

No entanto, embora a maioria das vacinas seja derivada de fabricantes internacionais, existem produtos diferentes e muito menos linhas de produtos disponíveis nos países da América Latina, quando comparados aos mercados, por exemplo, dos Estados Unidos ou da Europa. Existem: 
I. menos produtos da linha de um fabricante disponíveis;
II. produtos únicos de um fabricante internacional que não estão disponíveis em outras regiões (p. ex., a vacina contra giárdia, que foi removida da maioria dos mercados globais, com exceção da América Latina, e será discutida especificamente abaixo);
III. uma tendência para vacinas polivalentes (com múltiplos antígenos), em vez das combinações com menos antígenos que estão hoje em dia  amplamente disponíveis em outros locais; e
IV. diferenças com relação à duração de imunidade licenciada para a mesma vacina comercializada em outras partes do mundo e na  América Latina.

Todos esses fatores tornam difícil para os médicos-veterinários da América Latina vacinar de acordo com as atuais diretrizes globais de vacinação da WSAVA. Em particular, a administração das vacinas essenciais a cães e gatos adultos em frequência não maior do que a cada 3 anos é um grande desafio, uma vez que não é possível obtê-las com apenas três componentes (p. ex., uma combinação de CDV, CAV e CPV-2 ou uma combinação de FPV, FHV-1 e FCV). Esses antígenos essenciais encontram-se associados a múltiplos antígenos não essenciais em vacinas polivalentes. O desafio torna-se maior quando a duração da imunidade (DI) licenciada para antígenos essenciais na América Latina é de 1 ano, enquanto produtos idênticos em outros mercados trazem a declaração de DI mínima de 3 anos. Como verificamos em outros locais, existe uma relutância em aceitar que um produto licenciado para 1 ano possa ser usado, “fora da indicação”, a cada 3 anos (com consentimento informado do cliente), embora o produto idêntico seja autorizado para utilização desse modo em outras regiões do mundo. Esse “estágio de transição” no uso de vacinas essenciais foi mais rapidamente adotado pelos médicos-veterinários dos Estados Unidos, Canadá e Europa do que tem sido, ou provavelmente será, nos mercados como os da América Latina.

Como verificamos na Ásia, existem também desafios em torno da vacinação contra raiva em clínicas veterinárias (em oposição às campanhas de vacinação em massa conduzidas pelo governo). A vacinação antirrábica é obrigatória por lei e deve ocorrer anualmente, sendo que atualmente as vacinas antirrábicas inativadas internacionais têm uma DI licenciada de 1 ano na maioria dos países da América Latina. Contudo, produtos idênticos em outros mercados globais têm atualmente uma DI licenciada de 3 anos. Para que haja um avanço na América Latina, os fabricantes e as agências regulatórias precisarão trabalhar para estender a indicação da DI desses produtos utilizados em clínicas veterinárias, e, ao mesmo tempo, as associações profissionais veterinárias precisarão fazer pressão para alterar a lei (como já aconteceu em vários outros países), de modo que esta fique condizente com a ciência.

Além do mais, na América Latina as clínicas veterinárias geram uma proporção importante de sua receita por meio da venda de vacinas aos clientes. Em nossas visitas às clínicas, notamos repetidamente grandes placas sobre as mesas de recepção relacionando as vacinas comercializadas e seus preços. Isso deixou claro que os clientes, com ou sem o aconselhamento do médico-veterinário, precisariam selecionar as vacinas que seus animais receberiam com base em suas condições de pagamento.

Os conceitos de checkup anual e incorporação da vacinação em um programa de cuidados preventivos de saúde para o animal de estimação (um “plano de saúde” da clínica) constituíam uma novidade para vários membros da comunidade veterinária na América Latina. Pelo fato de a venda de vacinas sustentar a receita das clínicas, existe também uma cultura de que “mais é melhor”. Os médicos-veterinários quase que exclusivamente administram a vacinação anualmente, utilizando a vacina que contenha a maior combinação de antígenos. Os clientes foram acostumados a visitar o médico-veterinário anualmente para um “reforço vacinal”. A administração anual de vacinas contendo múltiplos componentes é considerada preferível, pelo fato de o cliente ser levado a acreditar que essa abordagem seja a melhor. Foi-nos dito repetidamente que os médicos-veterinários “perderiam seus clientes” se não oferecessem vacinação anual com o maior número possível de antígenos. Há um certo “círculo vicioso” nesse conceito, pois os fabricantes continuam a fornecer e promover produtos com múltiplos componentes que podem incluir (para o cão) algo como até 10 antígenos diferentes.

Um problema adicional enfrentado pelos médicos-veterinários da América Latina é que a vacinação de um animal de estimação não é restrita à clínica veterinária. As pet shops podem vacinar filhotes de cães e gatos antes da venda, e os tutores podem obter vacinas para administrar em seus animais utilizando protocolos vacinais considerados deficientes.

Da mesma forma que o VGG observou durante o projeto na Ásia, existem também questões comuns e simples relativas à “gestão operacional da vacina” nas clínicas veterinárias da América Latina. Essas questões estão amplamente relacionadas ao armazenamento de vacinas na clínica, que frequentemente ocorre em refrigeradores domésticos de uso múltiplo, sem monitoramento da temperatura e junto com múltiplos medicamentos (e frequentemente com alimentos e bebidas para consumo humano). Durante nosso projeto asiático, o VGG produziu algumas diretrizes simples para a gestão operacional efetiva da vacina, que foram replicadas e estendidas neste documento (Figura 1).

 

Gestão operacional das vacinas: pontos principais para os médicos-veterinários
• As vacinas devem ser mantidas em um refrigerador que seja utilizado para armazenar apenas medicamentos e vacinas (e não gêneros alimentícios ou bebidas).
• O suprimento de eletricidade para o refrigerador das vacinas deve ser protegido contra desligamentos inadvertidos por meio do uso de geradores, tomadas elétricas que não podem ser desligadas e um plugue claramente marcado com a indicação “Não desligue”.
• O suprimento de eletricidade para o refrigerador das vacinas deve ser protegido contra desligamentos inadvertidos por meio do uso de geradores, tomadas elétricas que não podem ser desligadas e um plugue claramente marcado com a indicação “Não desligue”.
• As vacinas devem ser armazenadas no refrigerador com espaço adequado para circulação de ar, de modo que a temperatura se mantenha constante ao redor dos produtos.
• As vacinas devem ser armazenadas no refrigerador dentro da embalagem do fabricante.
• Determinadas prateleiras devem ser designadas para vacinas específicas, cuja localização deve ser registrada em uma lista fora do refrigerador. Isso fará com que a porta se mantenha aberta por menos tempo ao acessar as vacinas.
• Não se deve estocar vacinas em excesso.
• Um novo estoque deve ser colocado na parte do fundo do refrigerador.
• As vacinas transportadas para o campo devem também ficar sujeitas à continuação da “cadeia fria”. Elas devem ser transportadas em uma caixa térmica, mas não colocadas em contato direto com o gelo ou com as bolsas de gelo.
• As vacinas liofilizadas devem ser reconstituídas imediatamente antes do uso, com o diluente apropriado ou a vacina líquida administrada concomitantemente (de acordo com as especificações do fabricante). Não é uma boa prática, e é contraindicado, preparar logo cedo as vacinas previstas para serem utilizadas durante o dia. Alguns componentes das vacinas (por exemplo, CDV, FHV-1) são particularmente instáveis, e, portanto, elas podem não induzir imunidade adequada se não forem reconstituídas imediatamente antes do uso.
• As vacinas só devem ser misturadas na mesma seringa se isso for especificado como aceitável nas bulas do fabricante.
• As seringas e agulhas utilizadas para vacinação não devem ser reutilizadas.
• Os locais da injeção da vacina não devem ser esterilizados com álcool ou outros desinfetantes, pois isso pode inativar as vacinas infecciosas (contendo vírus vivo modificado).
• As vacinas devem estar “dentro da data de validade”, e os detalhes precisos dos números de lotes, componentes e local da injeção devem ser anotados na ficha médica do animal.
Figura 1 – Gestão operacional das vacinas: pontos principais para os médicos-veterinários

 

Concomitantemente ao projeto do VGG na América Latina, um projeto realizado pela Federação Iberoamericana de Associações Veterinárias de Animais de Companhia (Fiavac) foi gerenciado pelo Comitê Latinoamericano de Vacinologia de Animais de Companhia (Colavac) com o objetivo de produzir diretrizes de vacinação que considerem as idiossincrasias epidemiológicas e culturais da prática veterinária nessa região. O estabelecimento do Colavac está inteiramente dentro do espírito das diretrizes de vacinação da WSAVA, que em 2016 estabelecem claramente: “Estas diretrizes não são um decreto obrigatório, mas de preferência devem ser usadas pelas associações nacionais e por clínicas veterinárias para desenvolver esquemas de vacinação relevantes para a situação local”. O Colavac é precisamente, portanto, um exemplo daquela recomendação, e congratulamos a Fiavac por essa importante iniciativa. As diretrizes do Colavac foram disponibilizadas para o Brasil, a Argentina, o México e o Peru (http://www.fiavac.org/guias.php); no entanto, os leitores notarão que as recomendações de uso das mesmas vacinas diferem nesses países, e às vezes também divergem das recomendações feitas pelo VGG no presente manuscrito. Existem algumas razões importantes que podem explicar essa última observação, e elas estão relacionadas ao que se considera um trabalho ideal realizado por um grupo de especialistas que produz diretrizes. Em primeiro lugar, esse grupo de especialistas deve ser completamente independente da indústria de vacinas e não deve incluir representantes dela nos comitês, ou ter a colaboração ou o direito de veto de patrocinadores ligados a ela. Como os leitores podem observar pela declaração do Conflito de Interesse que encerra o presente manuscrito, o VGG é considerado um comitê acadêmico completamente independente. Em segundo lugar, as diretrizes devem ser baseadas em evidência e respaldadas, sempre que possível, por literatura publicada em revistas científicas cuja avaliação é feita por pares. O VGG desenvolveu uma hierarquia baseada em evidência para a vacinologia 1, que é aplicada às suas diretrizes globais e agora regionais. Finalmente, as próprias diretrizes devem ser submetidas à revisão por pares e ser publicadas em revistas científicas respeitáveis. Os documentos do VGG sempre foram submetidos a essa revisão independente, e são publicados na revista científica oficial da WSAVA, o Journal of Small Animal Practice. Como apenas uma minoria dos médicos-veterinários no Brasil acessam revistas cientificas internacionais, bem como os documentos disponibilizados no site da WSAVA, o VGG optou por publicar parte das “Recomendações sobre a vacinação para médicos-veterinários de pequenos animais da América Latina” na revista Clínica Veterinária, importante revista científica de educação continuada para o médico-veterinário de pequenos animais no Brasil.

 

Recomendações do VGG para a América Latina

Fornecimento de vacinas

Como ficará claro pelas recomendações feitas abaixo, há um desafio particular na implementação das diretrizes globais de vacinação na América Latina. Isso está relacionado simplesmente à falta de linhas de produtos com um mínimo de antígenos que estão amplamente disponíveis nos Estados Unidos, na Europa e em outros mercados, e que permitem que os médicos-veterinários daqueles países vacinem de acordo com as diretrizes da WSAVA. Até que haja uma mudança das vacinas multiantigênicas (contendo algo como até 10 diferentes antígenos) em direção às vacinas essenciais trivalentes ou bivalentes e às não essenciais monovalentes ou bivalentes, será desafiador para os médicos-veterinários da América Latina adotar os novos padrões de vacinologia que estão agora bem incorporados em muitos outros países. Quando tais linhas de produtos estiverem mais amplamente disponíveis (atualmente isso acontece apenas na Argentina), será necessário informar a melhor forma de utilizá-los e mudar radicalmente os costumes para adotar o conceito de saúde preventiva fornecida por meio de uma verificação anual da saúde ou de um plano de saúde, em oposição à deliberada comercialização de vacinas como condutores comerciais de importância central na clínica veterinária.

