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Editorial

A medicina veterinária e o amor

Editorial 154

Matéria escrita por:

Maria Angela Sanches Fessel

3 de set de 2021


Nas nossas conversas, no nosso convívio social, no ambiente profissional, no dia a dia, circulam livremente conceitos e valores inegavelmente importantes, como os de dedicação, competência, conhecimento, apuro tecnológico. Eles são sempre bem acolhidos e valorizados, seja para incentivar nosso trabalho, seja até como argumentos publicitários convincentes. Ao lado desses valores positivos, temos à nossa volta também uma série de manifestações de violência em todos os níveis – relacional, político, econômico, social. No noticiário e na indústria do entretenimento, o que mais vemos são violências de todo tipo – tiros, explosões, mortes e perversidades as mais variadas. Em contraste com tudo isso, falta espaço e chega até a haver certo pudor em manifestar e de falar de amor, gratidão, empatia, compaixão, respeito, compartilhamento, generosidade.

A medicina veterinária, como tantas outras profissões, nos oferece oportunidades para exercitar, contribuir, aprender e melhorar toda essa gama sentimentos. Atendemos, cuidamos, tratamos. Se conseguirmos extrapolar essa empatia, essa compaixão, esse respeito e esse amor que temos pelos animais para os seus tutores e suas famílias, e também para as demais pessoas com as quais convivemos, no bairro, no ambiente de trabalho, veremos que sempre há uma oportunidade para exercitá-las. E que podemos com isso ampliar nossa capacidade de interação com o mundo dentro de uma óptica diversa da que geralmente nos é proposta. Ou imposta.

Se tivermos atenção e essa intenção para com as demais formas de vida, a natureza e o planeta, conseguiremos criar uma relação com o que existe a partir de um lugar interior mais pleno, ampliando nossas percepções e expandindo a empatia, o respeito e o amor que hoje julgamos ter em medida suficiente para que ocupe todo o nosso campo vital.

Todos os dias nos são dadas oportunidades de escolher entre ser ou não compassivos. Podemos demonstrar condescendência para com o quadro geral de alheamento, indiferença, insensibilidade e violência que nos é apresentado, ou então buscar ativamente uma conexão com o nosso núcleo empático, amoroso, respeitoso. Se aproveitarmos as oportunidades que nossa profissão oferece, estaremos contribuindo para uma “ecologia de sentimentos” solidária e humana no melhor sentido, com gratidão pelos caminhos e desafios que trilhamos e aproveitando as experiências que surgem para, acima de tudo, exercitar o amor, em lugar da indiferença e da aceitação passiva de formas cada vez mais disseminadas de violência – sutil ou ostensiva. O momento nunca pediu tanto atitudes como essas, positivas e medicinais, compassivas e corajosas. E extremamente lúcidas.

Que todos consigamos celebrar a nossa profissão neste 9 de setembro vibrando amor, compaixão e empatia, para buscarmos nos tornar seres humanos plenos em todos os nossos potenciais.