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Editorial

E se…?

Editorial 160

Matéria escrita por:

Maria Angela Sanches Fessel

2 de set de 2022


O terço final de 2022 começou. Sobrevivemos à pandemia e às suas fortes repercussões, e estamos imersos num cenário nacional e mundial complexo. Mudanças. Escolhas a fazer, decisões a tomar. Poucos motivos para otimismo, garimpados entre as atribulações na esfera econômica, política, ambiental e dos valores. O véu que recobre o futuro fica mais denso. 

“E se…?” é uma das perguntas recorrentes. E se o desfecho da minha situação pessoal ou profissional for x? E se for y? A incerteza nos torna prudentes, mas também mais temerosos. Considerar as possibilidades nos obriga a levar em conta tudo o que pode dar errado. É precaução básica, mas às vezes paralisante. De tanto avaliar o próximo passo corre-se o risco de não sair do lugar. E o medo abre espaço também para a indecisão, o desânimo, a negatividade, o ressentimento pelo que não dá certo, a inconformidade com os obstáculos e a falta de apoio. Surgem a inveja, a raiva e o ódio, atitudes de exclusão do outro, busca de uma solução individual. Há emoções muito melhores a pôr no lugar, mas às vezes parecem não caber. A reação automática é culpar os outros, as circunstâncias, alimentar vibrações inferiores em relação aos demais seres. 

Diz a milenar sabedoria oriental que a saída é dar o primeiro passo. E este começa com um olhar atento às emoções que nesse momento estão ditando nossas escolhas. Se colocadas na mesa, examinadas com atenção, ao longo do dia, todos os dias, teremos um primeiro diagnóstico, honesto e corajoso, que contrarie nossa tendência de não reconhecer as próprias vibrações inferiores – aquelas que tão facilmente vemos nos outros. Não é fácil admitir certas emoções, certos “pecados”, especialmente nossa arrogância de acharmos que já sabemos, nossa recorrente indiferença pela opinião e pelo sofrimento do outro. 

A vida é uma sequência de oportunidades de escolhas, e estamos tendo grandes oportunidades. Situações de crise pedem escolhas amorosas e compassivas, vibrações inclusivas para com os demais seres, humanos ou não. É hora de vetar escolhas enraizadas no ressentimento e no egoísmo, em relações de exclusão. Precisamos criar espaço para o crescimento e o desenvolvimento mútuos. Precisamos estar atentos quanto ao combustível de nossos próximos passos. Cultivar a tranquilidade e buscar uma conscientização abrangendo todos os seres nos permite desenvolver sabedoria, abrir os olhos para nossa inter-relação com todas as formas de vida, para que nossas escolhas e decisões nos levem a mudanças que beneficiem a todos. Uma pergunta oportuna seria: “E se acreditarmos que é sempre possível encontrarmos juntos as soluções?” 

Feliz dia da médica-veterinária, do médico-veterinário, de todos os colegas. Vamos amorosamente encontrar soluções compassivas e inclusivas!!