Um desafio importante para fazer tais mudanças está na identificação de quem tem responsabilidade por conduzi-las. Indiscutivelmente, a indústria veterinária deve liderá-las, trazendo linhas de produtos reformulados para a América Latina, mas isso não pode acontecer sem o suporte da profissão veterinária, por meio das associações profissionais, e sem alguma flexibilidade nas exigências para o licenciamento de vacinas. Com relação a este último, o VGG apoia a divulgação de estudos realizados em outros países para a concessão de novas licenças. No mínimo, não ter que realizar estudos adicionais para produtos que já estão licenciados nos Estados Unidos, Canadá e Europa propiciaria benefícios significativos para o bem-estar dos animais.

Há ainda o desafio de que em vários países da América Latina tutores e criadores conseguem comprar vacinas e aplicá-las em cães e gatos sem a supervisão de um médico-veterinário. Deve haver uma mudança de mentalidade para que as clínicas veterinárias que simplesmente vendem vacinas passem a vender um programa de cuidados de saúde preventiva, baseado em aconselhamento profissional, para reeducar os clientes e atraí-los de volta para a clínica veterinária.

 

Vacinação canina: protocolos ambiciosos 

O VGG recomenda que os médicos-veterinários da América Latina implementem os princípios básicos da vacinologia de animais de estimação baseados em evidência apresentados nas diretrizes globais de vacinação da WSAVA de 2016 1 [EC1]. A figura 2 apresenta algumas recomendações ambiciosas quanto aos protocolos de vacinação de cães destinadas a auxiliar os médicos-veterinários da América Latina.

 

Um programa de vacinação ambicioso para os médicos-veterinários da América Latina
Tipo de vacina Vacinação de cães e gatos filhotes Revacinação de animais adultos

Vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM
Para cães, contendo CDV, CAV e CPV-2.
Para gatos, contendo FPV, FCV e FHV-1.

Iniciar às 6 a 8 semanas de idade e então a cada 2 a 4 semanas, até 16 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. A vacinação essencial com produtos contendo VVM pode ser iniciada mais cedo, mas nunca antes de 4 semanas de idade. Para cães filhotes, um produto contendo alto título de CDV e CPV-2 pode ser usado às 4 ou 6 semanas de idade (se disponível) antes de ser trocado pela vacina essencial trivalente às 8 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. Uma quarta vacina deve ser administrada entre 6 e 12 meses de idade, ou 12 meses após a terceira vacina, ou aos 12 meses de idade 1 [EC4]. A revacinação com vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM não deve ser mais frequente do que a cada 3 anos 1 [EC1]. A sorologia pode ser usada para monitorar a imunidade protetora (para CDV, CAV, CPV-2 e FPV) e ajudar na tomada de decisão sobre os intervalos da revacinação 1 [EC1]. A única exceção a isso podem ser os gatos com alto risco de contrair vírus do trato respiratório superior, nos quais esses componentes podem ser administrados anualmente 1 [EC1].
Vacina antirrábica de qualidade garantida para cães ou gatos (note que isso não se refere às campanhas de vacinação em massa). De acordo com as recomendações do fabricante, uma dose a partir de 12 semanas de idade 1 [EC1]. O VGG recomenda que em áreas de alto risco (isto é, não na maioria das áreas da América Latina) uma segunda dose pode ser administrada após 2 a 4 semanas. Em áreas de baixo risco, uma segunda vacina deve ser administrada 12 meses depois ou aos 12 meses de idade. Todas as vacinas antirrábicas de qualidade garantida têm uma DI licenciada de 3 anos em vários países fora da América Latina 1 [EC1].
Vacinas não essenciais Exemplos para cães: Leptospira, complexo respiratório infeccioso canino (“tosse dos canis”) e Leishmania.
Exemplos para gatos: vírus da leucemia felina e C. felis (as vacinas contra os vírus da imunodeficiência felina e Bordetella não estão disponíveis na América Latina).
Administrar de acordo com as recomendações do fabricante: geralmente duas doses com 2 a 4 semanas de intervalo. As vacinas não essenciais injetáveis e as vacinas orais contra o Cric são geralmente administradas a partir de 8 semanas de idade. As vacinas intranasais contra o Cric podem ser utilizadas mais cedo (seguir as recomendações do fabricante) 1 [EC1]. As vacinas não essenciais são geralmente administradas anualmente, a não ser que a bula recomende especificamente outra ação. As vacinas contra FeLV podem ser aplicadas a cada 2 ou 3 anos em gatos adultos (algumas vacinas contra FeLV de qualidade garantida têm uma DI licenciada de 2 ou 3 anos) 1 [EC1].
Vacinas não recomendadas
São as vacinas contra coronavírus (canino ou felino), giárdia e Microsporum canis.
As informações genéricas desta tabela devem ser lidas em conjunto com as recomendações mais detalhadas fornecidas nas atuais diretrizes de vacinação da WSAVA 1. A vacinação de acordo com as diretrizes da WSAVA só é possível onde as linhas de produtos disponíveis separem os componentes de vacina não essenciais dos essenciais. Note que essas recomendações se aplicam somente às vacinas de qualidade garantida, a maioria das quais é produzida por grandes empresas internacionais.
Figura 2 – Um programa de vacinação ambicioso para os médicos-veterinários da América Latina

 

Compreender o conceito de vacinas essenciais versus não essenciais é fundamental para a aplicação das diretrizes de vacinação. As vacinas essenciais são aquelas que todo cão, independentemente da localização ou do estilo de vida, deve receber para ficar protegido contra infecções que causem morbidade significativa ou doença grave/fatal. Elas contêm CDV, CAV-2 e CPV-2, preferivelmente na forma de vírus vivos modificados (VVM). Nos países onde a raiva canina continua sendo uma doença endêmica, a vacina antirrábica inativada também é considerada essencial para todos os cães. As vacinas não essenciais (opcionais) são aquelas consideradas para animais cuja localização geográfica ou estilo de vida os coloca em risco de adquirir infecções específicas. Não são necessárias para todos os animais e não devem ser usadas quando não houver evidência de uma doença ou quando o risco de exposição for mínimo. Incluem as vacinas contra leptospira e aquelas destinadas a proteger contra elementos do Cric, que geralmente contêm B. bronchiseptica com ou sem CPiV. As diretrizes globais da WSAVA classificam algumas vacinas como não recomendadas para qualquer cão porque não há evidência científica suficiente para justificar seu uso. Estas incluem a vacina contra coronavírus entérico (não pantrópico) (CCoV entérico) e a vacina contra giárdia, quando usadas para prevenir ou tratar uma infecção.

O CCoV é considerado de menor importância clínica como patógeno entérico primário, causando apenas leve diarreia nos filhotes. Doença entérica mais severa ocorre com coinfecção por CCoV e CPV-2 52 [EC1]. Alguns estudos publicados demonstraram que as vacinas comerciais inativadas contra CCoV entérico induzem apenas respostas transitórias de anticorpos séricos e não reduzem a infecção viral ou a disseminação fecal em cães vacinados com elas em comparação aos cães não vacinados 53,54 [EC1]. Além do mais, a vacina injetável contra CCoV não eleva a concentração de anticorpos IgA fecais específicos contra o CCoV, que se acredita sejam os responsáveis pela imunoproteção 52 [EC1].

Similarmente, os cães vacinados com uma vacina comercial inativada contra giárdia não foram protegidos da infecção por esse parasita, visto que não houve diferenças nas taxas de detecção de cistos parasitários ou antígenos ou na ocorrência de diarreia entre os vacinados e os não vacinados 55,56 [EC1]. Além disso, o tratamento dos animais infectados por giárdia com uma vacina comercial inativada contra esse parasita não foi eficaz na eliminação da produção de cistos 55 [EC1].

As diretrizes da WSAVA recomendam a revacinação dos filhotes com vacinas essenciais internacionais contendo VVM, a intervalos determinados ao longo dos primeiros 4 meses de idade, para superar a interferência dos anticorpos maternos (MDA – do inglês maternally derived antibody) 1 [EC1]. Essas diretrizes também recomendam que uma vacina essencial final contendo VVM seja administrada entre 6 meses e 1 ano de idade, para assegurar que todos os filhotes recebam pelo menos uma dose que seja capaz de conferir imunidade na ausência de MDA 1 [EC4]. O desenvolvimento de imunidade protetora não depende do número de doses de vacinas essenciais contendo VVM administradas durante a série de vacinação dos filhotes, mas sim da época em que elas são administradas.

Para os animais adultos, há ampla evidência que respalda a revacinação com vacinas essenciais internacionais de qualidade garantida contendo VVM não mais frequentemente do que a cada 3 anos 57-64 [EC1]. Embora as autoridades reguladoras dos países da América Latina exijam a revacinação anual com vacinas essenciais internacionais contendo VVM licenciadas em outros locais para uso a intervalos de 3 anos, essa prática é considerada uso impróprio dos recursos financeiros do cliente, que seriam mais bem aplicados aos exames de saúde anuais, à profilaxia parasitária de rotina e ao tratamento de problemas médicos. Aumentar a frequência da vacinação com vacinas essenciais contendo VVM não confere maior proteção a um animal. Aumentar o número de animais adequadamente vacinados é muito mais importante para assegurar a proteção da população ou a imunidade de rebanho do que vacinar cada animal com mais frequência. Embora as bulas indicando 3 anos de duração de imunidade para as vacinas essenciais internacionais de qualidade garantida, com VVM, não sejam atualmente aceitas pelos países da América Latina, o VGG incentiva as autoridades reguladoras nacionais e locais a permitirem que os médicos-veterinários utilizem essas vacinas de acordo com as diretrizes da WSAVA como produtos com “uso fora da indicação da bula”, com consentimento do cliente informado a esse respeito. Essa abordagem tem sido usada com sucesso em outros países que aguardam a aceitação das bulas das vacinas internacionais de qualidade garantida pelas autoridades nacionais e locais.

 

Vacinação canina: protocolos pragmáticos 

Os problemas com a disponibilidade das vacinas, a duração de imunidade licenciada para o produto e o conhecimento da prevalência da doença e dos riscos de exposição dificultam a adoção das diretrizes globais de vacinação da WSAVA pelos médicos-veterinários dos países da América Latina. Em muitos desses países há disponibilidade limitada de vacinas internacionais de qualidade garantida de um ou múltiplos componentes que permitam o uso separado de antígenos essenciais de VVM versus antígenos não essenciais. A escassez de estudos publicados em revistas indexadas que utilizam avaliação por pares sobre a prevalência de doenças específicas nos países da América Latina faz com que seja um desafio para os médicos-veterinários a tomada de decisões baseadas em evidência sobre quais são as vacinas não essenciais apropriadas para os animais nas diferentes regiões.

Os médicos-veterinários da América Latina e suas associações nacionais devem pressionar a indústria e os órgãos regulamentadores governamentais para terem acesso às vacinas caninas internacionais de qualidade garantida que contenham apenas os componentes essenciais de VVM (CDV, CPV-2, CAV-2) ou os componentes não essenciais (Leptospira, CPiV, Bordetella). Isso permitirá a administração de vacinas essenciais contendo VVM a cada 3 anos e a vacinação anual separada com vacinas não essenciais para cães em risco. Atualmente, a maioria das vacinas internacionais de qualidade garantida disponíveis nos países da América Latina contêm antígenos essenciais de VVM (CDV, CAV-2, CPV-2) combinados com antígenos não essenciais (Leptospira) e antígenos não recomendados (isto é, CCoV entérico). Os médicos-veterinários podem seguir algumas recomendações pragmáticas apresentadas na tabela 3 para fazer a transição da administração dessas vacinas de múltiplos componentes anualmente a todos os cães para o uso de vacinas essenciais e não essenciais separadamente, de acordo com as diretrizes da WSAVA. Inclusa nesse protocolo pragmático de transição está a administração “fora da indicação”, com o consentimento do cliente, dos componentes das vacinas essenciais contendo VVM a cada 3 anos a cães adultos, em vez de anualmente. O VGG reconhece que o uso desse protocolo pragmático pelos médicos-veterinários é limitado pela disponibilidade local dos produtos.

