Nova pesquisa da Proteção Animal Mundial revela que turistas estão dispostos a apoiar financeiramente o fim da caça esportiva na África do Sul
Para proteger a vida selvagem da região, viajantes estão dispostos a pagar para compensar a receita que a caça esportiva arrecada
Em parceria com um grupo de investigadores do Reino Unido e da África do Sul, a Proteção Animal Mundial realizou um inquérito sobre as atitudes do público em relação à caça esportiva, que utiliza animais como troféus. O levantamento conta com o depoimento de mil pessoas de países que visitam com mais frequência a África do Sul, tanto dentro do continente africano como no exterior. Os dados apontam que as pessoas estão dispostas a atuar contra a caça de leões no país por esporte. A pesquisa também revelou um desejo de financiar a proteção da vida selvagem do país por meio do pagamento de uma “taxa de proteção para os leões”.
“Nossa ideia era avaliar se os visitantes que chegam à África do Sul estariam dispostos a pagar uma ‘taxa de proteção para os leões’ que poderia compensar qualquer receita perdida da caça aos troféus caso ela fosse proibida. E tivemos uma grata surpresa. A disposição das pessoas para pagar é tão forte que poderia gerar fundos suficientes para igualar, se não exceder, os atualmente gerados pela caça aos troféus”, explica o pesquisador principal do projeto, Tom Moorhouse.
Principais conclusões:
- 84,2% dos entrevistados afirmaram que a solicitação do pagamento de uma “taxa de proteção para o leão” para turistas que chegam ao país seria uma “boa” ou “ótima” ideia. O maior apoio ocorreu entre os entrevistados estrangeiros (Reino Unido, países europeus e EUA) (92,3%) e os de Moçambique (88,9%);
- As taxas diárias poderiam ser fixadas em cerca de US$ 3 para turistas da África Austral e US$ 7 para turistas estrangeiros;
- Os pagamentos poderiam ser feitos na forma de taxas únicas a partir de US$ 6 para todos os visitantes estrangeiros que saem por terra ou mar e US$ 33 para os passageiros aéreos;
- Ambos os cenários de taxas gerariam fundos pelo menos iguais, mas potencialmente superiores aos atualmente gerados pela caça esportiva de todas as espécies (US$ 176,1 milhões) na África do Sul.
“A caça aos animais considerados troféus é controversa. Por um lado, pode gerar receitas e criar incentivos de conservação para as comunidades locais. No entanto, alguns argumentaram que também pode prejudicar a economia e a reputação de conservação se os turistas internacionais decidirem visitar outro lugar. Dada a situação atual, deveria ser realizada uma maior exploração de uma “taxa de proteção para os leões”. Poderia ser uma peça vital do quebra-cabeça para evitar consequências negativas para a vida selvagem ou para os meios de subsistência na África do Sul”, completa o pesquisador colaborador dr. Herbert Ntuli, da Universidade de Pretória.
A pesquisa anterior sobre o tema, realizada em 2022, já havia mostrado que a opinião pública é a favor da proibição da caça de animais considerados troféus, com 84% de 10.090 pessoas, incluindo turistas internacionais na África do Sul, concordando que o governo sul-africano deveria priorizar o turismo amigo da vida selvagem. Agora, o novo estudo avança em direção à proteção dos leões na África do Sul, provando que existe uma alternativa amiga da vida selvagem com o financiamento do turismo.
O estudo tem relevância fundamental para a consulta pública em andamento sobre um “Projeto de Posição Política” em relação à conservação e uso sustentável de elefantes, leões, leopardos e rinocerontes, que foi recentemente compartilhado pelo Departamento de Florestas, Pescas e Ambiente ( DFFE) na África do Sul.
“A crescente oposição pública à caça desses animais considerados troféus é completamente compreensível. Para a maioria das pessoas, a matança da vida selvagem africana por “esporte” ou para “salvá-la” é moralmente abominável. O nosso estudo elimina um enorme e importante ponto de interrogação sobre, se e como, os fundos gerados por esta controversa indústria poderiam ser substituídos. Os viajantes internacionais, tanto dentro como fora de África, dizem que estão dispostos a pagar do seu próprio bolso para proteger a vida selvagem e os meios de subsistência. Esta informação tem o potencial de ser uma mudança de jogo em termos de debates políticos paralisados sobre esta questão, tanto na África do Sul como em outros países”, finaliza dr. Neil D’Cruze, da Proteção Animal Mundial.
As novas conclusões da investigação foram compartilhadas com autoridades da África do Sul. Para saber mais sobre o terror que está por trás desse tipo de caça acesse https://www.youtube.com/watch?v=VUdl4LSEx4k