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X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo

Resgatando saberes, construindo conhecimentos e fortalecendo ações

Matéria escrita por:

Clínica Veterinária

6 de ago de 2021


Nos dias 21 e 22 de maio de 2021 realizou-se a X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, em parceria entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC).

Quando do primeiro evento, na Universidade de São Paulo, em 2010, não se poderia imaginar que a MVC iria se consolidar no país em tão pouco tempo – consolidação essa que culminou com a recente aprovação da especialidade pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em sua 346ª Sessão Plenária Ordinária, como mais uma das especialidades médicas reconhecidas em território nacional. Nada mais oportuno para comemorarmos o aniversário de uma década dessa conferência.

Durante esses 10 anos, após conferências   realizadas em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa, conceitos como saúde única, saúde coletiva, teoria do elo, veterinária social, medicina de abrigos, medicina veterinária de desastres, medicina veterinária legal (área de maus-tratos aos animais) e tantos outros se consolidaram em trabalhos científicos, manuais, palestras, projetos governamentais, projetos de lei, mesas de discussões e eventos científicos das mais diversas áreas que se conectam à medicina veterinária – como saúde pública, sociologia, antropologia, medicina forense, bem-estar animal, etc.

Há cerca de 10 anos, muitos estudantes de medicina veterinária e profissionais não sabiam ao certo o que era a medicina veterinária do coletivo, e foi somente em 2011 que surgiu a primeira disciplina e residência em MVC na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Hoje contamos com a oferta da disciplina de MVC para a graduação em várias instituições (UFPR, UFMG, UFRPE, Uece, PUCPR, Faculdades Anhembi-Morumbi, Centro Educacional Anclivepa, Centro Universitário Newton Paiva, Ifsuldeminas – a partir de 2022, como disciplina obrigatória), além das residências na UFMG e na UFPR e da disciplina MVC no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFMG. Os estudantes também estão se mobilizando e criando grupos de estudos na área, a exemplo do Coletivet (Anhembi-Morumbi), Gecolabe (UFPR), Nevec (Ufla) e GEMVC-Ceunsp (Ceunsp), Coletivo (Anclivepa) e Coletizo (Unip).

Após 10 anos, é um desafio continuar a trazer este debate científico acerca de um tema tão importante e mais relevante ainda neste momento que estamos vivenciando de pandemia e isolamento social. E justamente neste momento vemos a importância e a relevância de sua interlocução transdisciplinar, e verificamos que seu alto potencial de inovação traz um caminho sem volta em prol da sociedade e da Saúde Única.

A X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo objetivou promover a disseminação e o aprimoramento dos conhecimentos da MVC, atualizando os profissionais nos mais modernos preceitos da área mediante a apresentação de experiências práticas e de estudos científicos nacionais e internacionais. 

Este ano contamos com 26 profissionais de 6 países, que trouxeram o que há de mais novo e relevante em suas áreas de especialidade para os 540 participantes. Também foram 13 trabalhos e experiências apresentados oralmente e quase 50 trabalhos apresentados em forma de pôster.

 

Os pôsteres premiados foram:

1º lugar: 

Aspectos de saúde única em comunicações da mídia sobre o desastre de derramamento de petróleo no Nordeste do Brasil – Letícia Koproski, Leonardo José Duda, Maíra Zacharias, Éder Paetzhold, Danyelle Stringari, Marina Balbuena e Thaiany Soares.

 

Empatados em 2º lugar: 

Análise do manejo ético populacional de cães e gatos no campus Pampulha da UFMG – Gustavo Canesso Bicalho, Camila Machado Torres, Werik dos Santos Barrado, Antônio Barbosa Júnior, Marcelo Teixeira Paiva, Camila Stefanie Fonseca de Oliveira, Graciela Kunrath Lima, Christina Malm, Marcelo Pires Nogueira de Carvalho, Luiz Carlos Villalta, Vania Regina Goveia, Fernanda Louro de Souza e Danielle Ferreira de Magalhães Soares;

Avaliação do conhecimento sobre zoonoses para tutores de cães participantes de campanha de castração no município de Araucária, Paraná, Brasil – Luis Fernando Turozi Mausson, Heloise Zavatieri Polato, Lucas Galdioli, Jéssica Pinheiro Feliciano do Nascimento e Rita de Cassia Maria Garcia.