Para os clientes que só podem arcar com uma vacina para seu cão, a abordagem recomendada é escolher uma vacina internacional de qualidade garantida contendo os componentes essenciais de VVM e administrá-la em um momento em que a dose única possa induzir imunidade protetora de longa duração, na ausência de interferência dos anticorpos maternos (isto é, aos 4 meses de idade ou mais).

 

Leishmaniose canina 

A leishmaniose visceral canina (LVC) causada pela Leishmania infantum é uma das doenças zoonóticas mais significativas na América Latina, e sua distribuição geográfica está se expandindo na região. A LVC está disseminada do México até a Argentina, com casos autóctones relatados em vários países 27 [EC1]. Embora as vacinas possam prevenir a infecção ativa e o risco de desenvolvimento de doença clínica em alguns cães, alguns animais vacinados podem tornar-se progressivamente infectados e transmitir o parasita para os flebotomíneos, mesmo quando assintomáticos 65-68 [EC1]. Portanto, para os animais que vivem em áreas endêmicas, do ponto de vista epidemiológico é mais importante usar inseticidas – especialmente coleiras – para prevenir as picadas de flebotomíneos do que utilizar vacinas 69,70 [EC1]. Sempre que possível, as duas medidas devem ser combinadas para fornecer um alto nível de proteção não só para os cães, mas para outros animais e pessoas que compartilhem o mesmo ambiente. É importante destacar que uma história prévia de vacinação não exclui um diagnóstico de LVC nos cães com quadro clínico ou anormalidades clínico-patológicas sugestivos da doença.

No momento da redação deste documento só existiam na América Latina duas vacinas licenciadas contra a LVC. Uma contém a proteína A2 recombinante de Leishmania donovani em um adjuvante, licenciada no Brasil e no Paraguai, e a outra consiste em proteínas excretadas/secretadas purificadas de L. infantum (LiESP) em um adjuvante, licenciada no Paraguai e na Argentina. O protocolo de vacinação para filhotes inclui três doses administradas com 3 semanas de intervalo e um reforço anual. A vacina contendo proteína recombinante A2 pode ser usada em cães a partir de 4 meses de idade, e a que contém LiESP, a partir de 6 meses de idade. Os cães adultos que nunca foram vacinados recebem o mesmo protocolo. As vacinas contra LVC só devem ser consideradas para cães que vivam em áreas endêmicas, onde haja risco de serem infectados. De acordo com as recomendações do fabricante, somente cães soronegativos devem ser vacinados; no entanto, vários cães podem estar infectados sem que tenha havido soroconversão e, portanto, ser inadequadamente vacinados.

 

Raiva canina 

Está claro que os programas de vacinação em massa em larga escala conduzidos ao longo das últimas décadas tiveram sucesso no controle da infecção pelo vírus da raiva canina em cães e gatos (e, portanto, na população humana) em vários países da América Latina. Existem, no entanto, “pontos críticos” remanescentes da doença, sendo registrados baixos números de casos em países com bom controle geral. Na maioria dos países da América Latina existe vigilância contínua e vacinação contra a raiva canina anual obrigatória. Isso pode ser realizado por meio de campanhas de vacinação em massa realizadas por organizações governamentais ou não governamentais ou da vacinação de animais em clínicas veterinárias. A vigilância e a vacinação contínuas para manter a imunidade de rebanho são essenciais neste momento para o controle da raiva canina. Conforme discutido acima, há uma desconexão entre a lei e a ciência com relação às vacinas antirrábicas. Não há dúvida de que nas campanhas de vacinação em massa em campo (particularmente nas que visam vacinar cães de rua ou cães comunitários), a revacinação anual é essencial. Entretanto, para um animal de estimação que tem tutor e visita o médico-veterinário, a vacinação com uma vacina antirrábica canina internacional de qualidade garantida deve conferir uma duração da imunidade mínima de 3 anos 1 [EC1]. Um movimento para licenciar as vacinas com DI de 3 anos, como os mesmos produtos que existem nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, ajudaria a resolver essa anomalia.

 

Vacinação felina: protocolos ambiciosos 

Quando se aspira a produzir um protocolo de vacinação otimizado para gatos em um local específico, deve-se ter em mente a imensidade e a diversidade da América Latina. No entanto, é possível fornecer ampla recomendação aos seus médicos-veterinários com base no que foi aprendido sobre doenças infecciosas felinas na região e, mais além, considerando quais vacinas estão disponíveis comercialmente.

Os médicos-veterinários de todos os países da América Latina devem ser estimulados a seguir a recomendação fundamental fornecida nas mais recentes diretrizes de vacinação da WSAVA 1. Como essas diretrizes tornam claro, existem vacinas essenciais que, em um mundo ideal, todos os gatos filhotes e todos os gatos adultos devem receber com frequência suficiente para assegurar proteção durante toda a vida. Essas vacinas protegem contra agentes infecciosos que podem causar doença grave ou morte, especialmente nos filhotes. Em todos os países, as vacinas contra FPV, FHV-1 e FCV são consideradas essenciais 1,71 [EC1]. Nos países onde a raiva é endêmica, as vacinas antirrábicas também são consideradas essenciais 1,71 [EC1]. Além disso, existem vacinas não essenciais, que nem todo filhote ou gato adulto precisa necessariamente receber. O uso dessas vacinas deve ser baseado em uma análise esclarecida do risco-benefício, no conhecimento da frequência local da doença e no estilo de vida do gato 1 [EC1]. As vacinas não essenciais protegem contra agentes infecciosos que podem ser encontrados frequentemente em algumas áreas, mas são sabidamente raros ou ausentes em outros locais (p. ex., FeLV). Algumas delas (como, por exemplo, aquelas que protegem contra a infecção por C. felis) funcionam contra agentes geralmente menos patogênicos do que aqueles cobertos pelas vacinas essenciais, ou que são tratáveis com o uso de antibióticos.

Em alguns países da América Latina (p. ex., no Brasil) o FeLV é altamente prevalente em algumas regiões (isto é, o sudeste e o extremo sul do país) e muito menos prevalente em outras, tal como o norte 40-42,46,47 [EC1]. Em geral, a prevalência do FeLV no Brasil parece ser consideravelmente mais alta do que em muitos outros países onde foi estudada 72 [EC1]. Portanto, recomenda-se que os médicos-veterinários da América Latina procurem estabelecer a prevalência do FeLV em sua região para permitir que se tomem decisões baseadas em evidência sobre o uso recomendado (ou não) das vacinas contra esse vírus. Esse é o modo como as vacinas não essenciais devem ser utilizadas.

Vacinas de alta qualidade contra o FPV, contendo VVM, demonstraram fornecer imunidade robusta de longa duração para a grande maioria dos gatos vacinados quando usadas de acordo com as diretrizes do VGG da WSAVA 73,74 [EC1]. Como precaução, geralmente se recomenda a revacinação a cada 3 anos. É improvável que vacinar mais frequentemente do que isso forneça qualquer melhora no grau de proteção, e fazê-lo pode aumentar o risco de reações adversas. É muito mais importante assegurar que uma grande proporção da população-alvo seja vacinada (isto é, aumentar a imunidade de rebanho em geral) do que aumentar a frequência da revacinação de cada animal na população em risco. De fato, a inútil revacinação anual dos gatos contra o FPV com produtos conhecidos por fornecer vários anos de proteção deve ser vista como uso inadequado dos recursos financeiros, potencialmente limitados, do cliente. Estes poderiam ser mais bem aplicados para abordar outros problemas de saúde do animal e talvez usados para comprar vacinas não essenciais, se o uso de uma ou mais delas for respaldado por evidência e, desse modo, justificável naquela região.

As vacinas de alta qualidade contra FCV e FHV-1 contendo VVM não fornecem tal proteção robusta e de longa duração como as vacinas contra FPV que acabamos de mencionar 75 [EC1]. A imunidade conferida por essas vacinas não consegue prevenir a infecção ou o desenvolvimento do estado de portador. No entanto, para os gatos com estilos de vida de “baixo risco” (isto é, gatos que vivem somente dentro de casa e que não visitam gatis de hospedagem), considera-se que a vacinação a cada 3 anos forneça proteção suficiente 1,71 [EC4]. Para gatos em risco mais alto de infecção por FCV ou FHV-1 (isto é, gatos com acesso ao ar livre ou que visitem regularmente um gatil de hospedagem), a revacinação anual é recomendada 1 [EC4]. Em alguns países, é possível comprar vacinas que contêm somente FCV e FHV-1, de modo que as trivalentes podem ser usadas a cada 3 anos (FCV, FHV-1, FPV), e uma bivalente (FHV-1, FCV), se necessário, pode ser utilizada em cada um dos anos desse intervalo. Infelizmente, até agora tais produtos não estão consistentemente disponíveis em todo o mundo.

As vacinas antirrábicas devem ser usadas de acordo com a regulamentação local. Particularmente, algumas vacinas antirrábicas internacionais de qualidade garantida para uso em gatos fornecem proteção por pelo menos 3 anos 76 [EC1]. Nos Estados Unidos, a regulamentação que exigia a revacinação anual dos gatos, apesar da evidência de proteção muito mais longa de algumas vacinas, foi contestada e alterada em consequência de pressão política da profissão veterinária e dos tutores de animais de estimação.

Uma característica crucial de um protocolo de vacinação ideal para gatos em qualquer país inclui o término da série para os filhotes não antes de 16 semanas de idade. Isso se deve à evidência acumulada nos últimos anos, indicativa de que uma minoria dos filhotes tinha quantidades significativas de anticorpos maternos que podem interferir com alguns dos componentes das vacinas mesmo até 20 semanas de idade 77-79 [EC1]. O término às 16 semanas ou mais é condizente com essa evidência científica e com as atuais diretrizes de vacinação da WSAVA, assim como com as de outras organizações.

As vacinas disponíveis nos países da América Latina podem não ter recomendações nas bulas para uso conforme descrito nesta seção. Seria de grande valia se os órgãos regulamentadores locais e as orientações das organizações que regulamentam a profissão veterinária permitissem que os médicos-veterinários usassem vacinas “fora da indicação” com o consentimento do cliente. Essa abordagem foi usada durante anos por médicos-veterinários em outros países, antes de as recomendações das bulas serem finalmente atualizadas. O VGG espera que, no devido tempo, sejam realizadas mudanças nas bulas das vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM produzidas pelas grandes empresas farmacêuticas internacionais nos países da América Latina. A figura 2 apresenta algumas recomendações ambiciosas quanto aos protocolos de vacinação de gatos destinadas a auxiliar os médicos-veterinários da América Latina.

 

Vacinação felina: protocolos pragmáticos

Os médicos-veterinários de pequenos animais nos países da América Latina não conseguem atualmente adotar as diretrizes de vacinação da WSAVA na sua totalidade. Isso se deve a inúmeros motivos. Primeiramente, o uso racional das vacinas não essenciais é dificultado em muitas partes da América Latina pela falta de informação sobre a frequência das doenças. Inversamente, em algumas regiões estão disponíveis excelentes informações detalhadas. Onde falta evidência, os médicos-veterinários geralmente decidem seguir uma abordagem cautelosa. Isso pode levar a um uso excessivo e desnecessário de vacinas não essenciais. Mais pesquisa e vigilância permitiriam o uso seletivo e mais embasado de vacinas não essenciais.

