Na última edição da revista Clínica Veterinária, concluímos nosso artigo de gestão com as seguintes ideias: “Todas essas ponderações nos levam a concluir que a nossa sobrevivência a esta grande crise e a nossa participação na bonança dependem menos dos outros do que de nossas próprias escolhas de vida e de trabalho. Mas, afinal, será que temos mesmo consciência da razão da nossa existência aqui na Terra? Esta grande pandemia nos oferece a grande oportunidade de refletir sobre tudo isso e de perceber finalmente com maior clareza como é equivocado pensar e fazer as coisas apenas para si. O mundo nos mostra agora, com toda a evidência, o quanto é crucial contribuir para o bem geral e fazer todo o esforço possível para deixar aos nossos descendentes o legado de um planeta saudável. Esta crise certamente continuará a nos fazer enfrentar situações muito difíceis, mas também pode proporcionar ao mundo um ganho de consciência que chega em muito boa hora”.
A reflexão e a compreensão das ideias acima – ou seja, de que em resumo a nossa sobrevivência a esta grande crise depende menos dos outros do que de nossas escolhas de vida e de trabalho – nos transportam de modo inevitável para um segundo estágio, de enfoque mais prático: “O que fazer? Como fazer? Com quem contar?”, ou seja, quais são as medidas que devemos começar a tomar para efetivamente realizar, construir, implantar e materializar a nossa contribuição?
Antes, porém, de arregaçar as mangas e partir para o aspecto concreto, é preciso dar um passo essencial: trabalhar nossos sentimentos e desejos. O passo principal consiste em abrigar e nutrir um profundo sentimento de amor, pois só ele nos permite criar uma sintonia com as vibrações do universo. Isso obviamente começa por um exame honesto e sincero de nosso interior e por uma atenção constante para podermos separar o joio do trigo, isto é, para nos desapegarmos dos sentimentos negativos, fazê-los perder força e importância, e abrir com isso um espaço maior para a presença desse sentimento amoroso. Trata-se de um trabalho paciente e determinado, que tem como resultado aumentar o número de pessoas que baseiam a vida na compaixão pelo próximo e que irá engajar um número cada vez maior de pessoas no mesmo objetivo. Com isso, essas ondas de amor se tornarão mais poderosas e passarão a viajar por toda parte, contribuindo para que a paz mundial se torne uma realidade.
O primeiro passo para irradiar esse sentimento de amor é ter uma profunda gratidão por tudo, por todos os acontecimentos da nossa vida, tanto os bons quanto os ruins, já que estes últimos são os que mais nos ajudam a aprender, corrigir e alimentar as qualidades necessárias para tomarmos o melhor caminho na vida.
Aos poucos, nosso esforço renderá frutos e nos fará mudar o foco do amor, para que fique menos concentrado em nós próprios e se volte para o próximo. Para isso, temos que manifestar amor por todos os que nos cercam e envolver com uma aura amorosa tudo o que fazemos, seja na profissão, na família, na sociedade ou nas nossas relações com todas as pessoas com as quais convivemos.
Existe uma correlação invisível, quase mágica, entre a gratidão e o amor. Embora o invisível seja sentido pelo nosso corpo mental e físico, a gratidão por tudo, por todos os acontecimentos na totalidade da nossa vida, nos permite a conexão com o mundo espiritual e nos faz interagir com ondas de vibrações muito mais sutis e elevadas do que as que nos conduzem normalmente. Elas podem então ser captadas pela mente e se refletir e se espalhar pelo nosso corpo físico, pelas nossas células, regenerando-as e dando-nos mais vitalidade e melhores condições para usufruir uma vida saudável e prazerosa.
Assim, apesar de exigir atenção e esforço constante, a reorientação de nossos sentimentos se assenta num segredo muito simples: manter o coração sintonizado com este profundo sentimento de gratidão e amor. Essa é a chave que abre o caminho para uma vida mais consciente, mais plena e mais feliz, com saúde, harmonia e prosperidade.
Então, sim, envolvidos nesses sentimentos de gratidão e amor, poderemos arregaçar as mangas, produzir e enfrentar as grandes transformações e reorientações que temos pela frente. Com um enfoque novo, saberemos de que maneira contribuir, recriar e materializar um novo modelo econômico e de convivência que está sendo proposto a partir do imenso impacto do Codiv-19 e que está em nossas mãos ajudar a cultivar.