Vivemos tempos excepcionais, de mudanças imprevistas e de grande impacto, com toda sorte de incertezas pela frente. É natural que nessas horas nosso primeiro impulso seja agarrar -nos àquilo que vemos como minimamente conhecido, sólido e seguro. Afinal, ninguém tem ideia clara do perfil que irão assumir a economia e a sociedade, para não falar das nossas próprias atividades, da nossa própria vida.
Envolvidos numa pandemia trazida por um vírus esquivo aos nossos olhos e aos nossos meios de combatê-lo, temos diante de nós um cenário nebuloso, encerrados numa quarentena que nos limita a um círculo restrito, à esfera mais imediata de nossa casa e também para dentro de nós mesmos. No entanto, talvez esse seja justamente um dos poucos desdobramentos positivos dessa pandemia – esse olhar para dentro que nos leva a contemplar nosso cenário interior.
É mais do que esperado que se manifeste agora, junto com nossas incertezas e receios, um sentimento de compaixão. Como ficar insensível diante do luto por tantas vidas perdidas, em meio a tantas famílias em sofrimento, a tanta desesperança e medo? Como não perceber e admirar a coragem e o desprendimento de todas as equipes médicas dedicadas a combater na linha de frente da pandemia e das muitas pessoas obrigadas a pôr em risco a própria vida para prover seu sustento e manter os serviços essenciais em operação, muitas vezes sem as condições que poderiam ser oferecidas a elas?
O fato de sermos convidados a olhar mais para dentro de nós e para o outro nos faz constatar que, apesar de tudo o que afeta nossa vida, ainda estamos em condições muito mais favoráveis que a grande maioria. No limite, ainda estamos aqui – não fomos ceifados como as dezenas de milhares de nossos iguais que não tiveram a mesma sorte. Portanto, talvez o sentimento mais legítimo a acolher e manifestar seja a gratidão. Ela é que pode lançar uma luz positiva sobre tudo isso e constituir o melhor remédio para evitar a depressão e outras consequências nefastas destes tempos de tanta intensidade. A gratidão nos nutre e fortalece, a gratidão nos impulsiona e nos ampara.
Neste 2020 em que celebramos 25 anos de atividade contínua, somos muito gratos por todas as possibilidades de contribuir para a medicina veterinária que nos foram oferecidas ao longo deste quarto de século da nossa revista.
Somos muito gratos pelas oportunidades de trabalhar informações com empenho e carinho e levá-las a tantos colegas de todos os pontos do país e também das Américas, contribuindo dentro de nossas condições para ampliar horizontes e revelar possibilidades.
Somos muito gratos a todos os autores que têm contribuído com seu desejo de oferecer aos colegas suas experiências, seu tempo e sua dedicação. Somos muito gratos aos consultores que têm oferecido sua competência, seu tempo e sua dedicação.
Somos muito gratos a todos os anunciantes que vêm acreditando em nosso trabalho e dando sua contribuição essencial para levar o conteúdo aos nossos leitores.
Somos particularmente gratos a todos os leitores que ao longo desses anos vêm nos estimulando e permitindo que compartilhemos os resultados do nosso trabalho.
Nestes 25 anos, traçamos este caminho juntos em épocas bem mais tranquilas. Esperamos que agora aquilo que nos moveu e nos manteve nessa trajetória conjunta possa ser ainda mais valorizado e fortalecido, para podermos enfrentar estes tempos turbulentos e continuar, com compaixão e gratidão, fazendo a nossa parte para o aprimoramento da medicina veterinária e das nossas atribuições.