Em segundo lugar, em muitos países da América Latina há disponibilidade limitada de produtos. Em particular, as vacinas essenciais licenciadas e aprovadas para uso bienal, trienal ou menos frequente não se encontram disponíveis em vários países da América Latina. Isso pode acontecer em parte devido a uma falta de evidências científicas geradas localmente para que fosse permitido aumentar a extensão da DI, e à exigência de tais evidências pelas autoridades regulamentadoras locais. No entanto, existem muitas evidências, geradas em numerosos países, que respaldam a visão de que as vacinas essenciais felinas podem ser usadas de forma similar, e com muita confiança, tanto nos países da América Latina como em outras partes do mundo. Embora as atuais bulas de muitas vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM recomendem a revacinação anual de animais adultos, exatamente as mesmas vacinas são administradas trienalmente em vários outros países, inclusive em alguns com alta pressão de doenças infecciosas.

Um outro desafio referente à disponibilidade de produtos na América Latina é a escassez ou falta de vacinas não essenciais monovalentes. Por exemplo, em alguns países, as vacinas contra C. felis só estão disponíveis em combinação com os componentes essenciais FPV, FHV-1 e FCV, e a vacina contra o FeLV só está disponível em combinação com os quatro precedentes. Portanto, existem vacinas para felinos de 3, 4 e 5 componentes, mas poucas – ou nenhuma – vacinas não essenciais monovalentes. Um médico-veterinário que queira proteger o animal tanto contra o FeLV como contra os agentes essenciais, mas que não sinta nenhuma necessidade de protegê-lo contra C. felis, pode assim ser forçado a administrar o componente C. felis, mesmo se o julgar supérfluo.

Os médicos-veterinários e as associações regionais devem, portanto, continuar a pressionar a indústria e os órgãos regulamentadores governamentais para mudanças que alinhariam as recomendações referentes ao uso de vacinas de qualidade garantida àquelas utilizadas em várias outras partes do mundo. A figura 3 apresenta algumas recomendações pragmáticas referentes ao uso de vacinas para felinos destinadas a auxiliar os médicos-veterinários da América Latina a rumar na direção recomendada.

 

Um programa de vacinação ambicioso para os médicos-veterinários da América Latina
Tipo de vacina Objetivo Vacinação de cães e gatos filhotes Revacinação de animais adultos
Vacinas essenciais para cães e gatos Selecionar um produto de qualidade garantida contendo VVM que permita que seja administrada a combinação mínima de antígenos essenciais (CDV, CAV, CPV-2 para cães; FPV, FHV-1, FCV para gatos). Usar um diluente alternativo em vez de reconstituir com uma vacina não essencial, se ela não for necessária para aquele animal. Iniciar às 6 a 8 semanas de idade e então a cada 2 a 4 semanas até 16 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. A vacinação essencial pode ser iniciada mais cedo, mas nunca antes de 4 semanas de idade com produtos contendo VVM. Para cães filhotes, um produto contendo alto título de CDV e CPV-2 pode ser utilizado às 4 a 6 semanas de idade (se disponível) antes de se trocar para a vacina essencial trivalente às 8 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. Uma quarta vacina deve ser administrada entre 6 a 12 meses de idade, ou 12 meses após a terceira vacina, ou aos 12 meses de idade 1 [EC4]. Discutir com os clientes a nova abordagem global para a revacinação essencial e obter o consentimento para a administração das vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM não mais frequentemente do que a cada 3 anos 1 [EC1]. A única exceção a isso podem ser os gatos com risco muito alto de contrair vírus do trato respiratório superior. Esses gatos podem ser vacinados anualmente, mas estamos cientes de que o componente de FPV da combinação da vacina não é de fato necessário 1 [EC1].
Vacina contra a raiva de qualidade garantida para cães ou gatos (note que isso não se refere às campanhas de vacinação em massa). Selecionar um produto internacional de qualidade garantida, se disponível. De acordo com as recomendações do fabricante; uma dose a partir de 12 semanas de idade 1 [EC1]. O VGG recomenda que em áreas de alto risco (isto é, não a maioria das áreas da América Latina) uma segunda dose pode ser administrada 2 a 4 semanas depois. Uma segunda vacina em áreas de baixo risco deve ser administrada 12 meses depois ou aos 12 meses de idade. Seguir as exigências legais locais para revacinação anual, mas continuar a pressionar ativamente as associações e governos para permitir a revacinação trienal usando produtos de qualidade garantida com uma duração de imunidade (DI) licenciada de 3 anos. Continuar a pressionar a indústria para registrar esses produtos com uma DI de 3 anos em seu país.
Vacinas não essenciais Exemplos para cães: Leptospira, complexo respiratório infeccioso canino (tosse dos canis) e Leishmania. Exemplos para gatos: vírus da leucemia felina e C. felis (as vacinas contra o vírus da imunodeficiência felina e Bordetella não estão disponíveis na América Latina). Discutir o estilo de vida e o risco de exposição do animal com o cliente – a vacina é realmente necessária para esse animal? Escolher um produto de qualidade garantida que contenha apenas o antígeno desejado ou o antígeno na combinação mínima possível com outros componentes não essenciais. Administrar de acordo com as recomendações do fabricante: geralmente duas doses com 2 a 4 semanas de intervalo. As vacinas não essenciais injetáveis e as vacinas orais contra o Cric são geralmente administradas a partir de 8 semanas de idade. As vacinas intranasais contra o Cric podem ser administradas mais cedo (Seguir as recomendações do fabricante) 1 [EC1]. As vacinas não essenciais são geralmente administradas anualmente, a menos que a bula especificamente recomende outra coisa; as vacinas contra FeLV não precisam ser administradas a gatos adultos anualmente (Vide a figura 2).
Vacinas não recomendadas São as vacinas contra coronavírus (canino ou felino), Giardia e Microsporum canis. Considerar se existe evidência suficiente para respaldar seu uso.
As informações genéricas desta tabela devem ser lidas em conjunto com as recomendações mais detalhadas fornecidas nas atuais diretrizes de vacinação da WSAVA 1. Note que essas recomendações se aplicam somente às vacinas de qualidade garantida, a maioria das quais é produzida por grandes empresas internacionais.
Figura 3 – Um programa de vacinação pragmático para os médicos-veterinários da América Latina

 

Planos de saúde preventivos com uma verificação anual da saúde

Conforme discutido anteriormente neste documento, ficou claro pelas nossas discussões e visitas às clínicas da América Latina que a cultura dominante na prática veterinária é que os médicos-veterinários vendem vacinas para os clientes, que essa venda é o principal condutor para o atendimento do cliente na clínica veterinária e que ela sustenta um grande componente da receita da clínica. De fato, há cerca de 25 anos, esses princípios globais também se aplicavam à prática veterinária nos Estados Unidos, Canadá, na Europa Ocidental, na Austrália, na Nova Zelândia, na África do Sul e em outros mercados desenvolvidos.

Nesses últimos mercados, podemos observar que em 2019 essa cultura foi substancialmente substituída por um novo modo de promover os serviços veterinários (incluindo vacinas) aos clientes. Houve um progressivo distanciamento do conceito de “reforço de vacinação anual” ou “consulta para reforço de vacina” em direção à implementação de pacotes de saúde preventiva holística fornecidos em parte por uma consulta de “verificação anual da saúde”. Em mercados mais desenvolvidos, esse procedimento agora passou a incluir o fornecimento de um plano de saúde da clínica, pelo qual o cliente pode pagar uma taxa mensal regular para cobrir os cuidados de saúde preventiva para seus animais de estimação. Considera-se que a consulta para verificação anual da saúde demande um período de tempo maior do que uma consulta geral e forneça a oportunidade de o médico-veterinário se envolver com o cliente para discutir em detalhes a saúde e o bem-estar geral do animal de estimação, que hoje é tratado como um membro da família. Os elementos da consulta de verificação da saúde (ou de um plano de saúde anual) podem incluir considerações sobre nutrição, saúde dentária, questões comportamentais, controle de endoparasitas, ectoparasitas e doenças transmitidas por vetores, e as vacinas (essenciais ou não essenciais) podem ser administradas durante essa visita anual. De fato, em muitos mercados amadurecidos, a avaliação anual da necessidade de revacinação essencial (CDV, CAV e CPV-2 para cães e FPV para gatos) é agora determinada por testes sorológicos realizados na clínica (“testes de títulos de anticorpos”) para determinar se o animal já está protegido e, portanto, não precisa ser revacinado. As diretrizes globais de vacinação da WSAVA mencionam o valor dos testes sorológicos e dão forte apoio a essa abordagem. Há cada vez mais relatos publicados apoiando o uso desses testes sorológicos na clínica veterinária 64 [EC1]. Existe literatura substancial que avalia a consulta de verificação anual da saúde e aconselha sobre o conteúdo, o tempo e a abordagem dessa consulta 80 [EC1].

A implementação dessa nova abordagem para o fornecimento de cuidados de saúde preventivos para o animal de estimação pode ser assustadora para muitos médicos-veterinários da América Latina. No entanto, essas mudanças precisam ser adotadas para que os profissionais dessa região acompanhem os colegas dos mercados mais desenvolvidos. Apesar de provavelmente haver um período de transição mais longo para os médicos-veterinários que trabalham com clientes com restrições econômicas, esses novos conceitos devem ser mais rapidamente adotados por aqueles que trabalham em áreas de relativa prosperidade.

 

Perguntas frequentes (a lista completa encontra-se no documento original publicado no site da WSAVA)

1. Por que o VGG não recomenda a vacina contra o coronavírus entérico canino se eu identifico rotineiramente esse organismo no exame fecal?

O VGG não recomenda essa vacina por não haver evidências científicas suficientes para justificar seu uso. A evidência de que o coronavírus entérico canino é um patógeno primário que leva a doença intestinal em cães adultos é fraca; a diarreia associada à infecção é leve, a menos que exista infecção concomitante com CPV-2. Experimentalmente, o vírus causa apenas leve diarreia – se causar – em cães com mais de 6 semanas de idade, e a vacinação apenas contra o CPV-2 parece proteger contra ambos os vírus. Não há evidências de que as vacinas disponíveis protegeriam contra formas mutantes patogênicas do vírus que ocasionalmente surgem e têm sido descritas. Há menos evidências ainda de que a vacina pode proteger contra infecção em campo, e a vacina injetável não parece induzir anticorpos IgA fecais protetores52. Dados brasileiros não mostram diferença na identificação do coronavírus entérico canino por PCR das fezes de cães normais e de cães com diarreia 9 [EC1].

 

2. A vacina contra giardíase é amplamente usada em toda a América Latina. Por que o VGG não recomenda essa vacina?

O VGG não recomenda essa vacina por não haver evidências científicas suficientes para justificar seu uso. A evidência de que a vacina pode prevenir a disseminação ou a infecção é fraca. Um grande estudo de campo com 6 mil cães demonstrou que os filhotes vacinados tinham maior probabilidade de apresentar diarreia do que os não vacinados, e não houve diferença entre esses grupos com relação à detecção de cistos ou antígenos 56 [EC1]. A doença em cães não oferece risco de morte, é raramente zoonótica, de baixa prevalência e responde à terapia; por esses motivos, a vacina não é recomendada para cães. Não se sabe se ela oferece proteção cruzada contra cepas de giárdia a não ser aquelas usadas nos estudos de desafio. Dados brasileiros não mostram diferença na identificação de giárdia por PCR das fezes de cães normais e de cães com diarreia 9 [EC1]. Deve-se notar que a vacina foi retirada de todos os mercados globalmente, com exceção dos da América Latina.

