A convulsão trazida pela Covid-19 – social, econômica e humana – nos defronta com exemplos radicalmente opostos, desde a extrema dedicação de alguns para salvar vidas à total indiferença de outros pelos que se foram ou com os cuidados básicos que poderiam minimizar essas perdas. Os que sobrevivem têm grande oportunidade de ampliar qualidades como a compaixão, a empatia, a solidariedade, o companheirismo. O sentimento mais bem-vindo, pois pode lançar luz sobre nós e nos tirar do caos, é a gratidão. É a partir dela que podemos começar a buscar maior consciência para desenvolver e aprimorar nossas qualidades.
A arte da gratidão é a arte da felicidade. Podemos despertar a gratidão por tudo aquilo que temos à nossa disposição e que falta a tanta gente, como a condição de suprir nossas necessidades básicas, de desfrutar de saúde e sobreviver à pandemia. Gratidão pelas benesses, mas também pelas situações contraditórias e difíceis que vivemos, pela grande oportunidade de aprender a respeito de nós mesmos. Há mais de um ano, o tema onipresente da pandemia deixa evidente para todos a questão básica do nosso tempo: a posição que assumimos no mundo, a responsabilidade em relação a nós mesmos, à nossa família, ao nosso grupo social, ao nosso país, ao próprio planeta e à sobrevivência da vida nele.
Em meio a tantos solavancos da realidade, a maioria ainda tenta manter o equilíbrio fechando-se no egoísmo, cobrindo os olhos e fingindo não ver. Viver em harmonia com o mundo exige o oposto disso – um esforço constante para afastar da mente tudo aquilo que não corresponde à verdade e para ter coragem de aceitar a realidade. A gratidão, a grande porta para perceber e valorizar aquilo que temos, é o que nos faz ver o quanto fomos agraciados e nos levar a querer retribuir e compartilhar. A gratidão é a essência da arte de viver, e, como qualquer arte, pode ser desenvolvida e aprimorada.
Neste momento de tantos aprendizados, todos os membros da nossa equipe somam forças ao empenho de tantos outros – consultores, parceiros, autores e leitores – para agradecer e firmar nosso compromisso de extrair de nossa experiência nesses 26 anos a energia para continuar cultivando a arte da gratidão.
Estamos na 150ª edição, o que por si só é um feito a celebrar e agradecer. Entramos no 26º ano da revista com um grande passo, fruto do trabalho e da dedicação de tantos. Conseguimos adicionar à revista o DOI (Digital Object Identifier), sigla em inglês para Identificador Digital de Objetos. Esse identificador, ou código alfanumérico individual, é usado em diferentes publicações científicas e depositado em trabalhos ou artigos científicos, garantindo que estejam sempre disponíveis para consultas. O código DOI, utilizado nas plataformas Lattes e Orcid, é internacionalmente reconhecido e confere legitimidade às publicações.
A conquista do DOI para os artigos da revista Clínica Veterinária vem retribuir e estimular o empenho dos autores na realização de seus trabalhos em prol da ciência brasileira, que tanto está precisando de apoio nestes momentos que beiram a insanidade. O DOI aumenta ainda mais nossa responsabilidade, e é mais um motivo para sermos gratos pela fé em nosso trabalho.
Gratidão, gratidão, gratidão. Pelas conquistas, pelas oportunidades, por podermos contribuir todos esses anos, cada vez com mais disposição e empenho.
Todos temos ainda um grande aprendizado pela frente. Nosso desejo é fazer dos desafios oportunidades para desenvolver ainda mais a gratidão e o compromisso com a verdade, extrair lições para o florescimento de nossos talentos, praticar a humildade até torná-la natural e melhorar nossa compreensão do mundo e nossa responsabilidade em casa, na profissão, no país e em relação ao planeta.