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Tecnologia da informação cada vez mais presente

- novos desafios para 2021

Matéria escrita por:

Marcelo Sader

23 de mar de 2021

Créditos: archerix Créditos: archerix

O ano de 2020 será lembrado como um dos mais difíceis para a humanidade. A pandemia fez centenas de milhares de mortes, e promoveu mudanças profundas na vida das pessoas. Nesse cenário, a tecnologia da informação (TI) assumiu um papel importante em quase todos os setores.

Felizmente, o mercado veterinário foi um dos setores que menos sofreu. A relação entre animais e tutores revelou-se importante fonte de apoio emocional para lidar com o isolamento social. Com o distanciamento físico, os tutores passaram a usar serviços online para comprar suprimentos, acessar conteúdo técnico e contatar médicos-veterinários.

Os sistemas de gestão online ganharam destaque ao permitir a comunicação digital entre veterinários e tutores. Em certas situações, utilizou-se a telemedicina, para acompanhar casos clínicos ou para a troca de laudos e exames entre médicos-veterinários. As videoconferências, via computador, celular ou tablet, usam plataformas como Zoom (www.zoom.us), Skype (www.skype.com), Google Meet (meet.google.com), Microsoft Teams (www.microsoft.com/teams) e o Whereby (www.whereby.com). Tornou-se habitual usar mecanismos de ensino à distância com lives e palestras em vídeo no Youtube. A live pela internet geralmente é feita por Instagram, YouTube, Twitter e Facebook, onde os usuários podem fazer comentários, interagir, curtir e acompanhar as atividades dos demais. O YouTube criou o Super Chat, ferramenta que permite monetizar a transmissão, pois quem assiste à live pode enviar mensagens em destaque, fazendo uma doação de R$ 1 a R$ 500. Quanto mais alto o valor, maior o tempo de exposição do comentário durante a live. O mercado também oferece hoje várias ferramentas para transmissões simultâneas em diversas redes sociais, como o StreamYard (www.streamyard.com), de operação simples e fácil.

 

Desafios para 2021

É cada vez mais relevante que o profissional construa o próprio website, crie um canal no YouTube, interaja no Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn, e ainda faça lives periodicamente. Médicos-veterinários em início de carreira podem renunciar ao website e às lives, mas têm que manter suas redes sociais ativas. Já o gestor de um hospital veterinário ou de uma rede de clínicas deve investir mais energia em todos os canais digitais.

Ao planejar ações para 2021, devemos aprender com eventos que marcaram o ano de 2020. Nos Estados Unidos, o então presidente Donald Trump usou o Twitter e o Facebook para expor suas ideias, e no final do mandato foi banido do Twitter e teve canceladas suas contas no Facebook. Migrou para o Parler (https://pt.wikipedia.org/wiki/Parler), mas a Apple e o Google excluíram o aplicativo de suas lojas, e em seguida a Amazon desligou o aplicativo de seus servidores. Esses são eventos que mostram o caráter centralizado da maioria dos serviços de TI que consumimos. Cerca de meia dúzia de empresas dominam hoje todo o setor de tecnologia do planeta.

O site de uma clínica, o software usado para gerenciar prontuários e todas as ferramentas citadas acima estão hospedados em uma das quatro empresas que formam o oligopólio das chamadas Cloud Computing Big Techs (Amazon, Google, Microsoft e Oracle). Elas já mostraram que podem retirar do ar até o presidente dos Estados Unidos. São elas que estão no controle e decidem quem fica e quem sai, com critérios políticos, ideológicos ou comerciais. Não é raro ouvir relatos de pessoas que criaram um canal no YouTube, alcançaram milhares de seguidores e foram bloqueadas sob a alegação de desrespeito às regras. Quem consegue transformar seu canal no YouTube na principal fonte de renda deve ficar atento às regras da plataforma, e, se possível, procurar outra forma de monetizar seu trabalho na internet.

A medicina veterinária é área técnica e parece à margem de embates ideológicos, mas há um movimento de fusão de empresas em curso, e no futuro poucas empresas dominarão os nichos de mercado.

No Brasil há duas grandes empresas de varejo de produtos para animais de companhia: Cobasi e Petz. Em 2020, a Petlove captou investimentos e, depois de comprar empresas de TI como a Vet Smart e a Vetus, anunciou a fusão com a DogHero (www.doghero.com.br), criando um canal de vendas direto com mais de 1,4 milhão de animais cadastrados.

A VCA Animal Hospitals é outro exemplo dessa tendência. Com sede em Los Angeles, ela opera hoje mais de mil hospitais veterinários nos Estados Unidos e no Canadá. Em 2004, comprou a Sound Technologies, que fornece equipamentos de radiologia e ultrassom digital para hospitais veterinários. Em 2009, adquiriu a empresa de diagnóstico por imagem Eklin Medical Systems e, em 2014, a creche para cães Camp Bow Wow, com cerca de 140 franquias nos Estados Unidos. Em 2017, a Mars Inc., gigante da área de nutrição de pets, com marcas como Pedigree®, Royal Canin®, Whiskas® e Sheba®, comprou a VCA por US$ 9,1 bilhões. Em 2018 a VCA entrou oficialmente no Brasil ao adquirir 50% do Pet Care Hospital Veterinário 24h.

 

Sistemas descentralizados 

No final de 2020, um fato importante no mercado financeiro passou quase despercebido pelos médicos-veterinários: O Bitcoin bateu mais um recorde, sendo cotada a pouco mais de US$ 36.000,00, ou cerca de R$ 190.000,00. No início de janeiro a cotação subiria ainda mais.

O Bitcoin é uma criptomoeda digitalizada, baseada na tecnologia Blockchain. Ele é descentralizado, ou seja, não há um servidor único centralizando as operações desse ativo. Sua existência não depende da vontade das grandes empresas de tecnologia e tampouco está sujeita a regulamentação de nenhum governo.

É bom ficar atento às iniciativas baseadas em um modelo descentralizado. Quando uma única empresa tem acesso aos dados de tutores e de seus animais, além dos de médicos-veterinários, o poder de interferência nas regras de negócios é diretamente proporcional ao porte de sua base de dados.

Os modelos centralizados de computação são similares aos oligopólios de empresas, nos quais algumas pessoas detêm o poder de alterar regras que afetam a vida de milhões de pessoas. Em contrapartida, os sistemas descentralizados são autônomos e podem transformar a maneira como as pessoas se relacionam e fazem negócios. Os eventos ocorridos em 2020 catalisaram muitas transformações, e talvez essa migração para sistemas descentralizados seja uma das mais importantes na área de TI.

 

Referência

1-Investopedia – Blockchain Explained: https://www.investopedia.com/terms/b/blockchain.asp