 

3. Há alguma vantagem em utilizar vacinas intranasais em vez de parenterais para proteger contra elementos do complexo respiratório infeccioso canino?

Embora os estudos publicados abordando esta questão nem sempre concordem, o VGG acredita que, imunologicamente, a vacinação pela via mucosa tem maior probabilidade de gerar imunidade protetora relevante (especificamente a produção de anticorpos IgA e IgG da mucosa, em oposição a anticorpos IgG sistêmicos) contra patógenos que infectam através dessas mesmas mucosas 81 [EC1]. A vacinação intranasal proporciona o benefício adicional de propiciar imunidade rapidamente, o que pode estar relacionado a uma estimulação inespecífica da imunidade inata (por meio dos receptores tipo Toll e da produção de citocinas/quimiocinas locais) 1 [EC4]. Isso pode ser benéfico quando um cão vai frequentar um ambiente onde há risco de exposição a elementos do complexo respiratório infeccioso canino. As vacinas intranasais podem ser usadas nos filhotes a partir de 3 semanas de idade em dose única, sendo necessária uma revacinação anual. Existem vacinas intranasais disponíveis (dependendo do mercado e nem todas na América Latina) que são específicas somente para B. bronchiseptica (Bb), ou Bb em combinação com CPiV, ou Bb em combinação com CPiV e CAV-2.

 

4. O VGG recomenda o uso de uma vacina contra leishmaniose?

O VGG classifica as vacinas contra Leishmania infantum como não essenciais, o que significa que elas devem ser restritas aos cães em risco em áreas endêmicas para a infecção. As vacinas contra Leishmania estão disponíveis somente no Brasil, na Argentina e no Paraguai, e devem ser consideradas uma ferramenta na prevenção da leishmaniose visceral canina. Evitar o contato de cães suscetíveis com flebotomíneos (por exemplo, mantendo-os dentro de casa durante os horários de maior atividade desses insetos) e adotar medidas preventivas contra eles (p. ex., coleiras inseticidas) é muito mais importante que a vacinação 69,70 [EC1]. As vacinas não conferem imunidade estéril; elas podem prevenir ou diminuir a intensidade dos sinais clínicos nos animais afetados, mas nem sempre previnem a infecção – e, portanto, mesmo os cães vacinados podem atuar como reservatório de Leishmania  68 [EC1]. Os cães devem ser testados antes de tomar a vacina, pois a vacinação de um cão que já está infectado não traz nenhum benefício na prevenção da infecção e constitui um desperdício.

 

5. Certas vacinas essenciais podem quebrar a barreira da imunidade materna mais cedo que outras e, portanto, proteger os filhotes?

As modernas vacinas internacionais de qualidade garantida com altos títulos são as mais propensas a fazer isso, razão pela qual o VGG recomenda o uso de tais produtos. Onde disponíveis, o uso de vacinas combinadas com altos títulos de CDV e CPV-2 designadas para filhotes jovens também é recomendado quando a vacinação essencial é iniciada antes de 8 semanas de idade (vide as figuras 2 e 3). No entanto, não há garantia de que todo filhote terá uma resposta imune ativa rápida a cada antígeno da vacina, e, portanto, as diretrizes globais da WSAVA devem ser seguidas, administrando-se uma dose de vacina essencial do primeiro ano de vida às 16 semanas de idade ou mais, seguida de mais uma dose de vacina entre 6 e 12 meses de idade.

 

6. O VGG recomenda o uso de vacinas essenciais não mais frequentemente que a cada 3 anos, mas em meu país elas são licenciadas para serem administradas anualmente. Como eu posso administrar um produto com duração da imunidade licenciada de 1 ano a cada 3 anos?

Essa situação foi enfrentada pelos veterinários globalmente nas últimas duas décadas quando as recomendações das diretrizes passaram a ser para revacinação essencial em adultos não mais frequentemente que a cada 3 anos, mas todos os produtos tinham duração da imunidade de 1 ano. Naquela época, os médicos-veterinários puderam usar os produtos disponíveis de acordo com as diretrizes simplesmente obtendo o consentimento informado do cliente (e documentando isso na ficha médica) para o uso “fora da indicação” do produto. Nunca houve nenhuma ação legal contra um médico-veterinário por fazer isso, nem exemplos de cães que tenham contraído infecção devido à extensão dos intervalos de vacinação. Subsequentemente, em vários mercados globalmente as mesmas vacinas essenciais passaram a ser licenciadas com uma DI de 3 anos. Até que esse novo licenciamento ocorra na América Latina, os médicos-veterinários podem adotar a mesma estratégia que foi usada com muito sucesso durante os últimos 20/25 anos no norte da América, na Europa e em outras regiões.

 

7. As atuais vacinas contra CPV fornecem proteção contra todos os tipos circulantes desse vírus?

Durante as décadas que se passaram desde a primeira identificação do CPV-2 em 1978, novos biotipos do vírus (CPV-2a, CPV-2b e CPV-2c) emergiram em várias partes do mundo, incluindo a América Latina. Essas variantes do vírus são caracterizadas por alterações sutis na sequência de aminoácidos da proteína VP2. A maioria das vacinas contêm ou CPV-2 ou CPV-2b, tendo-se levantado dúvidas sobre o fato de elas conferirem proteção cruzada adequada contra as novas variantes do vírus (especificamente o CPV-2c). Numerosos estudos mostram que essa proteção cruzada ocorre e que todas as atuais vacinas contra CPV continuam eficazes em campo 82,83 [EC1]. Há relatos ocasionais de parvovirose em cães vacinados, mas esse cenário geralmente está relacionado à vacinação em desacordo com as recomendações das diretrizes, ou à vacinação de filhotes que já estejam incubando o vírus.

 

8. Temos boas evidências referentes a que tipos de sorovares de Leptospira circulam na América Latina nas quais basear decisões sobre que tipo de vacina contra leptospirose usar?

Embora não haja dúvida de que a leptospirose ocorre em cães na América Latina, existe mínima evidência científica de alta qualidade sobre a distribuição geográfica, os sorovares causadores e as manifestações clínicas da doença. O principal ponto fraco de vários estudos publicados é que o padrão-ouro para confirmar o diagnóstico clínico (isto é, sorologia pareada com 2 semanas de intervalo pelo teste de aglutinação microscópica [MAT]) e a identificação do sorovar infectante (isolamento do organismo) não foi usado. Os estudos disponíveis sugerem que os sorovares dominantes que circulam em campo na América Latina podem ainda ser os sorovares Canicola e Copenhageni de L. interrogans 23 [EC1], e que, consequentemente, as vacinas L2 caninas tradicionais que contêm esses organismos podem conferir proteção adequada. Nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, as vacinas L3 e L4 têm sido comercializadas para ajudar a proteger os animais contra uma diversidade maior de sorovares causadores da doença naquelas regiões. No momento, não há evidências suficientes para que se formule uma vacina específica para a América Latina, ou para que se recomende a adoção dos produtos L4 norte-americanos baseado em evidências científicas.

 

9. As vacinas contra a leptospirose não deveriam ser essenciais, já que temos uma alta prevalência de casos em animais e pessoas em meu país?

Onde houver evidência científica sólida (vide pergunta 8) de que a leptospirose é um problema clínico significativo, então faz perfeitamente sentido vacinar rotineiramente os cães sob risco para prevenir uma doença infecciosa séria e potencialmente zoonótica. No entanto, simplesmente não é possível para o VGG classificar as vacinas contra leptospira como essenciais em nossas diretrizes globais, pois existem partes do mundo nas quais não há infecção, ou onde sua incidência é muito baixa. Além disso, o estilo de vida de alguns cães realmente os coloca em risco mais baixo de adquirir a infecção. Por esse motivo, o VGG fomenta o uso de vacinas não essenciais baseado em dados de vigilância de doenças na região, juntamente com um histórico do estilo de vida do animal. Os veterinários da América Latina devem fazer o possível para obter dados locais confiáveis sobre a infecção por Leptospira, para que possam tomar uma decisão correta sobre o uso ou não dessa vacina.

 

10. A prevalência do FeLV aparenta ser relativamente alta em algumas partes da América Latina, em comparação com os Estados Unidos e partes da Europa. O que podemos aprender com a experiência dessas regiões que possa ajudar-nos a reduzir a prevalência do FeLV aqui?

A prevalência do FeLV era muito maior na Europa há 30 ou 40 anos do que hoje. Acredita-se que a combinação de três fatores – testes diagnósticos para o FeLV (que se tornaram consideravelmente mais convenientes e precisos ao longo dessas décadas); manejo adequado dos gatos diagnosticados como infectados; e vacinação extensiva contra esse vírus – levou, em conjunto, a uma substancial diminuição da sua prevalência em alguns países 84 [EC1]. O primeiro passo nas regiões da América Latina onde o FeLV não foi bem estudado seria determinar a sua prevalência local. Se os testes forem considerados impraticáveis ou muito caros, pode ser útil lembrar que a alta prevalência de linfoma multicêntrico felino, linfoma mediastinal cranial e anemia não regenerativa severa são fortes indícios de que o FeLV pode ser prevalente na área. Nas regiões onde se sabe que muitos gatos serão infectados a cada ano, deve-se instruir o cliente e vacinar de forma ampla. Idealmente, os gatos devem ser testados antes da primeira vacinação, pois não há nenhum benefício em vacinar um gato que já esteja infectado quando essa dose de vacina pode beneficiar outro animal.

 

11. Devo escolher vacinas essenciais inativadas ou vivas modificadas para gatos?

Cada uma tem suas vantagens e desvantagens. Se se julgar necessário vacinar uma gata prenhe ou um gato imunodeprimido (por exemplo, um gato com infecção por retrovírus), uma vacina inativada é considerada mais segura de acordo com os princípios básicos (embora a evidência disso seja limitada e estudos recentes sugiram que não seja o caso 85 [EC1]). Da mesma forma, em um local com múltiplos gatos sem história de infecção do trato respiratório superior, o uso de um produto inativado (de acordo com os princípios básicos) reduziria o risco de transferência do vírus da vacina viva. Em alguns países, as vacinas inativadas são mais usadas em gatos que as vacinas contendo VVM. Em muitos países, as vacinas contendo VVM para felinos são muito mais usadas em gatos do que as inativadas. Embora isso seja considerado incerto e controverso por alguns especialistas, há evidências de que o adjuvante (presente nas vacinas inativadas e de subunidades, mas geralmente não nas vacinas contendo VVM) parece estar associado ao desenvolvimento do sarcoma no local da injeção em felinos (Fiss – do inglês feline injection site sarcoma) 86,87 [EC1]. Essa seria uma importante desvantagem das vacinas com adjuvante. Há uma evidência limitada de que as vacinas inativadas contra FHV-1 oferecem proteção mais rápido do que as que contêm VVM contra FHV-1 88 [EC1]. Finalmente, nas regiões onde a raiva canina for uma doença endêmica e os gatos devam receber vacinação antirrábica como essencial, o uso de vacina inativada com adjuvante é a única opção, a menos que haja acesso a um produto recombinante.

