O trabalho tem um sentido próprio para cada um de nós, que depende em boa medida do ponto de vista que adotamos e do que ele representa para cada um. Podemos encarar o trabalho como:
• a atividade exercida pelos seres humanos para a transformação do mundo ao seu redor;
• em sua dimensão ontológica, está ligado à realidade que o ser humano, por meio dele, cria de maneira livre e consciente;
• oferece a possibilidade de passar da mera existência orgânica para a sociabilidade;
• é fonte de humanização e realização individual e social, que diferenciam o ser humano dos outros animais.
Na perspectiva da espiritualidade, o trabalho é parte da criação do universo, tanto quanto a criação do ser humano. Foi criado para exercermos atividades voltadas ao desenvolvimento da humanidade, à construção de uma civilização paradisíaca, capaz de contemplar a natureza exuberante, com tecnologias orientadas à promoção do bem-estar e do conforto de todos os seres, para que possam se relacionar com uma elevada espiritualidade.
O trabalho também tem que ser prazeroso, gratificante, realizador, e é por isso que foram dados a todos os seres humanos talentos individuais. Um trabalho exercido como um canal para o florescimento desse talento se traduz em entregas primorosas, feitas com amorosidade e dedicação.
A conciliação de todos esses conceitos permite a compreensão de que o trabalho é sempre direcionado e entregue a outro ser humano, e que irá gerar nele satisfação e alegria.
Por isso vale a pena fazer uma reflexão e avaliar se o trabalho que exercemos faz real sentido para nós como propósito de vida, se de fato contribui para o desenvolvimento da humanidade. A reflexão e as respostas que ela nos oferece determinam muitas vezes uma correção de rumo que pode dar novo sentido e trazer uma nova luz à nossa vida.
Vale a pena, portanto, refletir sobre algumas questões. Como estamos entregando o nosso trabalho? Trabalhamos pensando em causa própria ou nas pessoas às quais o entregamos? Qual a nossa vibração durante a elaboração e a entrega do trabalho? Fazemos as coisas “no automático”, com operações do tipo “copiar e colar” (como um robozinho), ou procuramos colocar no nosso trabalho sentimentos e intenções direcionados às pessoas que os recebem?
Já se falou muito, e das maneiras mais variadas, a respeito da lei da atração ou da física quântica, que alguns também associam à lei do carma. Essas noções se mostram extremamente verdadeiras em muitas situações da vida. Em essência, essa lei trata de nossas relações com o mundo, com os outros, e pode ser resumida como: “Recebemos aquilo que emanamos”. Assim, se o trabalho tem a intenção de fazer o bem ao próximo, com amor, gratidão e harmonia, isso rapidamente se concretiza por recebermos de volta a aceitação, a aprovação e a satisfação daquele a quem era destinado. O inverso também é verdadeiro: se o que fazemos tem a intenção de satisfazer nossos desejos, ganhos, etc., incorporando apenas esforço físico e mental, mas sem vibrações e sentimentos positivos, será bem mais difícil obter aceitação e aprovação por nosso trabalho.
A humanidade vivencia um momento histórico crucial. Há uma prevalência cada vez mais ampla da espiritualidade, como se estivesse sendo feita uma “seleção natural” entre os seres humanos, uma discriminação mais clara entre os que buscam harmonizar-se com as vibrações mais elevadas do universo e aqueles que não se harmonizam por estarem apegados às vibrações de frequências mais baixas e primitivas.
Essa harmonização do ser humano com o universo envolve práticas e condutas apoiadas em sentimentos virtuosos de elevada frequência, como amor, gratidão, compaixão, perdão, respeito, aceitação e humildade, evitando as baixas frequências de não harmonização, como ressentimento, mágoa, ódio, rancor, inveja, preocupação e ansiedade.
Cabe a cada de um nós estar atento a essas práticas de conduta em nosso trabalho, que podem impregná-lo de forma positiva ou negativa. É de extrema importância acompanhar nosso trabalho diário com uma reflexão e uma reavaliação constantes dos sentimentos presentes na forma de desenvolvê-lo e entregá-lo. Trata-se em boa medida de ressignificar nosso propósito de vida, a intenção que vem lá do fundo da alma, procurando direcionar o trabalho em prol das pessoas e do desenvolvimento da humanidade, em vez de orientá-lo exclusivamente em causa própria. São imensos os ganhos obtidos ao desenvolver o nosso trabalho com as virtudes mais esmeradas com as quais formos capazes de criar sintonia.
