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Editorial

Encerrando um ano difícil

Editorial 149

Matéria escrita por:

Maria Angela Sanches Fessel

10 de nov de 2020

Créditos: OSTILL - Franck Camhi  Créditos: OSTILL - Franck Camhi

Estamos encerrando um ano difícil, com muitas perdas em todas as regiões da Terra – perdas de vidas, de empregos, de direitos, de matas e de espécies. O ano de 2020 ficará marcado por essas imensas crises – a ambiental, a da saúde, a econômica e financeira –, e por outra, implícita em todas essas e que afeta parte significativa da população do planeta: a insidiosa crise de valores, expressa na incapacidade de reverberar compaixão, empatia e solidariedade. E que sustenta uma violência disseminada e crescente.

Vimos este ano a destruição de áreas de preservação da flora e da fauna não somente no Brasil, mas em muitas partes do mundo, de forma intensa e assustadora, movida pela ganância e pela falta de consciência. A pandemia da Covid-19 ainda se estenderá. A muitos levará, e em outros deixará sequelas.

Um painel internacional de cientistas, a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), ligada à ONU, reviu as evidências sobre a relação entre a expansão de doenças infecciosas transmitidas de animais para pessoas e a biodiversidade. Sua conclusão é que as causas subjacentes das pandemias são as alterações ambientais globais que impulsionam a perda da biodiversidade e as mudanças climáticas, provocadas pela expansão e intensificação da agricultura e do comércio e pelo consumo de animais selvagens. Setenta por cento de todas as doenças emergentes no mundo, como ebola e zika, e de quase todas as pandemias (Influenza, HIV/aids, Covid-19) são zoonoses, ou seja, causadas por agentes que infectavam originalmente animais. O surgimento dessas doenças entre as pessoas está se acelerando. A manutenção desse paradigma inaugurará, infelizmente, uma era de pandemias, conclui o estudo.

Em meio a tantos desastres e sofrimento, também vivemos um momento de grandes oportunidades para rever nossos caminhos e escolhas e mudar nossos rumos, a partir de uma consciência mais bem trabalhada.

Portanto, o rumo de toda a vida que habita nosso planeta depende essencialmente de como conseguiremos aproveitar essas oportunidades e, a partir desse aumento de consciência, criar novas relações de trabalho, de parceria, de cultivo, de produção e de relacionamentos que tenham por base a noção de que todos estamos juntos, de que todos podemos aprender juntos, de que todos compartilhamos o mesmo planeta. E essas relações se iniciam naturalmente pelo respeito a todas as formas de vida, a começar pela vida de nossos pacientes, de seus tutores, de nossos colegas profissionais, de nossos familiares, de nossos vizinhos, de todos os nossos parceiros de trabalho e de existência em nosso dia a dia.

As leis de proteção animal que se intensificam trazem a mensagem de que a cada dia mais pessoas se conscientizam da importância da vida de cães e gatos de estimação. Esse aumento de consciência tem ainda um longo caminho até se expandir a toda a população, mas não deve se restringir a animais de companhia, pois tem conexões e implicações bem mais amplas e profundas. Os animais silvestres de nossa fauna e também os animais de produção são merecedores dos mesmos direitos, e zelar para que todas as espécies sejam contempladas por legislações justas continua sendo um grande campo de oportunidades para a expansão de nossa consciência.

Fechemos este ano empenhados no trabalho de ampliar nossa consciência para que no próximo possamos começar a introduzir a principal inovação capaz de gerar mudanças, que consiste em sermos mais amorosos, mais gratos, mais humildes, mais acolhedores, mais merecedores dessa oportunidade que nos foi dada – a vida.