 

12. Em que países a vacinação antirrábica é realizada somente a cada 3 anos? Há evidência científica dessa prática?

As vacinas antirrábicas são rotineiramente administradas em animais de estimação que visitam o veterinário somente a cada 3 anos nos Estados Unidos, Canadá e na Europa. Nessas regiões, a exigência legal é a revacinação trienal de cães e gatos adultos. As vacinas antirrábicas internacionais de qualidade garantida usadas nessas regiões têm todas uma DI licenciada de 3 anos. A licença é baseada em evidência científica sólida e em estudos para licenciamento 89 [EC1]; sem tal evidência, as leis não teriam sido modificadas para permitir a revacinação a cada 3 anos. Infelizmente, vacinas antirrábicas idênticas, usadas na Ásia, na África e na América Latina, são administrados anualmente. Isso ocorre porque as leis regionais ou nacionais não foram modificadas, e a indústria não foi capaz de licenciar os produtos com uma DI de 3 anos, como ocorreu nos Estados Unidos e Canadá e na Europa. Na América Latina, a lei ainda obriga a administrar vacinas antirrábicas anualmente; no entanto, os veterinários deveriam pressionar os órgãos competentes a alterar essas leis, para que as vacinas fossem licenciadas para 3 anos. Deve-se também observar que isso só se aplica aos animais que visitam o veterinário para vacinação. No contexto das campanhas de vacinação em massa em campo (que podem ser conduzidas pelas autoridades governamentais ou por organizações não governamentais), as vacinas antirrábicas ainda devem ser administradas anualmente ao maior número possível de cães (incluindo os animais de rua). Essa conduta se deve ao fato de que há uma grande rotatividade entre cães de rua, e a revacinação anual é necessária para manter níveis de imunidade de rebanho da ordem de 70% 1 [EC1].

 

13. Há alguma relação entre o peso corporal e a quantidade de antígenos de uma vacina? Os cães menores deveriam receber um volume menor de vacina do que os animais maiores? 

Essa é uma pergunta frequente em todo o mundo. As vacinas são diferentes dos medicamentos farmacológicos e não são administradas com base em mg/kg. Elas contêm uma quantidade definida de antígeno que é suficiente para estimular uma resposta imune primária ou secundária em um animal. Cada pessoa e cada animal tem um “repertório imunológico” de linfócitos T e B antígeno-específicos definidos pelos receptores das células T e B (TCRs e BCRs). A teoria da seleção clonal de Burnet propunha que cada célula T e B carregava especificidade para um único receptor, mas sabemos agora que qualquer receptor é capaz de reconhecer múltiplos epítopos (“degeneração” dos TCRs e reatividade cruzada dos BCRs). Qualquer vacina deve, portanto, conter epítopos antigênicos capazes de ser processados e apresentados aos TCRs – ou reconhecidos em sua conformação pelos BCRs –, e o objetivo da vacina é que ela simplesmente seja reconhecida pelos linfócitos antígeno-específicos relevantes, de modo que essas células sejam estimuladas a gerar imunidade ativa e memória imunológica. Portanto, o tamanho do animal é irrelevante; a vacina simplesmente precisa ser capaz de ativar as células corretas no repertório imunológico. As vacinas são formuladas com uma quantidade de antígenos para atingir esse objetivo. Dito isso, há alguma evidência de que os cães com baixo peso corporal tendem mesmo a produzir respostas sorológicas mais altas a alguns antígenos 90 e são realmente mais sujeitos a eventos adversos pós-vacinais do que os cães maiores 91 [EC1]. Entretanto, neste momento, não há nenhuma indicação de que as vacinas passem a ser formuladas com base no peso corporal. Nos Estados Unidos e Canadá, algumas vacinas estão disponíveis em volumes de 0,5mL em vez de 1mL, mas o conteúdo antigênico desses produtos é similar. Nunca se deve fracionar a dose de uma vacina entre animais ou administrar menos do que a dose total da vacina a um animal. Esse uso é considerado “fora da indicação” do produto, e você será responsável se o animal desenvolver subsequentemente uma infecção após a vacinação.

 

14. Posso realizar uma vacinação essencial em cães de 4 semanas de idade se eles serão vendidos com 6 semanas?

A primeira coisa a dizer sobre essa prática é que 6 semanas de idade é realmente muito cedo para os filhotes serem desmamados, afastados da mãe e vendidos. Na Europa agora é ilegal vender filhotes com menos de 8 semanas de idade. O médico-veterinário da América Latina deve assumir o controle dessa questão de bem-estar e instruir os criadores de cães quanto à época apropriada para o desmame. Reunir ninhadas de filhotes de 4 a 6 semanas de idade nas “feiras de filhotes” de fim de semana é também uma “receita para o desastre” em termos de transmissão de doenças infecciosas, e deve fazer parte da profissão médico-veterinária a abordagem dessa questão de bem-estar. Se a cadela que gerou a ninhada foi adequadamente vacinada, é provável que ela tenha uma alta concentração de anticorpos séricos contra os antígenos essenciais (CDV, CAV e CPV-2), e que esses sejam transferidos para os filhotes no colostro. Em tal situação, é improvável que um filhote de 4 ou 6 semanas vá responder à vacinação essencial, embora as chances de que isso ocorra sejam maiores se forem administradas vacinas contra CDV e CPV-2 com altos títulos, designadas para uso em filhotes jovens. Contudo, na América Latina, talvez seja mais provável que a cadela não tenha sido adequadamente vacinada, sendo correto, portanto, tentar fornecer proteção aos filhotes o mais cedo possível. O modo mais apropriado de fazer isso seria com uma vacina contendo CDV e CPV-2 designada para uso em filhotes jovens, conforme descrito acima. Tal produto poderia ser administrado a partir de 4 semanas de idade; no entanto, as vacinas contendo vírus vivo modificado nunca devem ser administradas antes disso, pois elas podem produzir uma infecção e malformação em neonatos. Após 6 semanas de idade, os filhotes podem ser vacinados a cada 2 a 4 semanas (trocando para uma vacina trivalente contendo CDV, CAV e CPV-2 às 8 semanas de idade). A dose mais importante da vacina essencial é realmente aquela administrada às16 semanas de idade ou mais, quando todos os filhotes já devem ter perdido os anticorpos maternos, sendo capazes de responder à vacina. Essa deve ser seguida por uma quarta vacinação essencial, administrada entre 26 e 52 semanas de idade (idealmente na extremidade mais inicial dessa faixa).

 

15. Se os cães ou gatos filhotes sabidamente não ingeriram colostro, quando posso vaciná-los?

É difícil estar absolutamente certo de que uma ninhada de cães ou gatos não mamou colostro, ou que certos indivíduos da ninhada não o fizeram. No entanto, se houver suspeita disso, o primeiro conselho seria que essa ninhada fosse criada da melhor maneira, fornecendo-lhe um ambiente tão limpo e isolado quanto possível. O uso de “colostro artificial” formulado a partir de um substituto de leite associado a soro ou plasma de um animal adulto adequadamente vacinado pode também ser considerado nas primeiras 24 horas de vida. Sabe-se experimentalmente que os animais privados de colostro são capazes de produzir uma resposta imune às vacinas essenciais logo no início da vida 92 [EC1]; no entanto, as vacinas contendo VVM nunca devem ser utilizadas antes das 4 semanas de idade, pois elas podem induzir infecção ou defeitos no desenvolvimento do neonato. A vacinação essencial nessa situação pode ser iniciada às 4 semanas de idade. Embora teoricamente um animal privado de colostro deva ser capaz de responder a uma única vacina essencial canina ou a uma única dose de vacina contra FPV (pois não há inibição pelos anticorpos maternos), seria sensato prosseguir com o protocolo recomendado pela WSAVA para cães ou gatos filhotes. Mesmo em um gato filhote privado de colostro, seriam recomendadas pelo menos duas doses de vacina contra FHV-1 e FCV. Com 4 semanas de idade, seria recomendado o uso de vacina essencial contra CDV e CPV-2 designada para cães filhotes jovens.

 

16. Podemos usar testes sorológicos para determinar quando vacinar um filhote, em vez de lhe dar múltiplas doses de vacina?

Existem kits de testes sorológicos rápidos disponíveis no mercado para serem realizados na própria clínica que podem detectar a presença de anticorpos séricos contra CDV, CAV e CPV-2. No entanto, eles se destinam à revacinação de cães adultos e não para determinar o momento ideal para a vacinação dos filhotes. Simplesmente não é prático (e isso tem implicações para o bem-estar do animal) coletar amostras de sangue repetidamente de filhotes muito jovens; e, mais importante que isso, até as 16 semanas de idade não é possível discriminar o anticorpo materno do anticorpo produzido endogenamente pelo próprio sistema imunológico do filhote em resposta à vacinação. Assim, a resposta para a pergunta é “não”: não é possível usar esses kits para determinar o momento ideal de vacinar o filhote. No entanto, os kits poderiam ser usados para determinar a necessidade de uma vacina essencial dada entre 26 e 52 semanas de idade (de acordo com as diretrizes da WSAVA). Se um filhote for testado às 20 semanas de idade (isto é, 4 semanas após receber a última vacina essencial às 16 semanas ou mais de idade) e for soropositivo (para CDV, CAV e CPV-2), então esses anticorpos devem refletir a resposta imune do próprio filhote e indicam que a proteção imunológica foi induzida. Nessa circunstância, o filhote não teria necessidade de receber outra vacina entre 26 e 52 semanas de idade e poderia ir direto para o esquema de revacinação de adulto.

 

17. Os filhotes nascidos de uma mãe revacinada anualmente com vacinas essenciais recebem mais anticorpos maternos do que os nascidos de uma mãe revacinada a cada 3 anos?

Não há nenhuma evidência de que isso ocorra. Sabe-se que os cães adultos que recebem revacinação essencial trienal têm títulos de anticorpos protetores estáveis durante cada ciclo de revacinação de 3 anos, e dados experimentais mostraram que os filhotes adequadamente vacinados no início da vida (e então nunca mais quando adultos) mantêm um platô de títulos de anticorpos protetores contra CDV, CAV e CPV-2 61 [EC1]. Existe uma abundância de dados sorológicos que mostram que a revacinação essencial anual de cães adultos é desnecessária e que os títulos de anticorpos protetores são mantidos de modo perfeitamente adequado com revacinação essencial trienal (ou mais espaçada) 57-64 [EC1]. Alguns médicos-veterinários gostam de vacinar as cadelas reprodutoras imediatamente antes de elas acasalarem, mas não há nenhuma evidência de que isso proporcione anticorpos maternos de melhor qualidade do que nas cadelas que recebem um protocolo de revacinação essencial trienal padrão.

 

18. Todos os filhotes de uma ninhada recebem a mesma quantidade de anticorpos maternos?

Em um mundo ideal, esse seria o caso, mas está claro que em uma ninhada grande os filhotes devem proativamente encontrar uma teta para ingerir uma quantidade adequada de colostro nas primeiras 24 horas de vida. Os filhotes menores ou mais fracos de uma ninhada podem não ser capazes de conseguir isso, e portanto ingerirão menos anticorpos maternos. Esses animais serão protegidos de infecção por um período de tempo menor durante o início da vida, mas, em contraste, devem ser capazes de produzir uma resposta imune endógena às vacinas essenciais mais cedo do que seus irmãos da ninhada que mamaram com mais sucesso e adquiriram um volume maior de colostro.

 

19. Posso dar múltiplas vacinas (p. ex., vacina combinada essencial, antirrábica e contra Cric) no mesmo dia, especialmente a cães de raças pequenas? Ou devo espaçá-las ao longo de semanas?