 

3º lugar: 

Núcleo de estudos como ferramenta de ensino sobre a medicina veterinária do coletivo na UFLA – Kelly Cristina de Souza, Blenda Araujo Martins Ferreira, Gabriela Cesar Policarpo de Oliveira e Maria Raquel Isnard Moulin.

As apresentações orais premiadas foram as seguintes:

1º lugar: 

Análise do manejo ético populacional de cães e gatos no campus Pampulha da UFMG – Gustavo Canesso Bicalho, Camila Machado Torres, Werik dos Santos Barrado, Antônio Barbosa Júnior, Marcelo Teixeira Paiva, Camila Stefanie Fonseca de Oliveira, Graciela Kunrath Lima, Christina Malm, Marcelo Pires Nogueira de Carvalho, Luiz Carlos Villalta, Vania Regina Goveia, Fernanda Louro de Souza e Danielle Ferreira de Magalhães Soares.

 

2º lugar: 

Bem-estar de cães abrigados no sul de Minas Gerais: que pontos devemos melhorar? – Diana Cuglovici Abrão.

 

Empatados em 3º lugar:

Projeto Médicos-Veterinários de Rua: colocando em prática a medicina veterinária do coletivo – Stefanie Sussai, Fernanda Mantovani Coqui, Lilian Lucon Wahler, André Stroebel de Gerone e Thaís Andrade dos Santos;

Análise da concorrência de casos de violência doméstica e maus-tratos aos animais – Bruno Pedon Nunes, Larissa Rachel Wolf, Michelle Monique de Alcântara Lucchesi e Rita de Cassia Maria Garcia.

 

As melhores experiências premiadas foram:

1º lugar: 

Apoio à formulação, implementação e execução da política estadual do bem-estar animal do Amazonas – Camila Martins Pires, Gleice Rodrigues de Souza, Letícia Oliveira Cobello, Kiviane Castro Ribeiro, Gabriela Passos Sampaio, Vanessa Menezes da Silva e Suelen Alves Muniz.

 

2º lugar: 

Avaliação do checkout dos pets hospedados pelo projeto Integra Animal Ufal-Braskem em Maceió, AL – Yana Gabriella de Morais Vargas, Aline dos Santos Oliveira, Riquelly Amália Dantas Ribeiro, Pamela Thaiany Filgueira da Silva, Helena Emília Oliveira Teodósio, Maria Krislayne Oliveira da Silva, Rayane Caroline Medeiros do Nascimento, Yane Fernandes Moreira, Pierre Barnabé Escodro e Renildo dos Santos Floresta.

 

3º lugar: 

Projeto de conscientização sobre a covid-19 e a relação ser humano/animal em assentamento no município de Viçosa, Alagoas, Brasil – Ibenny Emanoel dos Santos Souza, José Alan de Melo Feitosa, José Venicius dos Santos, Ana Paula Menezes Felix, Claudio César dos Santos Freire, José Witlley Castanha Lopes, Yana Gabriella de Morais Vargas, Rayane Caroline Medeiros do Nascimento, Tobyas Maia de Albuquerque Mariz e Pierre Barnabé Escodro.

Nessa X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, o Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo reconheceu os trabalhos em manejo populacional de cães e gatos em benefício das pessoas, dos animais e do meio ambiente e concedeu os seguintes títulos:

Destaque Internacional em Medicina Veterinária do Coletivo: Elly Hiby, Diretora do International Companion Animal, Management Coalition (Icam).

Destaques em Medicina Veterinária do Coletivo na América Latina: Melania Gamboa, gerente de Programas de Animais de Companhia pela World Animal Protection de 2010 a 2021; e Rosangela Ribeiro Gebara, gerente de Programas de Animais de Companhia pela World Animal Protection de 2010 a 2021.

