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Editorial

Aquecimento global e mudanças climáticas

Editorial 170

Matéria escrita por:

Maria Angela Sanches Fessel

8 de maio de 2024

Créditos: cabuscaa Créditos: cabuscaa

Até quando as pessoas continuarão a agir como se isso não estivesse acontecendo?

 

O planeta tem mudado aceleradamente nas últimas décadas. Tragédias mais que anunciadas se sucedem por todos os continentes, diariamente, e milhões de pessoas, alheias a isso, não se dispõem a mudar e ajustar suas atitudes e contribuir para evitá-las.

Degelo de glaciares, inundações, secas e desertificações, incêndios florestais, escassez de água potável, tornados e furacões, extinção maciça de espécies, fome, destruição. Uma avalanche de informações alarmantes, e diante delas a maioria não consegue sequer separar lixo para reciclagem. Falta sensibilidade até para absurdos de proporções ainda maiores, como as guerras e a grande escala na produção de armamentos, a derrubada incessante de florestas e as pescas de arrasto em oceano profundo, para citar poucos dos muitos outros absurdos.

As novas gerações crescem em meio a esses horrores de final dos tempos, mas o que vemos quase sempre são jovens adultos sem propósitos, mutilados emocionalmente, desprovidos de esperança, apegados às telinhas sedutoras de redes sociais, em busca da anestesia de suas ilusões prediletas.

O faz de conta infantil invade também a vida dos adultos, independentemente de cultura, classe econômica ou país. A massificada ilusão da telinha toma conta do planeta, e a humanidade fecha os olhos para as questões básicas da própria sobrevivência e da sobrevivência da vida.

Pouca gente parece se importar, e as novas gerações aumentam a horda dos que acreditam que não há mais o que fazer. Niilismo e depressão infiltram-se como uma epidemia. Aqueles que buscam soluções, que nutrem esperanças e procuram contribuir, nadam com esforços redobrados no mar da indiferença generalizada e das correntes de ódio, ressentimento, egoísmo e falta de compaixão.

Temos visto nesta década a água potável desaparecer. Os aquíferos se esgotam, e as previsões são tenebrosas para o final já desta década. Países como o Chile – nosso vizinho – já sofrem com regiões inteiras desertificadas. Tempestades e enchentes atingem proporções nunca vistas, em regiões despreparadas para lidar com situações de desastres. Incêndios da Europa à Austrália, do Brasil aos Estados Unidos, dizimam espécies endêmicas e não endêmicas, mas todo esse banco genético se perde.

Passou muito da hora de a humanidade acordar e agir. Não cabem mais medidas paliativas e pequenas mudanças. Somos levados pela enxurrada das mudanças climáticas e continuamos agindo como se não fosse conosco. Não há outro planeta. A Terra é nosso único e possível lar, mas em vez de mostrarmos gratidão por essa mãe que tanto nos provê, agimos como crianças ou adolescentes mimados, fantasiando morar em qualquer outra casa que não seja a da mamãe – ou, como sugerem alguns, em outro planeta. Envolvidos numa precária fantasia da liberdade, fechamos os olhos a uma realidade que nos direciona ao precipício.

A medicina veterinária, como tantas outras profissões, pode contribuir muito, mas seus profissionais têm que abrir mão de crenças ultrapassadas, da acomodação que elas podem trazer, e atuar proativamente como formadores de opinião. O acesso que os médicos-veterinários têm a tantas famílias faz deles um canal vital para levar informações não só sobre doenças de animais, inclusive as zoonoses, mas sobre a grande doença que aflige a Terra, e como cada um pode ser um agente para curá-la. 

O tempo de aguardar já passou há muito por baixo das pontes, já derrubadas por sucessivas enxurradas. Muitos têm feito e continuam fazendo, mas a situação requer que muitos, mas muitos mais, se disponham a mudar suas crenças e ações, e que passemos todos a lidar de outra forma com a natureza e o planeta.

Não basta separar o lixo – algo que a maioria ainda não faz – ou compostar os restos dos alimentos. Nem apenas doar alimentos ou roupas velhas. É preciso muito mais. Cabe repetir: É preciso muito mais. E com extrema urgência.