O sistema imune é capaz de responder (ou tolerar ativamente) a milhares de diferentes antígenos ao mesmo tempo. As superfícies mucocutâneas do organismo interagem naturalmente com números muito grandes de antígenos (p. ex., antígenos do microbioma, dietários, inalados), em um processo contínuo. Portanto, imunologicamente falando, a administração de múltiplos antígenos vacinais em uma só ocasião não representa nenhum problema para o sistema imune. Para vacinas com múltiplos componentes, um requisito do licenciamento é que se demonstre que cada componente é capaz de induzir uma resposta imunoprotetora. Os fabricantes também geralmente demonstram a “compatibilidade” de suas próprias linhas de produtos, que são licenciados para serem coadministrados. Por esses motivos, não há sentido imunológico em espaçar a administração da vacina ao longo de diferentes semanas. Isso requereria múltiplas visitas do cliente, podendo aumentar a probabilidade de as vacinações cruciais serem “perdidas” do cronograma. Um conselho prático é que quando se tiver que administrar múltiplas injeções diferentes (p. ex., uma vacina essencial com uma vacina antirrábica separada), elas sejam aplicadas em diferentes locais subcutâneos, para que diferentes linfonodos drenantes sejam envolvidos na preparação da resposta imune. Dois estudos dos Estados Unidos contrariam isso, visto que mostram que, tanto para cães (particularmente de baixo peso corporal) como para gatos, há uma probabilidade maior de haver reações adversas após a vacinação quando se administram números elevados de antígenos de uma só vez 91,93 [EC1]. A vacinação de acordo com as diretrizes da WSAVA minimiza o número de antígenos que podem ser administrados em uma visita à clínica.

 

20. Quanto tempo devo esperar para vacinar um cão após ele ter se recuperado de uma doença imunossupressora tal como a cinomose ou a erliquiose?

Um princípio fundamental da vacinação é que qualquer animal que estiver clinicamente enfermo não deve ser vacinado até estar recuperado. Se um cão realmente se recuperou de uma infecção por CDV, então ele terá imunidade natural à reinfecção – provavelmente uma imunidade maior do que a que poderia ser induzida por uma vacina. Consequentemente, esse cão poderia ser testado e, se soropositivo, não requereria revacinação contra CDV. No entanto, como o antígeno do CDV geralmente é misturado com outros antígenos vacinais essenciais, esse cão provavelmente vai receber revacinação essencial padrão no futuro. Se for essencial revacinar um cão recuperado de infecção por CDV, um período de 4 semanas após a recuperação deve ser suficiente para que a função imune se recupere. Com a infecção por Ehrlichia canis, a situação é mais complexa, pois a doença pode ter estágios agudos e crônicos, e os cães tratados podem ainda abrigar o agente infeccioso, de modo que a doença pode voltar a ocorrer após qualquer evento estressante futuro. Novamente, se um cão foi diagnosticado e tratado apropriadamente, ele deve estar clinicamente bem por pelo menos 4 semanas antes de se considerar a vacinação. Em ambas as circunstâncias, um exame hematológico e bioquímico sérico também pode indicar que houve recuperação imunológica (isto é, a normalização da contagem de leucócitos e da concentração sérica de gamaglobulina).

 

21. Quanto tempo devo esperar para vacinar um cão após o término de um tratamento com glicocorticoides? 

Isso depende da dose de glicocorticoides recebida pelo animal. Uma dose anti-inflamatória (p. ex., 0,5 a 1mg/kg de prednisolona) não prejudicará a habilidade de o sistema imune responder à vacinação. Uma dose imunossupressora (p. ex., 2 a 4mg/kg de prednisolona), particularmente se combinada com outros agentes imunossupressores, é utilizada para diminuir a função imune. Consequentemente, a vacinação não deve ser administrada até pelo menos 4 semanas após a aplicação do glicocorticoide e de sua concentração ter gradualmente diminuído e então desaparecido 1 [EC4]. O cão deve também, é claro, estar clinicamente saudável após o término dessa terapia. Embora não haja estudos formais sobre os efeitos da terapia com glicocorticoides sobre a vacinação canina, existe um estudo sobre o efeito do tratamento com ciclosporina nas respostas imunes vacinais de felinos. Enquanto estavam sendo tratados com ciclosporina, os gatos foram capazes de produzir respostas imunoprotetoras adequadas aos antígenos vacinais que já haviam sido administrados previamente (FPV, FHV-1, FCV, FeLV e raiva), mas o medicamento prejudicou a resposta imune à primovacinação com a vacina contra FIV 94 [EC1].

 

22. Posso vacinar um cão que esteja recebendo quimioterapia? Caso contrário, quanto tempo tenho que esperar após o término da quimioterapia para vaciná-lo?

Os cães que estão recebendo potentes medicamentos quimioterápicos imunossupressores não devem ser vacinados. Esses medicamentos atacam as células imunes de rápida divisão, além das células cancerosas alvo, prejudicando a função imune. Devem decorrer pelo menos 4 semanas após o término dessa terapia antes de se aplicar qualquer vacina. O cão deve estar clinicamente recuperado, e o ideal é que se realize uma avaliação hematológica e bioquímica sérica que indique uma recuperação da função imune.

 

23. Até que idade devo vacinar um cão idoso? Os cães idosos devem ser vacinados todo ano com vacinas essenciais porque seu sistema imune pode não funcionar tão bem como quando eles eram mais jovens?

Quanto às vacinas essenciais (CDV, CAV e CPV-2), há boa evidência de que a vacinação do filhote induz imunidade protetora por toda a vida, e portanto não é preciso revaciná-lo regularmente quando adulto. Existem também estudos que mostram que cães geriátricos (isto é, cães com mais de 10 anos de idade) mantêm níveis protetores de anticorpos contra esses três antígenos virais essenciais, e que esses níveis de anticorpos não declinam com a idade como parte do fenômeno da imunossenescência 95 [EC1]. Por outro lado, sabe-se também que a administração de uma nova vacina (isto é, que não tenha sido administrada previamente) a um cão mais velho leva a uma resposta imune primária menos efetiva do que a que poderia ter sido produzida quando mais novo 96 [EC1]. Portanto, não há nenhuma evidência de que os cães geriátricos requeiram revacinação essencial mais frequente do que os adultos mais jovens; os cães geriátricos podem ser mantidos com segurança no programa de revacinação essencial trienal padrão. Em locais onde a revacinação essencial é determinada por testes sorológicos (testes de títulos), o VGG recomenda que eles sejam realizados anualmente (em vez de trienalmente) nos cães geriátricos, simplesmente para ter certeza de que a revacinação não é necessária 1 [EC4].

 

24. Quantas doses de vacina um rottweiler deve receber? Ele precisa de mais doses de CPV-2 do que outros cães?

Os rottweilers são uma raça bem reconhecida por ter uma frequência acima da média de animais geneticamente pouco responsivos e não responsivos às vacinas contra CPV-2 e antirrábica. Não há nenhum motivo para vacinar os rottweilers mais frequentemente do que outras raças de cães. Se eles apresentarem esse padrão genético, isso significa que são destituídos de habilidade imunológica para responder a um antígeno em particular (p. ex., CPV-2), e que não importa com que frequência eles sejam vacinados – eles não responderão à vacinação. Essa é uma situação em que o teste sorológico é de benefício prático. Os testes serão capazes de determinar se um rottweiler é soronegativo para o CPV-2 após a vacinação (note que isso não se aplica à raiva). Esse cão estaria, portanto, em risco de contrair infecção, e podem-se tomar medidas apropriadas para minimizar esse risco. Mais importante, esses cães não devem ser usados com a finalidade de reprodução.

 

25. Se um cão demora mais de 3 meses para receber uma vacina anual contra Leptospira, eu preciso administrar uma ou duas doses de vacina para restabelecer a imunidade?

Se um cão demorou um período de até 3 meses para receber sua vacina de reforço anual contra Leptospira, uma única dose de reforço da vacina deve ser suficiente. Se a revacinação anual demorar mais de 3 meses (isto é, um intervalo de 15 meses desde a última vacina), então devem-se administrar duas doses da vacina (com intervalo de 2 a 4 semanas entre elas) para restabelecer a imunidade, e então reforços anuais daí em diante. Alguns fabricantes informam que a proteção pode se estender até 18 meses, mas o VGG adota uma visão mais cautelosa quando considera todas as vacinas de modo geral.

 

26. A vacinação pode afetar a interpretação dos títulos de Leptospira em um cão?

Sim, a vacinação levará à geração de uma resposta dos anticorpos após sua aplicação; contudo, essa resposta pode não persistir por muito tempo, e os títulos pós-vacinais podem declinar ou até mesmo desaparecer em até 4 meses após a vacinação, muito embora o cão continue protegido por todos os 12 meses de cobertura vacinal. Ainda que os títulos pós-vacinação tendam a ser baixos, eles podem persistir por mais de 4 meses em altos níveis se o cão for exposto a cepas do campo. Além disso, pode ocorrer reatividade cruzada com sorovares não vacinais 26 [EC1]. Devido a isso, se estiver tentando confirmar um diagnóstico de leptospirose em um cão clinicamente enfermo, o tempo decorrido após qualquer vacinação prévia deve ser considerado. Esse é um dos principais motivos pelos quais o diagnóstico clínico da leptospirose só pode ser obtido adequadamente pela avaliação do teste MAT em amostras de soro pareadas, coletadas com 2 semanas de intervalo. Os anticorpos vacinais não apresentarão uma elevação do título na segunda amostra, enquanto os anticorpos contra um sorovar potencialmente infectante devem apresentar uma elevação de quatro vezes no título de anticorpos entre a primeira e a segunda amostra. É importante destacar que os cães podem desenvolver títulos contra sorovares não incluídos nas vacinas, e às vezes o maior título é contra um sorovar não incluído. Títulos positivos para sorovares não vacinais devem ser interpretados com cautela se um cão vacinado desenvolver sinais clínicos condizentes com leptospirose 97,98 [EC1].

 

27. Devo usar vacinas contra Leptospira a cada 6 meses ou anualmente em um cão sob risco?

Um cão que tenha acesso regular a ambientes com água que pode estar contaminada por roedores ou a ambientes agropecuários com criação de animais pode correr alto risco de contrair leptospirose. Mesmo os cães urbanos podem correr esse risco. Nas versões iniciais das diretrizes globais da WSAVA, o VGG fazia a recomendação de que a revacinação semestral contra a leptospirose fosse considerada para cães sob alto risco. Subsequentemente, removemos aquela recomendação, pois não havia evidência científica suficiente para respaldá-la. Portanto, mesmo os cães sob alto risco requerem apenas a revacinação anual contra a leptospirose.

 

28. Tenho preocupação com o fato de que, na América Latina, onde poucos animais são vacinados e onde há uma alta prevalência de doenças infecciosas, a vacinação a cada 3 anos contra CPV e CDV seja insuficiente. Devo continuar a dar a vacinação essencial anual aos cães?

Na América Latina é muito mais importante tentar aumentar a imunidade de rebanho do que aumentar a carga de vacinação de cada animal. Quanto mais cães e gatos forem vacinados, mais difícil será que a doença infecciosa se dissemine nessa população. Os médicos-veterinários devem entender que administrar uma vacina essencial a um animal induz imunidade protetora. Não existem graus de imunidade protetora. A presença de anticorpo contra antígenos da vacina essencial, seja qual for o título, indica que o animal tem proteção e memória imunológicas, e qualquer exposição ao patógeno resultará em uma rápida resposta imune (memória) secundária. Simplesmente não é possível tornar um animal mais imune aplicando vacinas mais frequentemente. Imunologicamente falando e de acordo com os princípios básicos, a vacinação repetida acima dos níveis recomendados pode, mais provavelmente, induzir “tolerância” imunológica (falha em responder) do que proteção imunológica. Portanto, a revacinação essencial trienal de acordo com as diretrizes da WSAVA é perfeitamente adequada, mesmo para os cães de mais alto risco. Doses preciosas da vacina seriam mais bem utilizadas para aumentar a imunidade de rebanho em vez de serem desperdiçadas em um animal já bem protegido.

 

29. Meus clientes não podem enviar seu cão para um canil de hospedagem a menos que ele tenha sido vacinado contra giárdia; portanto, como o VGG pode classificar a vacina contra giárdia como não recomendada?

