Um ciclo se encerra, outro se inicia – um lugar-comum, o velho processo definidor da vida, mas que define muito bem nosso momento atual. São vários os ciclos que se encerram agora. O ano de 2018, com todos os seus conflitos e surpresas, abre caminho para 2019. O país também encerra de certo modo um ciclo e desenha novas perspectivas – e novas incertezas. Nossa revista conclui um ciclo de 23 anos e revigora neste momento suas forças para o início de um novo ciclo que aponta para novos desafios. Em todos esses ciclos, há a tensão entre o que foi e o que virá – uma tensão que cabe a nós compreender e viver exatamente no momento presente, esse eterno protagonista.
Olhos no presente, portanto. O fim de um ciclo nos convida a desapegar-nos dos percursos conhecidos, às vezes confortáveis, às vezes desgastados, e a apostar na renovação, com grandes expectativas, com alguma insegurança, e sabendo que o que vem não são apenas novos horizontes, mas também velhos obstáculos que a inércia sempre preserva. De qualquer modo, é hora antes de mais nada de sentir gratidão por tudo o que conseguimos, pela energia que nos fez chegar até aqui, por tudo o que aprendemos. Gratidão pelas oportunidades que surgem agora e que certamente nos obrigarão a lidar não só com aquilo que tivermos de enfrentar fora de nós, mas com as nossas próprias convicções, com nossos jeitos mais assentados de ver e de fazer as coisas. Hora de atentar para as mudanças externas, mas principalmente uma grande oportunidade de atentar ainda mais para o nosso interior, de fazer um grande esforço para preparar nosso ambiente interno de modo a poder contribuir com o que temos de melhor – e colher os frutos desse esforço.
E o que temos de melhor? Em meio ao nosso emaranhado de qualidades e defeitos, temos sem dúvida uma saída sempre segura e infalível: a compaixão. É ela que pode nos levar a ter o olhar mais centrado no outro do que em nós mesmos, a valorizar nossa disposição de tentar ver e entender melhor, e colocar sempre em questão nosso desejo de fazer prevalecer o que imaginamos já saber. Compaixão: a escolha de seguir com abertura de ânimo, com compreensão, com o coração disposto a acolher e a mente disposta a mudar o que precisa ser mudado em nós. É o ponto de partida mais seguro. É o que pode nos dar a força necessária para enfrentar da melhor maneira o ciclo que se inicia.
Gratidão e compaixão – esses são nossos votos para todos em 2019.