Associada honorária do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo: Vania Plaza Nunes, diretora do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e consultora do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC).

Também nessa X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo foram entregues os prêmios Maria Padilha e Werner Payne (in memoriam).

O Prêmio Maria Padilha visa valorizar, reconhecer e divulgar a produção acadêmica das diferentes áreas de conhecimento referentes à relação entre a violência interpessoal e os maus-tratos aos animais. A psicóloga Maria José Salles Padilha foi a primeira pesquisadora brasileira e talvez latino-americana a publicar uma pesquisa sobre a relação entre a violência doméstica e os maus-tratos aos animais. Durante anos, Maria Padilha dedicou a vida a incentivar a guarda responsável e a implantação de políticas públicas municipais para o manejo populacional canino e felino, além de lutar contra as práticas cruéis de captura e eliminação de cães e gatos em Pernambuco. Os premiados foram:

1º lugar: 

Bayesian spatial models of the association between interpersonal violence, animal abuse and social vulnerability in São Paulo, Brazil  Oswaldo Santos Baquero, Fernando Ferreira, Marcelo Robis, José Soares Ferreira Neto e Jason ArdilaOnell.

 

2º lugar: 

Teoria do elo: a relação entre os maus-tratos aos animais e a violência interpessoal – Stefany Monsalve Barrero, Yasmin da Silva Gonçalves da Rocha, Lucas Galdioli e Rita de Cassia Maria Garcia.

 

Empatados em 3º lugar:

A vulnerabilidade na família como determinante de maus-tratos aos animais de companhia – Stefany Monsalve Barrero;

Estratégia para avaliação de violência no âmbito da família multiespécie – Yasmin da Silva Gonçalves da Rocha e Rita de Cassia Maria Garcia.

 

O Prêmio Werner Payne visa valorizar, reconhecer e divulgar a produção acadêmica das diferentes áreas de conhecimento referente a práticas de formas humanitárias e eficientes na promoção do manejo populacional de cães e gatos em cidades brasileiras e latino-americanas. O médico-veterinário Werner John Payne é por muitos considerado a “lenda” do controle populacional de cães e gatos no Brasil, reconhecido e respeitado como referência e liderança pelo Movimento de Defesa dos Direitos Animais nacional e internacional, e apoiador e benfeitor em temas em que os animais mais vulneráveis estavam envolvidos. Foi o precursor e disseminador no Brasil de técnicas cirúrgicas como a “técnica do gancho” e a “castração pediátrica” de cães e gatos. Atuou na humanização das técnicas de controle de zoonoses e manejo populacional e no planejamento e agilização dos métodos de socorro aos animais atingidos por catástrofes naturais. 

Participou de programas de controle populacional, mostrando que a transformação do destino de animais negligenciados por seus tutores passa pelo controle reprodutivo de qualidade, pela educação e por programas eficientes de adoção. Os premiados foram:

1º lugar: 

Dinâmica populacional de cães irrestritos: revisão sistemática da literatura e estudo de campo com capturas, marcações, esterilizações e recapturas – Vinícius Silva Belo.

 

2º lugar: 

Defining priorities for dog population management through mathematical modeling – Oswaldo Santos Baquero, Akamine, Marcos Amakue e Fernando Ferreira.

 

3º lugar:  

Dinâmica populacional canina e felina em área urbana: avaliação da estratégia de controle reprodutivo – Rita de Cassia Maria Garcia, Marcos Amaku, Alexander Biondo e Fernando Ferreira.

 

Com mais de 540 pessoas online de diversos estados brasileiros e vários países pelo mundo, a conferência foi um sucesso. A forma de trabalho online foi uma experiência positiva, e por isso as próximas utilizarão o método híbrido (online e presencial), a fim de viabilizar a participação e a inclusão de todos. Em maio de 2023 acontecerá a XI Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo, em Recife. Todos os trabalhos realizados durante esse período de pandemia nos ensinaram uma lição valiosa – e, como dizia Paulo Freire: “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”

 

 

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