Aqui, o profissional veterinário precisa perguntar: “Quem está criando essa regra?”. Em muitos países (inclusive nos Estados Unidos e Canadá e na Europa), os proprietários leigos de canis e gatis de hospedagem criam regras baseadas no fato de, historicamente, sempre terem feito isso. Esses indivíduos bem-intencionados não são médicos-veterinários cientificamente treinados e geralmente não estão a par dos avanços científicos em vacinologia veterinária das últimas décadas. Deve ser responsabilidade da profissão médica-veterinária instruir essa comunidade e auxiliá-la desenvolvendo regulamentos condizentes com a ciência moderna.

 

30. Deve-se vacinar um gato contra FeLV que apresente teste positivo para esse vírus?

Não. Os testes diagnósticos para FeLV realizados na clínica detectam o antígeno viral. Portanto, um resultado positivo real indica que o gato está atualmente infectado com o FeLV ou combatendo uma infecção recente. Alguns gatos conseguem por si só eliminar a infecção pelo FeLV. Outros ficam persistente ou progressivamente infectados. Portanto, o gato com teste positivo deve ser testado novamente de imediato, utilizando-se um teste de um fabricante diferente, para descartar um resultado falso-positivo. Se o segundo resultado for positivo, o gato deve ser testado novamente em 4 a 6 meses. Se ele continuar apresentando resultado positivo 4 a 6 meses depois, é provável a existência de uma infecção progressiva. É importante destacar que gatos infectados sem viremia podem apresentar testes de antígeno negativos, o que significa que às vezes você pode estar vacinando um gato assintomático, mas infectado pelo FeLV. Nesse caso, a vacina não vai causar nenhum dano, mas também é improvável que possa conferir qualquer benefício para o animal. 

 

31. Os gatos que vivem somente dentro de casa devem ser vacinados contra FeLV?

Os fatores de risco para infecção pelo FeLV incluem o acesso à rua e a exposição a outros gatos, quando o vírus pode ser transmitido através das secreções salivares (p. ex., lambidas, asseio mútuo, tigelas de alimentos e água compartilhados ou mordidas como parte do comportamento de disputa). Um gato que viva somente dentro de casa e que provavelmente só saia do ambiente interno para uma visita anual ao médico-veterinário não seria um candidato à vacinação não essencial, inclusive contra o FeLV. Certamente, considerando que a vacinação contra o FeLV é mais efetivamente utilizada em filhotes, tomar essa decisão sobre o futuro estilo de vida do gato às vezes é difícil para os tutores. Se houver algum indício de que o animal possa vir a ter acesso à rua durante sua vida futura, ou de que ele vá viver com outros gatos que tenham acesso à rua, faz sentido considerar a vacinação contra FeLV no início da vida, particularmente em áreas de alta prevalência da infecção.

 

32. Se um domicílio tem um gato positivo para FeLV e a família decide adotar um novo filhote, como esse filhote deve ser vacinado contra  esse vírus?

De um modo ideal, um gato sabidamente infectado pelo FeLV deveria ficar dentro de casa, isolado, e os tutores devem ser aconselhados a não introduzir nenhum outro gato no domicílio. No entanto, na situação descrita, se inevitável, o novo filhote deve certamente ser vacinado contra FeLV assim que possível, antes da introdução no domicílio, com duas doses de vacina-padrão administradas com intervalo de 2 a 4 semanas, a partir de 8 semanas de idade, e depois um reforço aos 12 meses.

 

33. Pode-se vacinar um animal prenhe?

O ideal é que os animais prenhes não sejam vacinados. No caso de vacinas essenciais em que a transferência de anticorpos maternos é necessária, as fêmeas adultas vacinadas regularmente devem ter títulos de anticorpos adequados para transferir aos filhotes, e não deve ser nem mesmo necessário revaciná-las imediatamente antes que fiquem prenhes.
A menos
que haja indicação específica do fabricante de que a vacinação é segura durante a gestação (e alguns produtos trazem essa indicação), existem riscos teóricos para o feto com relação ao uso de vacinas contendo VVM no animal prenhe. As vacinas não essenciais também não devem ser administradas durante a gestação, pois tendem a não induzir os anticorpos protetores transferidos no colostro do modo como ocorre com as vacinas essenciais.

 

34. Deve-se desinfetar a pele com álcool antes de injetar uma vacina?

Não há absolutamente nenhuma evidência que respalde esse procedimento, muito embora ele continue sendo amplamente praticado. Há um risco de que o álcool possa inativar parte das partículas de vírus vivo modificado de uma vacina, e, portanto, essa desinfecção é realmente contraindicada. Embora a pele carregue uma microflora normal, é altamente improvável que a introdução da agulha resulte em qualquer infecção subcutânea por “transporte” de organismos para o microambiente da pele. Deve-se também observar que na medicina humana, os locais de administração da vacina injetável não são mais desinfetados com álcool, de acordo com as recomendações da OMS e do CDC 99 [EC1].

 

35. Nós, como médicos-veterinários, devemos ser vacinados contra raiva? Existe alguma outra doença ocupacional contra a qual devamos ser vacinados?

Qualquer médico-veterinário que exerça a profissão em um país onde a raiva seja endêmica, que lide com animais que podem ter sido importados de países onde esse vírus seja endêmico ou com animais silvestres (particularmente morcegos), deve ser rotineiramente vacinado contra a raiva de acordo com as atuais recomendações para seres humanos. A raiva é uma doença fatal, e nenhum médico-veterinário em risco de exposição deve ficar desprotegido. Do ponto de vista da clínica de animais de estimação, não existem outras doenças zoonóticas para as quais haja vacinação humana disponível ou recomendada.

 

36. Até que ponto são comuns os eventos adversos após a vacinação e quais deles podem ser observados na prática?

Uma ampla variedade de eventos adversos tem sido reconhecida após a vacinação. A maioria deles é transitória e leve (p. ex., reações de hipersensibilidade tipo I imediatamente após a vacinação), mas alguns podem induzir a uma doença mais severa (p. ex., anemia hemolítica imunomediada, sarcoma no sítio de injeção em felinos). A reação mais comum é uma leve letargia, anorexia e pirexia por 2 a 3 dias após a vacinação. Na realidade, isso não é uma reação adversa, mas mais uma indicação de que a vacina estimulou as vias imunes e inflamatórias como parte da geração da resposta imunoprotetora. É difícil obter dados exatos sobre a frequência de reações adversas após a vacinação. Revisando todas as informações globais, podemos dizer que existe algo em torno de 30 a 50 reações adversas (na maioria, leves e transitórias) para cada 10 mil vacinações realizadas 91,100 [EC1]. A chance de contrair doença infecciosa que ponha a vida em perigo (particularmente em ambientes como os da América Latina) supera muito o risco de eventos adversos.

 

37. Se um animal apresentou uma reação alérgica após a vacinação no passado, deve-se vaciná-lo mais alguma vez?

Teoricamente, se ocorreu uma reação devido a uma hipersensibilidade tipo I mediada por IgE, o animal está imunologicamente sensibilizado, e é provável que uma exposição subsequente ao mesmo antígeno provoque o mesmo tipo de reação. Na realidade, isso nem sempre acontece, e às vezes tais reações ocorrem apenas uma vez. Se a reação ocorreu em um filhote que ainda não recebeu a série completa das vacinas do início de vida, esse animal deve ser revacinado para receber o esquema completo de vacinas essenciais. Deve-se considerar se as vacinas não essenciais são justificadas para esse animal, e, quando adulto, podem-se usar testes sorológicos para informar a necessidade das vacinas essenciais. Existem certas medidas práticas que se pode tomar para evitar a ocorrência de tais reações na segunda vez ou nas aplicações subsequentes. Trocar a marca da vacina pode ou não ter algum efeito. Não há nenhum problema em dar uma dose de anti-histamínico ou uma dose anti-inflamatória de glicocorticoide imediatamente antes da vacinação; isso não vai interferir na eficácia da vacina. É melhor manter o animal na clínica e monitorá-lo por várias horas após a vacinação, em vez de mandá-lo para casa. 

 

38. Qual é o melhor local anatômico para vacinar um gato a fim de reduzir o risco de sarcoma do sítio de injeção em felinos?

Não há um local anatômico específico no qual um gato possa ser injetado que reduza o risco de desenvolvimento de sarcoma. No entanto, podem-se adotar estratégias que auxiliarão no manejo do sarcoma, caso ele ocorra. Existem várias opções recomendadas por diferentes organizações e autores, entre as quais se incluem a administração por via subcutânea o mais distal possível nas patas traseiras e dianteiras, na pele do abdômen lateral e o mais distal possível na cauda. A WSAVA não recomenda uma única opção, mas sugere que a nuca não seja utilizada e que se reveze os locais de vacinação a cada aplicação, e que esses locais sejam registrados na ficha médica do animal.

 

39. O VGG recomenda teste sorológico de cães e gatos adultos em lugar da revacinação essencial?

Sim, o VGG apoia o uso de testes sorológicos realizados na clínica para determinar se os cães adultos estão protegidos (isto é, se têm anticorpos séricos) contra CDV, CAV e CVP-2, e se os gatos adultos estão protegidos contra FPV (no momento em que este documento foi escrito, o teste para felinos não estava disponível na América Latina). Note que a sorologia não pode prever a proteção contra FHV-1 ou FCV, ou contra quaisquer antígenos das vacinas não essenciais. O teste sorológico para verificar a eficácia da vacinação antirrábica é frequentemente exigido para viagem com o animal de estimação, mas, nesse caso, geralmente é realizado dentro de um período definido após a vacinação (p. ex., 4 semanas) e não é usado na prática clínica para demonstrar proteção contra raiva, pois os títulos podem declinar após o intervalo recomendado de teste. Deve-se selecionar um kit bem validado, respaldado por literatura científica revisada por pares. A sorologia pode ser realizada anual ou trienalmente durante a consulta de verificação anual da saúde. Muitos tutores, particularmente aqueles preocupados com a segurança das vacinas, preferirão essa opção para seus animais de estimação.

 

40. Existem kits para avaliar os títulos de anticorpos em gatos?

Sim, existe um fabricante que produz um kit para determinação de anticorpos anti-FPV, FHV-1 e FCV no soro dos gatos 101 [EC1], mas no momento em que este documento foi escrito esse teste não estava disponível na América Latina. Note que somente os anticorpos anti-FPV são preditivos de proteção; os anticorpos contra os vírus do trato respiratório superior não estão correlacionados à proteção.

 

Conflito de interesse

O trabalho do VGG foi apoiado financeiramente pela MSD Saúde Animal (MSD Animal Health), que é parceira global da WSAVA. Os autores deste manuscrito, feito sem consulta à indústria, pertencem ao VGG – um grupo totalmente independente de especialistas acadêmicos. Os representantes da empresa patrocinadora não participam das reuniões do VGG. A empresa não tem direito de veto sobre as recomendações do VGG.

 

Agradecimentos

O VGG agradece aos numerosos líderes de opinião da Argentina, do Brasil e do México que viajaram para reunir-se conosco, geralmente por longas distâncias, para compartilhar seu conhecimento e experiência. Agradecemos também aos médicos-veterinários daqueles países que nos permitiram visitar suas clínicas e aos vários médicos-veterinários que responderam ao
nosso questionário. Somos gratos a nossos colegas da MSD Saúde Animal, que, em nível nacional, regional e global, se encarregaram de toda a logística em nossas visitas aos países, e particularmente pelo trabalho envolvido na organização dos eventos de educação continuada em cada país.

O presente resumo foi publicado com a anuência do corpo editorial do Journal of Small Animal Practice, onde se encontra publicado o documento completo original, em inglês (Journal of Small Animal Practice, 61(6), E1-E35, 2020).

A versão completa do documento, traduzida para o português, pode ser obtida na página do VGG no site da WSAVA, em https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/08/Recommendations-on-vaccination-for-Latin-American-small-animal-practitioners-Portuguese.pdf

 

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