2025 será um ano de comemorações, mas os preparativos começam agora!

Menu

Clinica Veterinária

Início Edições Editorial Oportunidade de reorganização em meio ao caos
Editorial

Oportunidade de reorganização em meio ao caos

Editorial 151

Matéria escrita por:

Maria Angela Sanches Fessel

3 de mar de 2021

Créditos: OHishiapply Créditos: OHishiapply

Há alguns anos, poucos seriam capazes de imaginar que teríamos hoje um cenário tão caótico como o atual. Vivemos uma época de acentuada radicalização política, em nível global e nacional, com o ressurgimento de posições conservadoras e autoritárias nos costumes e nas relações sociais. O poder se fragmentou; as velhas agremiações políticas se descaracterizaram; cresceu muito a pressão dos grandes grupos econômicos, e há também maior intervenção de grupos que não eram tão presentes no processo – Forças Armadas, organizações religiosas, setores do Judiciário, empresas de mídia e até milicianos. Vemos a desarticulação dos organismos voltados à preservação da saúde e da pesquisa científica, o descaso com o meio ambiente e com a proteção aos direitos humanos e de grupos vulneráveis. A ação política concentrou-se nas mídias sociais, com o bombardeio de narrativas oportunistas e fake news, a destruição de reputações e o enfraquecimento de instituições e de princípios de convivência e de compreensão da realidade. Um cenário convulso, nebuloso e impensável há alguns anos. E, como se não bastasse, coroado pela pandemia da Covid-19, com seus milhões de mortes e a inconcebível apatia dos que poderiam ter sobre ela uma ação efetiva.

O horizonte se apresenta indefinido e em plena transformação. Um horizonte em que especialmente a morte desempenha papel tão presente. No caos há destruição. E é o que estamos vendo. Abrem-se brechas, queimam-se pontes, desfazem-se vínculos, perde-se muita coisa. Por outro lado, o momento oferece a possibilidade de uma grande reformulação das relações pessoais, sociais, econômicas e de trabalho, para o bem ou para o mal. Nós nos questionamos sobre o que fazer diante de tudo isso. O que nos cabe agora, antes de tudo, é procurar enxergar, com a serenidade e a isenção possíveis, o que de fato está ocorrendo. E então fazer o esforço de redefinir, de reconstruir em outras bases o que estiver ao nosso alcance. A começar por nós mesmos. 

Estamos há um ano sofrendo os efeitos da pandemia, e ainda nos sentimos no meio do terremoto. Há retrocessos que nos fazem lamentar muito, mas eles têm também a função de nos tirar de nossa zona de relativo conforto, de nos empurrar em direção a um papel mais ativo. Depressão se cura com esperança. Há retrocessos, mas há avanços – as duas coisas relacionadas, o tempo todo. Mortes e renascimentos, desastres e oportunidades de aprendizado reais e preciosas. Houve um aumento no abandono de animais na atual fase da pandemia, mas as corridas de galgos foram proibidas no Rio Grande do Sul. Temos negligência e apatia no comando da Saúde em nosso país. Mas temos um contingente enorme de profissionais de saúde com uma dedicação e uma competência que são talvez o melhor exemplo daquilo que mais precisamos nesse momento: compaixão, olhar para o outro, acreditar que podemos fazer a diferença, apesar de rodeados de mortes, aflição e descaso.

Temos um caminho a percorrer agora, reavaliando relações, ajustando nosso posicionamento profissional e a nossa atuação pessoal e empresarial. É em meio à precariedade e à falta de visão humanitária – que infelizmente se mostra tão evidente em nosso país – que teremos de encontrar o melhor caminho, definir nossa ação mais efetiva. Talvez seja essa a grande lição, a grande oportunidade. Aprender a celebrar e agradecer pela oportunidade que esse momento tão inusitado e dramático nos oferece. Aprender, em meio a mortes e hospitais lotados, em meio ao descaso e à inconsciência de tantos, a redobrar a atenção que dedicamos aos nossos pensamentos e às nossas vibrações, àquilo que somos capazes de emanar e de fazer. Contrapor a esse cenário nebuloso a nossa fé, a nossa crença no ser humano, a nossa gratidão pela vida que palpita em nós, com pensamentos positivos e foco, com programação neurolinguística, com meditação, reflexão e ampliação de nossa consciência, com o que tivermos ao nosso alcance para trilhar melhor a estrada que nos coube. Dentro de nós e ao nosso redor. Por nós e pelos outros seres.