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Editorial

Adeus, 400 mil vezes

Editorial 152

Matéria escrita por:

Maria Angela Sanches Fessel

13 de maio de 2021


É inevitável continuar falando dessa triste realidade. Ela afeta cada um de nós em grau diferente, a alguns como ameaça, transtorno da vida, infortúnio superado, a outros com a perda de alguém. Um adeus. Como ocorreu com mais de 400 mil famílias, até agora. Um número que poderia ter sido bem menor. Um adeus a pais, mães, primos, irmãos, filhos, vizinhos, tutores, amigos, colegas, companheiros, meros conhecidos. Um adeus repetido mais de 400 mil vezes.

Luto, tristeza, incerteza, medo, indignação, choro, desespero. Três entre quatro brasileiros tiveram essa trágica experiência bem próxima. Vítimas de autoenganos, de desorientação, má orientação, irresponsabilidade social ou da inércia de autoridades que priorizaram outros interesses em lugar da saúde pública. Que poderiam ter feito melhor. Muito melhor, ou, pelo menos, ter evitado investir contra o bom senso e a ciência.

Uma tragédia também reveladora. De um lado, uma linha de frente formada por pessoas com um mínimo de clareza, caráter, decência, responsabilidade social, empatia, compaixão e solidariedade, com destaque para as equipes médicas, há mais de um ano no corpo a corpo com o problema, com risco de morte. E, de outro lado, a falta de tudo isso, a cegueira de quem não quer ver. Ou a quem não interessa ver.

Que a tragédia nos faça valorizar ainda mais o caráter, a coragem, a responsabilidade social e a empatia pelo próximo de alguns, e a dizer não à leviandade, à negligência, à inconsequência e à falta de preocupação social de outros. Somos vítimas não só do vírus, mas da falta de visão e de responsabilidade social. Tanto de quem poderia valorizar o simples ato de usar uma máscara quanto daqueles que poderiam ter cumprido sua responsabilidade, mas se eximiram disso. Quatrocentas mil mortes. E elas não causaram impacto suficiente para nos mobilizarmos efetivamente a fim de interromper isso. Algo precisa mudar, pois como estamos logo chegaremos a 500 mil, 600 mil. Ou mais. Algo precisa mudar.